WOM Report – Yes @ Sagres Campo Pequeno, Lisboa – 30.04.24
Foi no dia 30 de Abril que se deu o regresso tão aguardado (e ansiado) dos Yes ao nosso país, a primeira data europeia da sua digressão “The Classic Tales Of Yes Tour” que teria então início na capital portuguesa. O entusiasmo era palpável por um público que deu logo conta desse mesmo entusiasmo assim que o quinteto entrou em palco. O propósito desta digressão era tocar alguns dos temas mais obscuros da sua discografia assim como também revisitar o clássico “Tales From Topographic Oceans”. A abertura deu-se com “Machine Messiah”, o tema mais memorável do não tão memorável “Drama” que foi muito bem recebido ao longo dos seus dez minutos de duração. Um épico que serviu também para estabelecer o ambiente que seria vigente para o resto da noite.
Apesar dos clássicos serem o grande chamariz, como “Going for the One” e “I’ve Seen All Good People”, foram intercalados por outros mais recentes como “It Will Be a Good Day (The River)” e “Cut From the Stars” que se enquadraram bem e não se fizeram sentir nenhuma quebra quer na recepção por parte do público quer na qualidade em si. Steve Howe impressionou pela sua jovialidade, como se fosse um miúdo traquina com a guitarra maior que o seu corpo. Jovialidade que acompanhou também os dedos, sempre a tocar aquelas notas mágicas. Quem também impressionou foi Jon Davison, pela sua voz que não fica nada a dever ao inesquecível timbre de Jon Anderson.
A comunicação inicialmente foi feita sobretudo por Howe, onde chegou a partilhar antes da “Time And A Word” como a irmã lhe tinha oferecido uma guitarra muitos anos atrás sem saber, e sem ele próprio saber até muito mais tarde, de que se tratava de uma guitarra portuguesa. Já Jon Davison surpreendeu ao dirigir-se ao público em português e pedindo desculpa pelo sotaque brasileiro. Surpresa também foi o intervalo não anunciado que surgiu após a “Turn Of The Century” e que levou alguns membros do público a abandonar o recinto. Acabou por vir alguém por parte da banda a pedir desculpa por não ter sido anunciado o interlúdio e que a banda regressaria em poucos minutos.
Como prometido, foi cumprido, com a segunda parte a ter como grande chamariz um gigantesco medley composto pelos quatro temas do já mencionado “Tales From Topographic Oceans”, uma forma inteligente de homenagear o trabalho e também apresentá-lo de forma refrescante, condensando oitenta minutos de música em cerca de vinte. Para o encore ficariam os temas incontornáveis “Roundabout” e “Spaceship Trooper” – talvez pudesse ser alegado que “Owner Of A Lonely Heart” seria também um desses, no entanto, tendo em conta o espírito da noite, e mesmo sendo provavelmente bem recebido, seria soar deslocado, sem sombra de dúvida. Fechar com chave de ouro, com “Roundabout” a ser o tema mais celebrado da noite e “Spaceshipt Trooper” a continuar a ter igual impacto em relação à primeira vez que o ouvimos, sobretudo o fantástico solo final. Uma passagem memorável e uma oportunidade única que um Campo Pequeno bem composto não desperdiçou.
Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
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