WOM Review – Siena Root / Jack Harlon & The Dead Crows / Vaya / Michael Alan
Siena Root – “Revelation”
2023 – Atomic Fire
Desde a primeira vez que vimos os Siena Root, no saudoso Reverence (na sua encarnação final em Santarém) que foi amor à primeira vista e audição. Com aquele rock retro cheio de power a conseguir-nos convencer que nascemos mesmo na década errada e com uma energia contagiante, ficaram logo registados no nosso radar. Assim como, a aproximação deste “Revelation”, ficamos logo de ouvidos levantados. A capa mostra logo que não modernizaram o seu som, o que é um excelente ponto de partida. Mais orgânicos que nunca, a particularidade de “Revelation” é a forma como vai até beber ao espírito mais prog e folk que era muito comum na década de sessenta na cena sueca. Aliás, assumidamente a banda aqui revela as suas raízes e estas manifestam-se por um raio bem largo de influências que vai muito mais para além do rock, que continuamos a ter aqui bem representado. É por isso talvez inesperado, mas não menos interessante. Muito pelo contrário, um trabalho que facilmente vamos absorvendo. Excelente regresso de uma excelente banda.
9/10
Fernando Ferreira
Jack Harlon & The Dead Crows – “Hail To The Underground”
2023 – Blues Funeral Recordings
Poderão pensar… quem raio é Jack Harlon? E quem são os The Dead Crows? Bem a resposta mais simples é mesmo dizer que são a representação australiana do psych rock cheio de fuzz. Uma viagem interminável à psique da mente humana quando esta está sob o efeito de alucinogénios. Este é o terceiro álbum da banda após dois álbuns bem promissores. No entanto, apesar deste poder ser sentido como o seu terceiro álbum, a verdade é que é um álbum de covers onde a banda assumiu a posição de gravar temas que gostavam, mas que acharam que as versões originais mereciam melhores condições. Temos então rendições de músicas dos Melvins, Butthole Surfers, Joy Division, Bauhaus entre outros. A parte curiosa é que não se sente como tal, não se sente como um álbum de covers, podendo muito passar como um álbum de originais da banda, tal é a forma uniforme que o seu tratamento deu a bandas e temas tão distintos. Recomendadíssimo.
8.5/10
Fernando Ferreira
Vaya – “ Brutal – Live In Japan 2022”
2023 – Edição de Autor
Não sei se isto se pode considerar um álbum ao vivo, porque foi transmitido, tanto quanto sei, em stream e não sei se terá edição física. De qualquer forma, a representação deste segundo álbum dos Vaya ao viúvo é algo de transcendente. A própria música do duo é tudo menos vulgar, sendo que esta é uma experiência imersiva para os sentidos, não sendo por isso mesmo fácil de capturar para quem gosta do convencional e tradicional. “Brutal” é… brutal, não tanto no sentido do termo usado no contexto da música pesada, mas na forma como conjuga emoções viscerais e cruas, sem qualquer tipo de apoio ou guia. Como um espectáculo, a componente visual desempenha um papel bastante acentuado principalmente na forma como esse lado mais cru é realçado. Um projecto a conhecer.
8/10
Fernando Ferreira
Michael Alan – “Calling”
2023 – Sliptrick
Apesar de estarmos em 2023 continuamos a ter ainda trabalhos inspirados pelo período pandémico. Este “Calling” foi resultado do período de isolamento e de certa forma sente-se isso mesmo, que é um trabalho intimista, muito baseado em melodias simples, mas bem cativantes. Sendo Michael Alan um músico com já uma vasta experiência ao longo de mais de três décadas, temos aqui um pouco dessa experiência e dos vários géneros, mas é sobretudo o rock melódico e cheio de melodia que leva a melhor. O que poderá enganar quem vem à procura de um disco de puro shredd. Apesar de instrumental e de a guitarra ter o papel principal, está longe de ser um disco recomendado para quem gosta de malabarismos com a guitarra. Um bom disco.
7/10
Fernando Ferreira
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