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WOM Review – Tombs / Häxanu / Fausttophel / Svrm / Black Vice / Asarhaddon / Baxaxaxa / Necrostrigis

WOM Review – Tombs / Häxanu / Fausttophel / Svrm / Black Vice / Asarhaddon / Baxaxaxa / Necrostrigis

Tombs – “Monarchy Of Shadows”

2020 – Season Of Mist

Já há muito tempo que não apanhava um EP que me deixasse tão derreado como se fosse um álbum. Os Tombs estão especialmente inspirados. A sua forma de black metal (algo que até poderão haver alguns que não concordem que seja o que eles fazem) está mais potente que nunca, com uma violência metálica que nos agrada em muito. Referências de Marduk a Bolt Thrower surgem durante estes seis temas, mas aquele toque bem próprio dos Tombs continua omnipresente. Ficamos cheios de curiosidade em ouvir o novo álbum para ver se esta direcção se mantém, embora este EP como já disse, teve um impacto semelhante ao de um álbum.

9.5/10
Fernando Ferreira

Häxanu – “Snare of All Salvation”

2020 – Amor Fati

Há países que, no que ao Heavy Metal diz respeito, terão sempre mais reputação que outros. Verdade que isto da reputação é muito relativo, e sempre será. Quando falamos de Black Metal, tendemos a apontar a Noruega como o epítome de qualidade. É uma afirmação polémica, que pode ser justificada (ou não) das mais variadas formas. Pessoalmente, não sou dessa opinião, mas avante. A cena Black Metal dos USA é daquelas à qual, na minha opinião e tantos anos depois, ainda não lhe foi dado o real valor.

Bandas como VON ou Profanatica, Leviathan ou Judas Iscariot, Panopticon ou Wolves in the Throne Room, sendo isto um pequeníssimo exemplo da imensa variedade existente num país tão grande. É, portanto, um conjunto de bandas que, a nível individual, aporta algo muito particular a uma realidade musical que se pauta por permissas bastante restritas.

Estes Häxanu, liderados/criados Alex Poole (Ars Hmu, Chaos Moon, Entheogen, Gardsghastr, Guðveiki, Krieg, Martröð, Ringarë, Skáphe, Adzalaan), são um bom exemplo da capacidade evolutiva/inventiva de um género e de um músico. As bases são as do Black Metal dos anos 90, com um “adocicado” mais… contemporâneo. Atenção! Com contemporâneo não se deve ler Liturgy ou Deafheaven, por exemplo (exemplos estes, que serão porventura “extremos”). As vocalizações, quase totalmente perceptíveis, remetem-me para Nachtmystium, muito em termos de como são aplicadas à bases instrumental. “Snare of All Salvation”, a longa malha de 18 minutos que encerra este trabalho de estreia. Um só tema leva-nos por mais que um estado de espírito, por mais que uma atmosfera sonora. De momentos mais velozes, para interlúdios repletos de atmosferas reminiscentes de uns WITTR.

Toda a construção é sobremaneira bem concebida, e esta última malha é um bom exemplo da variedade que estes músicos conseguem imprimir aos seus temas. Há dinamismo e há fácil fluidez. Há muitíssima melodia, sem dúvida. É notável a “facilidade” com que transitamos de momentos de classic Black Metal (com um trabalho de guitarra enorme) para atmosferas hipnóticas. Há que referir o trabalho do Senhor Alex na percussão: imenso! Aporta um groove que, como já referi, providencia uma fluidez que previne que a música se arraste, resultando exactamente no oposto: agarra-nos e leva-nos ao longo destes 5 temas!

Em jeito de conclusão: muita melodia, belíssimas atmosferas, “violento” q.b. Mais que recomendável para fãs de Black Metal, seja ele USBM, seja ele Black Metal europeu.

9/10
Daniel Pinheiro

Fausttophel – “No Liars Among The Fallen”

2019 – Metal Scrap Records

Provenientes da Ucrânia os Fausttophel terminaram o ano de 2019 com o lançamento do seu ultimo álbum de originais ‘No Liars Among The Fallen’. O álbum que já é o terceiro trabalho da banda tem a curiosidade de ser completamente cantado em Ucraniano e explora as sonoridades entre o Melodic Black Metal e o Symphonic Black Metal com pontuais infusões de Death Metal. Não deixando por isso de ser uma interessante proposta, ‘No Liars Among The Fallen’ peca essencialmente pela sua falta de originalidade dada a saturação de bandas a explorar estes subgéneros em particular, mesmo tendo em conta as meritórias tentativas de juntar alguns elementos heterogéneos em várias faixas, que vão desde solos atípicos numa banda de Black Metal a vozes femininas e até alguns arranjos de Folk. Para quem se deliciou com a fase inicial de bandas como Old Man’s Child ou Cradle of Filth certamente vai sentir uma aprazível e saudável nostalgia ao ouvir ‘No Liars Among The Fallen’.

7/10
Jorge Pereira

Svrm – “7”

2015/2020 – Dawnbreed Records

Reedição do primeiro trabalho dos ucranianos Svrm, desta feita em vinil. A demo “7” é um assalto cru mas bastante ambiental e atmosférico de black metal. Lo-fi mas fofinho, de certa forma. E por lo-fi, reportamos aos barulhinhos que se ouvem no meio de passagens acústicas, como se estivessem a sintonizar a Rádio Renascença na onda média. Mas é um ambiente fantástico que temos aqui e esta repescagem é capaz de ser interessante para os fãs da banda e até para quem está a chegar aqui pela primeira vez. Podre mas bom.

8/10
Fernando Ferreira

Black Vice – “The Alchemist’s Vision”

2020 – Crown And Throne

Desde 2013, ano em que os Black Vice se juntaram com vista a espalhar a sua visão de Black Metal, editaram 1 EP, 2 Splits e 1 Longa-duração. 2020 chega-nos com este “The Alechemist’s Vision”, o 2-º Longa-duração.

Numa cena tão imensa quanto as fronteiras geográficas que a contém, proporcionalmente falando, poucas são as bandas que conseguem sobressair e marcar uma posição. Bandas como Leviathan ou Xasthur, só para referir duas, dificilmente são igualadas em termos de qualidade e reconhecimento (ok, aqui já estamos no campo das preferências pessoais). Isso não significa que, com estas bandas, se cesse a criação musical, obviamente, e é isso que este quinteto texano nos mostra.

Aquilo que aqui nos apresentam são 7 temas de Black Metal, ora rápido, ora lento e “denso”. E porque o universo do Black Metal não é somente veloz e trucidante, é nos momentos mais mid-paced que a banda revela as suas mais-valias. As atmosferas quase sufocantes, em muito provenientes dos riffs de guitarra. As vocalizações chegam-nos do “fundo do poço”! Aqueles momentos em que a bateria desacelera e se arrasta, acompanhada por riffs lentos de guitarra… é nestes momentos que a banda, como já referido, se mostra diferente de muito do que é feito. Remete-me para algum do Black Metal que a Finlândia – essencialmente – nos tem dados nos últimos anos. Bastante bem concebido!

No final, todos estes elementos combinados criam uma besta que nos enclausura, lentamente, fustigando-nos com violência e insistentes golpes! Black Metal recomendável a todos aqueles que não se cingem a barreiras, dentro dos géneros, preferindo, através dos mesmos, atingir níveis mais elevados de espírito. Once again: é violento, é calmo, é arrastado e torturante; cria atmosferas hipnotizantes e momentos de aperto emotivo. Give it a go!

7/10
Daniel Pinheiro

Asarhaddon – “Reysa”

2020 – Geisterasche Organisation

Formados em 2015, por Christian Kircher (baterista) e Christian Koss (guitarra e baixo), editam este ano o 1.º Longa-duração, “Reysa”, 6 temas de Black Metal onde o Atmosférico se entrelaça com momentos mais abrasivos, criando assim um híbrido bastante consistente. Contam ainda com Sebi Knetzgore (baixo) e Anna Nihil (vocais), completando assim a formação que gravou este álbum.

O som destes Asarhaddon é, realmente, bastante rico. Não se limita a uma tonalidade, por assim dizer, preferindo correr toda uma infinidade de cores e texturas. Eu sempre disse que considerava o Black Metal o sub-género mais inventivo de toda a esfera Heavy Metal, e são bandas assim que vêm sustentar as minhas palavras. Não, de modo algum reinventam o género, mas com o seu aporte o género fica mais rico. Há, na minha opinião, alguma similaridade com o que bandas como Wolves in the Throne Room fizeram no seu início: há toda uma tonalidade verde e vermelha, reminiscente de uma paisagem florestal, outonal. São, sim, mais tradicionais que os referidos norte-americanos no modo como abordam o Black Metal, mas não deixam de lhe imprimir uma dinâmica mais “moderna” e outside the box.

As vocalizações femininas são um elemento que sim, enriquece a música. Há uma dinâmica vocal bastante distinta da de um homem, e isso acaba por dar, à música, aquele travo mais… doce, ainda que sejam agressivas o bastante! A nível instrumental são irrepreensíveis, sem dúvida alguma! As linhas de guitarra, ora agressivas, ora melódicas/atmosféricas; a bateria funciona como um stronghold, bem marcada e com uma produção limpa o bastante que nos permite absorver cada momento! O baixo, marcado, ajuda a fortalecer a parede sonora.

Há um groove, essencialmente na guitarra, que mantém a fluidez, de tema para tema, levando o ouvinte facilmente da 1.ª à última faixa, sem que este sinta que a “viagem” é pesada.

Temas bastante longos, sendo que estão (quase) todos praticamente acima da marca dos 6 minutos. “Pfad Ohne Kehrt” emana melancolia ao longo dos seus 7 minutos e 28 segundos. Um belíssimo exemplo da sonoridade praticada neste álbum.

Recomendado a todos aqueles que apreciam atmosferas emocionalmente pesadas, mas com uma dinâmica bastante “viva”.

8/10 
Daniel Pinheiro

Baxaxaxa – “The Old Evil”

2019/2020 – Iron Bonehead Productions

Germany, when it comes to Heavy Metal, is better known for its (true) Thrash Metal scene: Bullet Belts, Spikes, Leather, Kuttes and Basketball Shoes. All hail the immense glory of the 80s! The whole scene is, still, stuck in the 80s, which I see as superb! This is the way you maintain the Spirit and Essence of the genre.

When it comes to Black Metal, there is also place, in its scene, for representative examples. Bands like Katharsis, Secrets of the Moon or Lunar Aurora. Each one of them has presented us, throughout their existence, different shades of the genre.

Baxaxaxa is one of Germany’s best hidden treasure. Hidden? Dare I state that? I sort of feel that the bands has passed under the radar of so many, that I still see it as a concealed gem. The bad has been around since 1992, with a 10-year run, only to take a hiatus, and return in 2017 for 2 gigs (USA and Germany). Last year the band recorded the EP that we present you today… and it blew my mind! This is 90s 2nd wave of Black Metal with Synth and Ambiances, mixed with Hellhammer/Celtic Frost slow paced Black/Doom Metal and pinches of early Thrash/Black Metal guitars! Sounds… peculiar?! Easy… it’s Baxaxaxa.

4 songs and a bloody Intro, and it turned people’s heads around. So many years secluded in some hut in the Zugspitze, and this is the treat we get! I have always loved Black Metal that uses keyboards or synths, and the person that reads my reviews is already aware of said passion (love you), and these guys are top craftsmen, no doubt about it. This has been in constant rotation ever since it landed on my mailbox, and it will remain as one of those ignored after a long year of excellent Black Metal.

That production is raw and almost childish… but is that not the way Black Metal should be? It has that scent of Death and Funeral. Moenen of Xezbeth and Samael’s “Worship Him” finger print. Tom G. Warrior “vocal impersonator” (those guitars hit hard as fOck, mates!).

More words? No! Please do go and listen to this release. Even better: go and discover this band (Ungod is coming to “Extreme Metal Attack”… check it as well)! Final evaluation?! This is a solid 10/10. Belial has risen and Destruction is near!

10/10
Daniel Pinheiro

Necrostrigis – “From Bleak Cavernous Chambers”

2020 – Nebular Carcoma / Postmortem Apocalypse

Compilação em vinil de um dos nomes de culto do underground polaco. Praticamente (e praticamente porque parece que desde o ano passado que tem um baixista a companhar) uma one-man band por parte de Wolfvamphyr – um homem que tem tantas bandas/projectos como eu tenho reviews feitas – que dez anos de carreira tem sido profícuo em relação à quantidade de trabalho editado. Infelizmente qualidade nunca foi sinónimo de qualidade e neste caso, esta compilação coloca essa mesma questão em evidência. Claro que quem for apreciador de black metal lo-fi poderá encontrar aqui várias razões para satisfação. Quem não for, poderá prosseguir até à próxima review. Obrigado.

5/10
Fernando Ferreira

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