WOM Reviews – Agathodaimon / Vultus / Sankta Kruco / Au Clair De Lune
Agathodaimon – “The Seven”
2022 – Napalm
Há que ser sincero e admitir que os Agathodaimon surgiram numa época em que bastava a menção de teclados e black metal na mesma frase, havia logo um interesse generalizado. E embora não fossem uma das propostas que nitidamente estavam a mais na cena, de uma forma geral nunca se elevaram à primeira divisão do estilo, acabando a carreira em 2014 sem grande pompa e circunstância. O que poderia fazer com que este regresso pudesse passar ao lado da nossa atenção. Felizmente que isso não aconteceu. “The Seven” é, atrevo-me a dizer, o álbum que conquistará todo o respeito de todos os descrentes na sua primeira fase da carreira. Foi o que aconteceu comigo, confesso, com o impacto a ser tal que até me faz querer ir novamente a discografia toda para ir encontrar pontos em comum com esta genialidade. Temas sólidos e imediatos mas que estão longe de estar mergulhados em lugares comuns – que costuma ser a maneira mais efectiva de conquistar a nossa atenção – e uma mistura de elementos góticos (que já faziam parte da carreira da banda desde o início mas sobretudo no final da primeira fase) com um peso que tinha sido aos poucos largado. “The Seven” não é um regresso às raízes, é melhor que isso, é um álbum maduro de uma banda que não tem vergonha do que fez e que sabe reconhecer os pontos positivos dessa obra passada e tem a inteligência e talento para os juntar tudo num álbum fortíssimo.
9/10
Fernando Ferreira
Vultus – “Sol Invicto”
2022 – Pure Steel
Interessante duo espanhol – entretanto localizado na Alemanha – que tem aqui em “Sol Invicto” o seu álbum de estreia. Temos uma sonoridade que anda algures pelo black metal melódico mas sem propriamente a soar a déjà vú – ou pelo menos que se consiga identificar bem o déjà vú. As melodias são cativantes e bem catchy, dando-lhe um cariz mais épico que é eficaz em manter-nos interessados. Como álbum é demasiado curto, não impedindo que mesmo assim consiga ser eficaz ao ponto de causar uma boa impressão e de ter dinâmicas que provam que caso tivesse mais tempo, não iria ser demais. Promissor.
8/10
Fernando Ferreira
Sankta Kruco – “Sidereal”
2021 – Ghost Label Record
Interessante projecto criado por Sal Kruco que vai buscar uma sonoridade mística muito cativante. “Sidereal” é doom metal com uma ambiência dark (sim, não é o adjectivo que prefira utilizar mas é o que acaba por definir melhor um pouco a ambiência gótica, muito ao de leve, em consonância com a mais própria do black metal) que é bastante apelativa. Só há um detalhe aqui que não é exactamente apelativo – a voz, que parece surgir com alguns efeitos a lembrar a voz de Doug Bradley como Pinhead no “Hellraiser”. Nem sempre é assim e apesar da atmosfera ser constante, há várias nuances onde por vezes até o lado mais gótico sobressai. Essa diversividade poderá ser prejudicial para quem aprecia mais umas facetas que outras mas no geral é um bom trabalho para quem gosta de coisas… dark.
7/10
Fernando Ferreira
Au Clair De Lune – “Au Clair De Lune”
2022 – Northern Silence Productions
Projecto recente, fundado em Novembro de 2020 e que agora chega ao álbum de estreia. A sonoridade é de black metal atmosférico e/ou post black metal à la Alcest. E se isso poderia (e pode!) ser um chamariz eficaz, também poderá residir a sua maior fraqueza. Ou seja, para quem gosta de Alcest, como é o nosso caso, facilmente se fica interessado nestas atmosferas que nos fazem levitar (ou dar essa ilusão). Passado esse impacto inicial, é preciso algo mais do que apenas as ambiências, são necessários temas que nos façam sentir algo novo e aqui, na maior parte das vezes, não é o que acontece. No entanto, esse momento de déjà vú não faz com que este seja um mau álbum. Apenas faz com que não consiga ser excelente. Trata-se de um projecto novo a dar os primeiros passos e podemos dizer que apesar destas “queixas”, é um bom início de carreira.
7/10
Fernando Ferreira
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