WOM Reviews – Ashen / Ended / Barnabas Sky / Born A Ghost
Ashen – “Bitter Loss Records”
2023 – Bitter Loss
Confesso que à primeira não fiquei impressionado com este álbum de estreia dos australianos Ashen. O que serve como prova para o facto de que o nosso estado de espírito tem muita influência quando estamos a apreciar música – afinal não é a música a linguagem directa para as nossas emoções? Felizmente que a teimosia me fez dar mais umas hipóteses e aos poucos as simples influências de Morbid Angel (o nome que saltou de forma mais veemente nas primeiras audições) escondiam no fundo uma identidade apaixonante que um pé bem dentro do death metal mais clássico – sim, para além de Morbid Angel. E apesar de serem bastante tradicionais na sua abordagem, não nos parece que estejam por completo voltados para o passado. Apenas pegam nas influências clássicas do género e dão-lhe uma nova vida, que neste caso até resulta num conjunto de temas que surpreendem pelo seu alcance. Capazes de passar despercebidos (esperamos que não) mas uma classe que está mais à superfície do que possam pensar ou do que o início desta análise vos poderá fazer crer.
9/10
Fernando Ferreira
Ended – “Into The Nothing”
2023 – Melodic Passion
Apesar de gostar sem dúvida da paixão à primeir audição, também dou muito valor às propostas que conseguem deixar-nos na dúvida ao ponto de nos obrigar a ouvir mais, a insistir. E não se trata de apelar ao nosso masoquismo latente, trata-se apenas de apresentar algo que por qualquer motivo não é imediato mas que ao mesmo tempo demonstra ter valor que está a gritar para ser descoberto. No caso dos Ended há uma sentido progressivo que é imediato. E que nos confunde quando colide com uma produção moderna e que até aponta num sentido mais (e cuidado com a palavra) alternativo. O alternativo ficou mesmo pela aparência da produção, enquanto o músculo a imprimir groove trouxe à lembrança a forma como os Nevermore nos surpreenderam décadas atrás. Sendo necessária habituação, este é um disco que até acaba por oferecer bem mais do que se esperava. Sendo o terceiro álbum da banda sueca, também se sente que há por aqui uma certa consagração. Para quem gosta do feeling tradicional do heavy metal progressivo com uma cara moderna, tem aqui uma boa proposta.
8/10
Fernando Ferreira
Barnabas Sky – “What Comes To Light”
2023 – Pride & Joy Music
Segundo álbum do super projecto de hard rock Barnabas Sky, que para além do seu mentor, Markus Pfeffer (dos Lazarus Dream e Winterland) conta com Danny Vaughn dos Tyketto, Jesse Damon dos Silent Rage e Doogie White dos Rainbow, Alcatrazz entre muitos outros. As guitarras, baixo e teclas estão todas a cargo de Pfeffer sendo que é no departamento da voz que temos um desfilar de classe de talento. As músicas estão bem construídas para conseguirem fazer o melhor uso das vozes, embora raramente consigam surpreender perante as expectativas. Hard rock melódico com pitadas de AOR que surpreende por vezes no peso (como a “Till My Dying Days”) ou até no arrojo em ir para além da fórmula mais habitual (como na épica “The Dying Song”). Bons momentos e bons argumentos para os fãs do primeiro álbum e dos nomes envolvidos.
7.5/10
Fernando Ferreira
Born A Ghost – “Stairway To An Empty Room”
2023 – Edição de Autor
Capa desconcertante que parece ter sido feita por IA apesar do bonito impacto visual. Musicalmente não temos algo estéril e produto de “uns” e “zeros” mas não é também de fácil apreciação. Um doom/sludge paquidérmico cujas guitarras estão afinadas em djent o que se torna especialmente cansativo, aliando-se a algumas quebras na fluidez que têm como maior arma de arremesso essa mesma lentidão que se mune do peso para criar uma atmosfera desconfortável à qual se junta também uma certa ambiência própria de sonoridades industriais, ajudados por alguns samples de discursos. O efeito é positivo quandos e entra na toada dos temas mas algo não é fácil de conseguir. Além de que quando se está a entrar nesse mesmo espírito, o tema acaba. Encontros e desencontros mas que revela um nome que será mais bem sucedido num longa duração.
5.5/10
Fernando Ferreira
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