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WOM Reviews – Azusa / Øresund Space Collective / The Neal Morse Band / Váthos / Xtasy / Naat / Calea Dreaming/ Ciolkowska

WOM Reviews – Azusa / Øresund Space Collective / The Neal Morse Band / Váthos / Xtasy / Naat / Calea Dreaming / Ciolkowska

Azusa – “Loop Of Yesterdays

2020 – Indie Recordings

Os Azusa estão de volta e até bem mais cedo do que o expectável. Na minha cabeça, porque no mundo real já passaram dois anos desde que “Heavy Yoke” nos surpreendeu, e nem sequer conseguimos parar para respirar. Bem, considerações pessoais aparte, “Loop Of Yesterdays” revela-se bem mais acutilante que o seu predecessor. Bem mais metálico e pesado mas ao mesmo tempo, também na direcção oposta, mais ambiental e mais melódico. Mas o que fica mais evidente é a forma como estas duas abordagens surgem em todas as canções e mesmo assim conseguimos ter uma identidade (como álbum) bem definida. Não sendo fácil de qualquer um interiorizar este som, é precisamente indicado para quem gosta de música desafiante. E claro, palavra especial para a voz de Eleni Zafiriadou, que continua fantástica!

9/10
Fernando Ferreira

Øresund Space Collective – “Experiments In The Subconscious”

2020 – Spacerock Productions

Já há muito tempo que queria por as mãos, salvo seja, nos Øresund Space Collective, banda que tive oportunidade de ver no saudoso Reverence, onde a intenção é mesmo tocar de improviso. Até mesmo em álbuns de estúdio como é o caso deste “Experiments In The Subcounscious”. De rock psicadélico até à world music é um tirinho e esses são os principais campos onde a banda de instrumentistas se coloca. “Lost In Africa” começa nesse sentido e vai fluindo como se estivessemos em plena viagem pela Via Láctea (claro que partiu de África com ritmos e melodias a lembrar a cultura de países como Guiné ou Etiópia, com passagem pela América Latina com “Prosthetic Cuban”). Sabemos que este é um nicho reduzido, mas para quem gosta de devaneios musicais, para quem gosta de world music, não há como ficar indiferente a estes setenta e dois minutos de alucinações musicais.

9/10
Fernando Ferreira

The Neal Morse Band – “The Great Adventour – Live In Brno 2019”

2020 – InsideOut Music

Neal Morse regressa, com  sua banda de luxo, na sua passagem pela primeira vez pela República Checa e regressa com mais um álbum ao vivo, desta vez a tocar na íntegra o mais recente trabalho “The Great Adeventure”. Tivemos acesso ao suporte visual tal como ao audio e, sem surpresas nenhumas, temos aqui virtusosismo a rodos, assim como a sensabilidade muito própria de Morse, que dá sempre aquele colorido especial à música que compõe e interpreta. O ponto maior de interesse acaba mesmo por ser “The Great Medley” – algo que Portnoy adora fazer – onde visitam vários lançamentos da carreira de Morse, num temazorro de vinte e cinco minutos que é a forma ideal para fechar qualquer concerto. Os fãs de Morse nem sequer vão piscar, este é um lançamento obrigatório, tanto em formato áudio como vídeo. Os fãs de prog rock no geral, têm bons motivos para lhes seguir as pisadas.

8.5/10
Fernando Ferreira

Váthos – “Underwater”

2020 – Loud Rage Music

Os Váthos pertencem ao grupo dos “pós-qualquer-coisa” e dizemos isto já desde início porque não queremos que seja uma notícia negativa. Podemos ter realmente um número elevado de propostas do género mas felizmente a maré parece estar a vazar no que a este tipo de música diz efeito. Ainda assim, estes romenos estream-se e apresentam um pós metal poderoso – a banda assume-se com pós-black metal embora essa não seja a primeira associação que nos surge em mente. Rótulos aparte, a música é melancólica mas não perde nunca o seu poder violento, algo que a voz ácida de Radu é a principal responsável. Momentos de emotividade mas que não caem (muito) na lamechice, o que por si só já é uma lufada de ar fresco. “Underwater” é uma boa estreia, esperamos por mais.

8.5/10
Fernando Ferreira

Xtasy – “Ever Of The Storm”

2020 – Metalopolis Records

São uma estreia para mim! São espanhóis, e “Eye Of The Storm” é o terceiro disco lançado.  Resumidamente, foi uma surpresa muito, muito agradável. Não sendo nada de inovador, este disco é uma proposta dentro do rock sinfónico, melódico, com uma sonoridade bem conseguida, enriquecida pela produção, fantástica! As vozes neste disco ficam a cargo de Silva Idoate, uma vocalista que deixa uma excelente impressão, e que dá um impulso em cada uma das faixas para soarem poderosas e brilhantes. Utilizando o velho ditado, vale mais tarde do que nunca, ainda bem que cheguei aos Xtasy, pois vão, com toda a certeza, passar a fazer parte da minha playlist.

9/10
Miguel Correia

Naat – “Fallen Oracles”

2020 – Argonauta Records

Os Naat são daquelas bandas que se pode encaixar em centenas de lugares diferentes e haverá sempre a sensação de que algo ficou de fora, ou algo não está bem. Bem, são os dramas da imprensa musical. “Fallen Oracles” é um fantástico álbum instrumental, dentro do pós-rock ou pós-metal, com um potencial enorme para nos levar a viajar para outros mundos. Claro que alguns dos lugares comuns dos estilos estão aqui, especialmente a apetência para os climaxes e para a melancolia épica, no entanto, o impacto é mesmo enorme. Para quem gosta do efeito hipnótico que a música deixa e sobretudo para quem gosta de música instrumental para deixar em transe, “Fallen Oracles” cumpre a função na perfeição.

9/10 
Fernando Ferreira

Calea Dreaming – “Red Cedar Falls ”

2020 – Edição de Autor

O que temos quando juntamos pós-rock com melancolia típica de doom metal e tremolo picking à la black metal? Alcest? Ok, até pode ser, o que dá validade a esta questão. Toda a cena do pós-black metal pode ser algo que até entrou nos nervos de muita gente mas temos de ter a capacidade para conseguir separar o trigo do joio e neste caso, os Calea Dreaming até conseguem surprender pela forma que mantendo a sua música instrumental acabam por manter-nos interessados em temas que são na sua maioria longos. Paisagens sonoras que nos são apresentadas e mesmo custando a interiorizar – admito que realmente custa – dá-nos prazer redobrado para cada audição.

8.5/10
Fernando Ferreira


Ciolkowska – “Психоделия”

2020 – [addicted label]

Apesar de ser aberto a muitas diferentes linguagens na música (bem mais do que já fui), há por aí dialectos que ajudam a testar os limites. O russo é uma delas. Principalmente por ter uma fonética muito próxima do português, com a diferença que os portugueses não percebem nada do que eles dizem. Mas como costumo dizer, a música é sempre que fala mais alto (por muito boa que seja a mensagem, se a música não for boa, não vale de nada). Musicalmente temos um rock psicadélico meio ambiental, meio pós rock que não se instala facilmente. Pelo contrário, a sensação de estranheza entra em conflito com o nível de reverb nas guitarras e quando damos conta, parece que temos demasiado espaço disponível no interior do cérebro, o que é pura ilusão, claro está. Mexe com os nervos e potencialmente cria realidades alternativas. Algo para o qual nem sempre se está preparado. Ou sequer se tem disponibilidade na agenda.

5/10
Fernando Ferreira

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