WOM Reviews – Decemberance / Cave Moth / Death & Legacy / Kamelot
Decemberance – “Implosions”
2023 – Razorbleed Productions
A melhor forma de ser-se apresentado a uma banda, é com um álbum que nos deixa completamente derreado. Foi o que aconteceu com “Implosions”, o impressionante terceiro álbum por parte dos gregos Decemberance – só o nome já é genial. Três temas apenas a totalizar mais de uma hora de música. E é longe de ser secante e nem é – confesso que era aquilo que pensava inicialmente – Funeral Doom. É Death/Doom Metal apaixonante, que não tem medo de ir às cavernas assim como ir aos momentos mais sublimes da melancolia, sobretudo na instrumental “The Blue Thread”, um tema de nove minutos movido a piano e violoncelo de uma beleza hipnótica. Trabalho ambicioso e genial, perfeito para quem gosta de Doom Metal e não dispensa também o peso do Death Metal, um dos álbuns do estilo para 2023, definitivamente.
9/10
Fernando Ferreira
Cave Moth – “Paralytic Love”
2023 – Edição de Autor
Ora aqui está uma descarga curta e grossa que nem chega a dez minutos. Aliás, nem aos oito e considerando que temos oito temas, dá uma média inferior a um minuto por cada tema. Obviamente que isto passa a correr, mas sem dúvida que é uma daquelas descargas que vamos querer ouvir repetidamente. Não fosse algum exagero no volume de algumas pistas que parece que vão rebentar com as colunas, e seria mesmo perfeito. Dissonante, caótico e absolutamente delirante, Grind assim não surge todos os dias. Agora é fazer mais que isto discos de sete minutos não dá com nada.
8/10
Fernando Ferreira
Death & Legacy – “Dark Prophecies”
2023 – Art Gates
Lembram-se daquela sensação estranha quando algumas das bandas, outrora mais extremas, começaram a tornar o seu som mais leve e acessível, mas ainda mantinham algumas características extremas – por norma a voz? A sensação de que nem estávamos perante carne ou peixe. Curiosamente foi essa a sensação que este quarto álbum dos espanhóis Death & Legacy nos trazem logo nos primeiros temas. “Damned” e “The Unnamed Shadow” – curiosamente, ambas com vocalistas convidados, sendo que a primeira traz-nos Björn “Speed” Strid e a segunda Tom S. Englund dos Soilwork e Evergrey/Redemption respectivamente – têm um feeling tradicional que contrasta com as vocalizações Cynthia. No entanto, a “Beyond The Veil” traz um feeling mais sinfónico e próximo do Death e até Black Melódico. E temos mais variações – “Eternal” que conta com Jessie Wiliams dos Ankor é uma bonita balada – e apesar de não termos nenhum tema propriamente fraco, o álbum acaba por espalhar-se uma série de campos sem chegar a ter o impacto que os temas isolados mereciam. O talento está cá, as músicas também, só parece faltar uma direcção sólida.
7/10
Fernando Ferreira
Kamelot – “The Awakening”
2023 – Napalm
Já lá vão cinco anos desde a última vez que os Kamelot tinham lançado o seu anterior álbum pelo que é um regresso que encerra em si alguma expectativa. Expectativas essas que são logo correspondidas com “The Great Divide”, um excelente tema que mostra a banda no seu melhor. E apesar de termos algumas indicações de que essa seria a linha condutora para o resto do álbum, na prática não é isso que acontece. Sim, continuamos a ter aquela fórmula de power metal polido e com recurso a elementos sinfónicos – e também electrónicos. Sim, continuamos a ter músicos de top, assim como também uma grande voz que teve de substituir outra grande voz, demonstrando já estar confortável na sua posição. Mas depois temos um grande conjunto de temas genéricos que parecem saídos da linha de montagem e longe de serem memoráveis, principalmente quando a banda já tem uma carreira tão ilustre. Temos aqui sem dúvida bons temas, mas está longe de ser um álbum memorável.
6.5/10
Fernando Ferreira
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