WOM Reviews – Déhà & Marla Van Horn / Endtime / Acid King / Zane
Déhà & Marla Van Horn – “Earth And Her Decay”
2022 – Burning World
É terrível toda esta questão dos lugares comuns. Principalmente quando nos tornam previsíveis. Por falar em previsibilidade, um terrível lugar comum é a cada trabalho que se ouve de Déhà, o génio multi-instrumentista belga, a review começa invariavelmente com algo como “este gajo é um génio”. Por isso peço que apreciem o meu esforço em colocar a dita constatação no final da terceira frase e não no início. Apesar do foco maioritário na carreira de Déhà no (funeral) doom metal, o músico já embarcou por diversos caminhos da música extrema, seja no black metal ou até industrial, portanto a cada novo trabalho esperamos sempre algo diferente, ainda que possa contar doses cavalares de melancolia. Nesta colaboração com Marva Van Horn, temos um trabalho que faz maior uso da atmosfera e aproxima-se do post metal e que tem nas vozes um dos seus maiores trunfos. De tal maneira que por vezes faz-nos pensar em Dead Can Dance. Resultado? Uma obra prima que vamos querer ouvir vezes sem conta.
10/10
Fernando Ferreira
Endtime – “Impending Doom”
2022 – Heavy Psych Sounds
Ora aqui está uma capa excelente, que poderia ser tanto para um álbum como de um filme. E se fosse um filme, a música arrastada e tenebrosa consegue criar perfeitamente a atmosfera tenebrosa que a capa sugere. E não é algo que nos atraia logo à primeira. A voz principalmente requer habituação. Não que seja estranho ter alguém aos berros mas é o timbre e o desespero da mesma que tornam a experiência desagradável. Ou seja, o ideal para os riffs arrastados e para a aura negra que transpira por aqui. Riffs e arranjos de teclados que ajudam a que esse ambiente ainda seja mais ampliado. Uma poderosa pedrada sludge que só peca mesmo por ser curta – meus amigos, vinte e oito minutos de música desta… é pouco! Tudo bem que se fizessem mais provavelmente enlouqueceríamos todos como se tivessemos confrontado directamente o chtulhu mas mesmo assim… mais dez minutos são fariam bem à nossa (in)sanidade.
8.5/10
Fernando Ferreira
Acid King – “Live At Roadburn 2011”
2022 – Roadburn
Enquanto os Acid King não lançam nada (e já vamos a caminho dos oito anos) aqui está a sua actuação no mítico Roadburn, no já distante de 2011. Trata-se do primeiro lançamento ao vivo da banda e por só por isso merece toda a nossa atenção e de facto foi uma actuação bem inspirada, com o seu stoner/doom metal sujo e arrastado a funcionar quase como um calmante e um efeito relaxante que normalmente só se atribui a fumar uma certa planta. Para matar saudades de uma das grandes bandas do estilo, fica este pedaço da sua história (e da história do festival) para a posteridade.
8/10
Fernando Ferreira
Zane – “She Has Wings”
2022 – WormHoleDeath
One-man band que tem no baixo o seu instrumento de eleição. Reza o comunicado de imprensa que Zane, de forma a combater o vício (não especificando qual) fechou-se num estúdio de forma a exorcisar os seus demónios mais íntimos e perturbadores. O resultado está neste EP que se orienta por linhas próximas do sludge, tirando o último tema que apesar de interessante estaria melhor numa qualquer coisa nu-metal, indo buscar muito desses ambientes. Medianamente interessante mas longe de convencer.
5/10
Fernando Ferreira
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