WOM Reviews – “Doom Bastards – Portuguese Tribute” / Scars Of Oblivion / Demikhov / As Light Dies
V/A – “Doom Bastards – Portuguese Tribute”
2023 – Edição de Autor
Um muito aguardado projecto de Rui Vieira dos Machinergy e Miss Cadaver, este tributo a uma das mais influentes bandas de crust punk, que muitos entendem como aqueles que abriram as portas para o grindcore. São vinte e dois temas (e outras tantas bandas/projectos, sendo que de Rui Vieira são 3) que passam por alguns dos temas mais marcantes de uma discografia histórica. Seja em inglês, seja em português, a devoção é real e sente-se bem. De salutar a combatividade e paixão de quem organizou e que mostra que apenas é preciso ter paixão para as coisas acontecerem – ainda que possam demorar algum tempo a materializar-se. Essencial! E gratuito!
9/10
Fernando Ferreira
Scars Of Oblivion – “Misanthropy”
2023 – Edição de Autor
Promissora estreia por parte dos nuestros hermanos que trazem um som que é reconhecível, mas que empolga. Uma costela melódica, outra técnica, que justifica a menção de nomes como The Black Dahlia Murder no comunicado de imprensa. No entanto, também é mencionado no mesmo comunicado de imprensa o termo deathcore, o que eu acho que já não faz tanto sentido. Álbum curto, pouco mais de meia hora, mas que dá vontade de ouvir repetidamente, com ganchos facilmente identificáveis. Poderá passar despercebido (esperemos que não) mas está aqui mais um sinal do arsenal metálico espanhol e em como o mesmo está em franca expansão.
8.5/10
Fernando Ferreira
Demikhov – “The Chemical Bath”
2023 – Dio Drone / Kontingent / Sweetohm Recordings
Fuzzcore. Basta esta designação para eu ficar interessado. Não que conheça o seu significado, mas precisamente por não conhecer o seu significado, mas calcular. Por fuzz entende-se tudo o que seja rock visceral, a roçar o stoner e psych. Fuzz deverá ser algo que pega nesse conceito e o eleva para níveis nunca antes alcançados, certo? Mais ou menos, porque o que acabamos por ter é mesmo um noise experimental que por vezes embarca em movimentos mais intensos dos quais podemos ver resquícios de post hardcore, bastante interessante até por sinal. Demora a interiorizar, mas é o resultado acaba por ser cativante de uma forma crescente.
8/10
Fernando Ferreira
As Light Dies – “The Laniakea Architecture, Volume II”
2023 – Darkwoods
É sempre bom (interessante e desafiante) apanhar álbuns que são de regresso apesar da banda nunca ter propriamente cessado funções. Isto porque as expectativas são grandes assim como a curiosidade e porque normalmente as mesmas nunca são cumpridas. No caso concreto dos As Light Dies, confesso que não haviam propriamente tantas expectativas como curiosidade, já que a banda já nos tinha habituado a esperar o inesperado. E foi verdadeiramente um desafio, em vários aspectos. Primeiro na forma. A produção algo baça e sem brilho foi um contraste grande para aquilo que eu esperava e ajudou a que fosse um pouco mais hermético. E depois a forma. O alinhamento é desequilibrado. A forma como começa, com “Falling Apart” poderá levar ao erro quem não tenha paciência para ouvir o resto do álbum e ver que esse momento é apenas isso mesmo, um momento que representa muito mais no largo espectro apresentado. É uma viagem que se vai tornando interessante e conforme se avança, vamos percebendo o que ficou para trás. Cada vez que se revela mais um pouco do quatro, começa tudo a fazer sentido. Um trabalho desafiante que apesar de não ter agradado nalguns momentos, não deixa de ser uma obra desafiante e recomendada.
7/10
Fernando Ferreira