WOM Reviews – Dune Sea / Avatarium / Clouds Taste Satanic / Dvne / Octopus Head / Mephistofeles
WOM Reviews – Dune Sea / Avatarium / Clouds Taste Satanic / Dvne / Octopus Head / Mephistofeles
Dune Sea – “Moons Of Uranus”
2020 – All Good Clean Records
Depois do álbum editado no passado, heis que os Dune Sea regressam. E com uma formação renovada. Temos o baterista Viktor Kristensen a estrear-se e também o baixista Petter Solvik. A sonoridade, essa, continua dentro do stoner com laivos psicadélicos que são muito apreciados. A simplicidade dos riff alia-se às melodias que nos colocam sobre detenção na imensidão do espaço. Um prisão que não parece uma prisão. Como é que se chama um sítio onde queremos estar fechados? “Moons Of Uranus” é um trabalho que vai muito mais além da estreia que já era bem promissora, é um álbum que oferece inúmeras soluções algumas até inesperadas – aquela melodia folk no meio da curtíssima “Draw 4” é um bom exemplo. Uma riqueza impressionante e viciante.
9/10
Fernando Ferreira
Avatarium – “An Evening With Avatarium”
2020 – Nuclear Blast
É irónico como 2020 é o ano em que as actividades ao vivo foram reduzidas de forma dramática (para todos os que subsistem da mesma) e ao mesmo tempo é também o ano em que este tipo de álbuns se justifica mais que nunca. No caso dos Avatarium, até se justifica, com uma carreira com quatro álbuns que têm tido uma boa aceitação por parte do público. Com “The Fire I Long For” editado no ano passado, no final do ano, a banda ainda estava com o álbum fresquinho quando deu este concerto em Estocolmo, pouco tempo antes do mundo entrar em confinamento. Um alinhamento que passa por toda a carreira da banda, com o óbvio foco no já citado último trabalho e com uma sonoridade crua e sem ser demasiada processada ou plastificada. Um lançamento orgânico e que é uma prenda, merecida, para os fãs da banda.
8.5/10
Fernando Ferreira
Clouds Taste Satanic – “The Satanic Singles Series Vol. 1: The Book of Satan”
2020 – Kinda Like Music
Esta vai ser rápida embora esta ideia seja fantástica. Os Clouds Taste Satanic são uma banda de doom metal psicadélico que não nos cansam de nos surpreender pela positiva. A sua mais recente aventura é uma série de singles ao qual este “The Book Of Satan” é o primeiro volume. Trata-se de um single (à antiga, com lado A e lado B) com duas covers, totalmente instrumentais – a banda é instrumental por natureza e não faria sentido subverter essa mesma natureza. Este primeiro volume começa com duas covers inesperadas. A extravaganza progressiva do clássico de Elton John, “Funeral For A Friend” resultou de forma arrepiante assim como a opostamente curta “Also Sprach Zarathustra” de Richard Strauss, que está absolutamente fantástica. Primeiro volume, primeiro ponto marcado.
9/10
Fernando Ferreira
Clouds Taste Satanic – “The Satanic Singles Series Vol. 2: The Book of Lucifer
2020 – Kinda Like Music
Segundo volume e mais duas covers, para depois serem finalizados num álbum – não sei se será disponível numa única edição mas isso será algo para se saber mais à frente. Neste segundo volume temos uma cover naturalmente doom – “Behind The Wall Of Sleep” dos inevitáveis Black Sabbath” – e uma surpreendente – “If You Doom Me Now” (uma variação da “If You Leave Me Now”) dos Chicago. Ambas resultam de forma perfeita embora tenha que dizer que a de Chicago é irritante de ser tão catchy e boa. Como é que ninguém tinha pensado nisto antes?
9/10
Fernando Ferreira
Clouds Taste Satanic – “The Satanic Singles Series Vol. 3: The Book Of Belial”
2021 – Kinda Like Musica
Já aqui falámos do primeiro e do segundo volume e vamos agora falar do terceiro que também engloba os outros dois. Portanto caso queiram ver o que há no primeiro, podem ir aqui e no segundo podem ir aqui. Já para o terceiro, temos então “Cecilia Ann/Rock Music” um medley que surge inesperadamente dos Pixies, que resulta de forma épica e até tem um certo sabor western (na “Cecilian Ann”. Resulta de forma épica, é a frase a reter! Já o segundo tema, confesso que tinha alguma curiosidade em ver como é que iria resultar: “Blew” dos Nirvana, o meu tema favorito de “Bleach”, o primeiro álbum da banda de Kurt Cobain. Conseguiu capturar o lado mais groove e stoner (sludge mesmo) que este tema tem e é uma adição excelente a esta bela sopa de coisas diferentes que soa muito bem no contexto dos Clouds Taste Satanic.
9/10
Fernando Ferreira
Dvne – “Omega Severer”
2020 – Metal Blade
A estreia dos britânicos Dvne pela clássica norte-americana Metal Blade, dá-se com apenas dois temas, que fazem parte deste Omega Severer. Até poderia ser apenas com um – mas aí já seria mais complicado já que não fazemos reviews de singles – porque o tema de abertura, é tão bom, é tão bom que se fica logo agarrado. E não é que o que venha a seguir, “Of Blade And Carapace” seja inferior de alguma forma, alías, os dois juntos fazem com que seja uma viagem fantástica, à qual é difícil de parar o ciclo de play-silêncio-volta a carregar no play. Aliás, até é difícil escrever. O melhor é mesmo ouvir e calar-me.
9/10
Fernando Ferreira
Octopus Head – “Depressed But Alive”
2020 – Abraxas Records
Já disse algures que não há nada como conhecer uma banda ao vivo. Nos tempos que correm, não é de estranho que esse primeiro contacto seja através de um disco e não de um concerto assistido in loco. Este é o primeiro álbum ao vivo da banda e é um em que nos parece ser absolutamente honesto. Porquê? Porque o som é podre, é visceral e é mostrado sem qualquer tipo de retoques – é ao que soa, sinceramente. Stoner/doom ao puxar ao psicadélico e que nos envolve facilmente. É um som fácil de conseguir esse efeito – para quem não é imune, obviamente – mas com esta aura jam, mais fácil é que isso aconteça. Um groove e charme imenso que nos faz passar por cima de algumas limitações, nomeadamente a nível vocal. A tradição de conhecer uma banda pelo seu habitat natural – os palcos, supostamente embora não seja uma regra geral – ainda é o que era. Os Octopus Head são uma banda a conhecer melhor.
8/10
Fernando Ferreira
Mephistofeles – “A Path Of Black”
2021 – Helter Skelter / Regain Records
Podridão. São discos como este que me fazem ponderar na evolução como fiz como apreciador de música. Muitas vezes no passado (e de vez em quando no presente) sou esquisito em relação às produções. Quando um som é demasiado podre, o meu nariz torce. Mas também passei a conseguir apreciar a forma como a sonoridade independentemente da qualidade poderá fazer com que seja criada uma atmosfera especial. É o caso deste EP dos “A Path Of Black” que parece uma demo que foi gravada num ensaio em 1985, desenterrada em 1995 e deixada a secar no sol. E está fantástica. Podre, é certo mas com um ambiente muito próprio, sendo uma mistura de stoner e hard’n’heavy podre. Coisas que se calhar se tentar reproduzir não se consegue. Aqui resultou muito bem. Pena apenas serem três temas.
8/10
Fernando Ferreira