Review

WOM Reviews – Evil Invaders / Damage S.F.P. / The Offering / Sad Iron / Avalanche / Maniac Abductor / Intoxicate / Fatal Embrace

Evil Invaders – “Surge Of Insanity – Live In Antwerp 2018”

Napalm Records

Poderá estranhar-se uma banda como os Evil Invaders tenha, depois de dois álbuns de estúdio, direito a um álbum ao vivo. Bem, a primeira coisa que devemos ter em conta é que as regras já foram chão que deram uvas. Se por um lados os álbuns ao vivo eram um lançamento guardado para certos momentos da carreira (e se falarmos de home vídeos, os custos também não era apetecíveis para todos) e tinham um bom impacto comercial e até memorável nos fãs, a realidade hoje em dia é bem diferente. Não só não têm o peso que tinham (como praticamente tudo o resto) como também as facilidades tecnológicas facilitam a que este tipo de registos surjam. E se estamos num mundo onde é possível ter um “Surge Of Insanity – Live in Antwerp 2018”, independentemente se vai vender ou não, estamos certamente num mundo melhor. Com os dois álbuns e outros tantos EPs, o que temos aqui é um excelente resumo da carreira da banda até ao momento e ainda há espaço para a cássica “Witching Hour” dos Venom, que se enquadra perfeitamente no speed metal da banda. Em termos visuais, acreditamos que aquilo que vemos é exactamente o que a banda entrega nos seus concertos, em termos de iluminação (que é reduzida mas apropriada para as expectativas). Não só é um excelente concerto para ver, rever e ouvir várias vezes como é também uma forma de entrada perfeita para o universo metálico da banda.

 Nota 9/10
Fernando Ferreira


Damage S.F.P. –“ Damage S.F.P.”

Edição de Autor

Os Damage S.F.P. são uma banda finlandesa de 1989 que entra apenas agora no campo visível do metal. Como se costuma dizer, “demorou mas valeu a pena”. Desde o ano de início desta banda, apenas lançaram duas demos e um faixa isolada, contudo é em 2019 que finalmente estreiam um álbum, que carrega o próprio nome da banda. Com uma composição de 11 faixas e uma duração de aproximadamente 40 minutos, os Damage S.F.P. fazem todo o possível para distribuir um som sólido em todas as frentes capaz de partir os pescoços dos seus ouvintes. Com um estilo de thrash/heavy metal relativamente acelerado e pesado, esta banda cria sonoridades muito subtilmente épicas e viciantes, com um vocal do estilo de Metallica, só que com alguns esteroides em cima. Apesar da falta de solos marcantes e virtuosos neste álbum, conseguem com a guitarra criar composições bastante viciantes que se aliam com a bateria bastante pesada e geram ritmos muito difíceis de aguentar parados. Como disse, este álbum é forte em todas as frentes, e isso aplica-se ao baixo que além de se sentir ao longo de todo o álbum, tem um momento isolado de introdução na faixa Tyrants  (não é só nesta faixa que isto ocorre) que sinceramente me arrepiou por me lembrar dos primeiros momentos em que comecei a descobrir o metal. Obedecendo aos clichés do género, o álbum também tem uma faixa acústica calma obrigatória, contudo não é nada de especial principalmente quando comparamos a outras semelhantes. Uma outra crítica que pode ser também pode ser apontada é a da certa repetição em que uma das faixas (Tragedy) cai em relação às primeiras, mas é a tal coisa, uma aposta incessante na velocidade pode por vezes resultar em similaridades mais explícitas. Portanto, caso procurem algo novo para ouvir, este é definitivamente um recomendado, pela velocidade moderada, pelo peso bruto, pelo bom vocal e por toda a “pica” que este álbum dá.

Nota 8.5/10
Matias Melim


The Offering – “Home”

Century Media Records

Ora aqui está algo que não se vê e ouve todos os dias. Os The Offering são uma verdadeira lufada de ar fresco para quem estava cansado de ouvir sempre as mesmas fórmulas. Seja na vertente mais tradicional como na mais moderna. Isto porque os norte-americanos misturam na perfeição ambas. Por um lado temos as estruturas tradicionais onde os destaques terão de ir para os solos de guitarra, por outro temos a urgência e potência dos riffs e ritmos modernos. Acreditamos que o pessoal da velha guarda vá olhar desconfiado para este tipo de coisa, mas na nossa óptica, resulta mesmo bem. Muito bom álbum de estreia.

Nota 8/10
Fernando Ferreira

 


Sad Iron – “Chapter II: The Deal”

Wormholedeath

Sabemos que isto de viver da música não é fácil. Aliás, é tão difícil que até fazer algo sem se que se viva propriamente da música é uma tarefa que por vezes parece impossível. Antes que comecemos todos a chorar, esta conversa serve para melhore apresentar os holandeses Sad Iron, uma banda que nasceu em 1979, lançou o seu álbum de estreia, “Total Damnation” em 1983 tendo acabado três anos depois, voltando apenas em 2012, depois de um breve período de actividade em 1993. “Chapter II – The Deal” é o segundo álbum após o regresso e a banda apresenta uma sonoridade que os mais críticos poderão dizer que é datada. Aceitamos o termo embora o mesmo não deva ser definidor de qualidade – um álbum como “Violent & Force” dos Exciter soa datado hoje em dia mas não deixa de ser o clássico que é. A base é o speed metal embora tenhamos alguns momentos em que a banda tira o pé do acelerador (como na “Warmonger”) com bons resultados que favorecem a dinâmica. Esta é uma boa surpresa e mais que recomendada a todos os fãs do som tradicional.

Nota 8.5/10
Fernando Ferreira


Maniac Abductor – “Casualties Of Causality”

Inverse Records

Thraaaaaaaaash! Ah, como sabe bem gritar isto de vez em quando. Claro que compreendemos a falta de entusiasmo para quem não gosta do género e que até se dissermos que se trata de um álbum de estreia, a reacção será: “Mais um? Será que o mundo precisava mesmo de mais uma banda de thrash metal?” Provavelmente não, mas o mundo também não precisa de um Boris Johnson e de um Donald Trump e temos que lidar com eles, por isso aguenta! “Casualties Of Causality” apresenta um bom balanço entre o modelo tradicional e o groove – que sobressai sobretudo a nível da produção e dos riffs acutilantes – e lembra-nos o porquê de gostarmos tanto deste género. Não que nos tivessemos esquecido mas é através da simplicidade que a vida nos conquista e neste caso é através de um álbum que tem o intuito de divertir através de riffs, solos, vozes zangadas que nós nos lembramos de como gostamos tanto deste género. É esse tipo de paixão que temos por aqui que desagua numa cover dos Sepultura da “Troops Of Doom”.

 Nota 8/10
Fernando Ferreira


Avalanche – “Interstellar Movement”

Wooaaargh

Provenientes da Áustria, os Avalanche são uma banda de 5 elementos que vem agora lançar o seu álbum de estreia. No passado podem já ter ouvido esta banda visto que esta já data pelo menos desde 2010, tendo em 2012 lançado um EP intitulado de Snake, Hole In The Sky. Agora é a vez de Interstellar Movement, o álbum de 9 faixas dedicado à fusão do sludge e do thrash metal, uma combinação de estilos bastante apetecível que faz por merecer o seu destaque. Assim sendo, o álbum apoia-se inteiramente na construção de ritmos viciantes e pesados mais que em virtuosidades explicitas, além de ter um vocal particularmente interessante que dá ideias do noise rock mais adolescente dos anos 80 (flashbacks de White Zombie na sua juventude); um estilo de vocal que a partida não parece ser muito apelativo, mas que na combinação de som que está presente neste álbum, encaixa que nem uma luva. Apesar da associação frequente do sludge aos ritmos mais lentos, aqui nota-se uma variação saudável de ritmos desde os médios lentos aos mais acelerados que, em ambos os casos, conta com o auxilio pesadíssimo do baixo. Já a componente thrash é mais audível a nível da guitarra em ocasiões menos recorrentes, visto que não há solos particularmente agudos. Assim a guitarra destaca-se pela parte rítmica que apesar de tudo está muito no ambiente mais explosivo do thrash, assim como grande parte da disposição do álbum. Por exemplo, há faixas que assumem logo de início um caráter de thrash e que dificilmente abandonam essa forma, e fazem-no muito bem, diga-se de passagem. Não é um álbum que vão associar a “muito boa guitarra”, “muito boa bateria”, etc.; aqui encontram uma boa composição em todos os níveis que aliados criam uma experiência muito original e boa.

Nota 8/10
Matias Melim


Intoxicate – “Cross Contamination”

Downfall Records

Intoxicate é um nome já veterano que poucos ouviram, pelo menos até agora. A banda começou actividades em 1988 e viria a cessar funções em 1991. Nesse período de tempo lançaram quatro demos. Voltaram em 2014 e lançaram um EP nesse mesmo ano e agora, finalmente o seu álbum de estreia que nos traz um thrash metal com laivos progressivos e com feeling old school, que mostra muitos bons (excelentes!) pormenores técnicos mas que não é desprovido de falhas. A principal é mesmo a voz de Mattias Grytting que apesar de se revelar adequada para o género, mostra-se por vezes incapaz de dar a dinâmica extra necessária, principalmente nos temas mais longos. O resultado final é sem dúvida positivo apesar destes pormenores.

Nota 7/10
Fernando Ferreira


Fatal Embrace – “Operation Genocide”

Iron Shield Records

Thraaaaaaaaaaaaaash! Por parte dos veteranos Fatal Embrace que têm uma táctica que costuma dar bons resultados: não inventam/inovam mas também não comprometem. Dito isto, o que temos aqui é thrash metal típicamente teutónico, com músculo e nervo mas sem esquecer as raízes do género – e neste caso, literalmente já que fazem uma versão muito bem conseguida da “Metal Thrashing Mad” dos Anthrax. Poderá não ser explosivo o suficiente para trazer novos fãs ao género (e até à banda) mas definitivamente que agrada perfeitamente aos que cá estão

Nota 8/10
Fernando Ferreira


 

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