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WOM Reviews – Frost* / Volvopenta / Hammers Of Misfortune / Black Yen / When Waves Collide / Standard Human Experience / Sphinx / Darkflow

WOM Reviews – Frost* / Volvopenta / Hammers Of Misfortune / Black Yen / When Waves Collide / Standard Human Experience / Sphinx / Darkflow

Frost* – “Day And Age”

2021 – InsideOut Music

Regresso dos Frost*, uma banda que já dava sinal de vida há bastante tempo. A cena de rock progressivo é tão forte hoje em dia que é possível que tenhamos excelentes coisas a passarem-nos ao lado. Frost* é sem dúvida uma delas. Certas bandas cativam pela insistência, por “obrigar” a voltar vezes sem conta até que apenas então se apercebem que estão completamente agarrados. Depois temos outras que basta uma passagem e fica-se logo sem resistência nenhuma. É o que acontece com o primeiro tema, que por acaso é o tema-título, um épico de onze minutos que é algo impossível de largar. Mas não se trata de uma one-hit wonder. No anterior álbum estava a atravessar por uma fase mais electrónica mas aqui apenas temos alguns arranjos mais arrojados nesse sentido. Rock progressivo clássico onde a reflexão sobre os tempos modernos são tratados com uma sensibilidade única. Excelente apresentação ao som clássico da banda e um regresso para todos os que ficaram alienados com o som do último álbum.

9/10
Fernando Ferreira

Volvopenta – “Simulacrum”

2021 – Tonzonen Records

Facto interessante que poderá acontecer frequentemente – ou podemos reparar nisso em nós próprios ou nos outros: queixar-nos de uma característica por se repetir muitas vezes mas depois queixar-nos quando a mesma não se verifica. Tenho de confessar que senti isso um pouco ao pegar em “Simulacrum” dos alemães Volvopenta. Apesar de termos muitos dos elementos que perfazem as características interentes do pós-rock, a banda tem um feeling qualquer extra que à primeira podemos sentir que está a destoar. A começar pela voz – tudo indicava que seria instrumental e a voz realmente aparece pouco mas quando aparece, faz-se notar – e a acabar no instrumental, temos várias piscadelas de olho a outras coisas, a reinos mais alternativos. E isso é bom. Mais que bom, é excelente. Porque torna este trabalho bem mais vivo e dinâmico do que aquilo que estaríamos preparados. Uma sensação que não se esgota conforme vamos aprofundando as audições. Pinceladas psicadélicas e noise, o resultado é um álbum que é muito mais do que aparenta. E que por isso mesmo é totalmente recomendado.

9/10
Fernando Ferreira

Hammers Of Misfortune – “The Bastard”

2001/2021 – Cruz Del Sur Music

“Reedição em vinil de um clássico do underground”, é mais ou menos por estas palavras que se inicia o comunicado de imprensa deste “The Bastard”. Confesso que tanto o álbum como a banda me são perfeitamente desconhecidos mas não é preciso muito do álbum para chegar a essa conclusão, que está aqui uma pérola preciosa que poderia ter ficado esquecida – a banda também não tem editado nada nos últimos cinco anos. Apesar de o termos encaixado aqui, no espectro progressivo, não é um trabalho fácil de definir. A vertente extrema surge pela voz, mas também temos vocalizações limpas e bastante melódicas. Os temas não são longos – muito pelo contrário, tirando a última “Sacrifice/The End”, é composto por temas curtos a rondar os dois minutos e pouco. Mas por outro lado temos pormenores técnicos deliciosos e invulgares. Não é melódico da forma como nos habituámos a ver o termo usado no contexto do metal e não é progressivo da mesma forma, mas é tão bom, tão bom, que merece ser agora reeditado e apresentado a uma nova geração. E esse é outro ponto, com vinte anos de idade, parece jovial como um rapaz traquina acabado de nascer.

9/10
Fernando Ferreira

Black Yen – “Satori”

2021 – Grazil Records

Já passou ligeiramente a febre das bandas/projectos que foram apelidadas de pós-black metal, por juntarem elementos das artes negras (normalmente o tipo de vocalização) com o pós-rock e/ou o pós-metal. E ainda bem, porque assim é-nos mais fácil chegarmos a um álbum de estreia como este “Satori” e ficarmos impressionados. É mais fácil ter discernimento e apreciação pela identidade própria da gota do que tentar fazer o mesmo no meio do oceano. Sebastian Lackner é o visionário por trás de toda a música que se pode ouvir aqui (contando com Paul Färber na bateria e Stefan Rindler na voz, quando a mesma se revela) e o austríaco consegue passar bem a sua mensagem. Uma mensagem emocional e fácil de tocar com as suas paisagens criadas e às quais são imunes aos lugares comuns. Não por ignorá-los por completo mas por abraçar todas as ferramentas à sua disposição para criar um excelente álbum. Missão cumprida.

9/10
Fernando Ferreira

When Waves Collide – “Chasm”

2021 – Antigony

Apesar do nome ser algo familiar ao ponto de parece que já os conheço de qualquer lado, este é o meu primeiro contacto com o seu som e posso dizer que é uma bela apresentação, imediata. Ajuda a esse facto a banda ser pós-rock sem espinhas. Encaixa perfeitamente no estilo, tem os seus lugares comuns e as suas principais características. Será um problema para quem não gosta do estilo – e para esses, os lugares comuns não são mais que uma desculpa, certo? Instrumental e cheio de emocionalidade ao longo dos seus seis temas, este é um trabalho que infelizmente sabe a pouco (não chega a meia hora) e poderia muito bem ter mais um ou dois temas. Esse é mesmo o seu único ponto negativo, o que até nem é muito significativo já que se o metermos a tocar, não causa enfado.

8.5/10
Fernando Ferreira

Standard Human Experience – “Never Belong”

2021 – WormHoleDeath

Sentimentos contraditórios para falar deste “Never Belong” dos finlandeses Standard Human Experience. Logo desde a primeira impressão. Qualidade instrumental acima da média, produção algo datada e “fria” e digital tendo em conta os parâmetros da década de noventa para o termo. A voz Touko Lehenkari também apresenta igual dicotomia. Em certos momentos é melódica e perfeita para o rock progressivo – que é o estilo onde se insere – como noutros soa fora da “personagem”, principalmente nos momentos em que é mais (ou tenta ser) agressiva, parecendo ser mais adequada para algo mais alternativo. Nomes como Porcupine Tree e Rush surgem em por vezes assim como Riverside mas nenhum deles é levado longe demais para colocar em causa a identidade da banda. No geral é um álbum que vai exigir um pouco mais de habituação e merece essa atenção porque não há por aqui um mau tema.

7/10 
Fernando Ferreira

Sphinx – “Here We Are”

1981/2021 – Golden Core/ZYX 

Mais uma pesquisa no baú e desta feita vamos até aos primórdios da década de oitenta, quando foi lançado este álbum dos Sphinx. Creio que a descrição de “prog metal antes do prog metal ser inventado” é (no mínimo) exagerada mas não é por isso que é um mau trabalho. Notam-se infuências clássicas de Uriah Heep e de Deep Purple, com momentos a puxar ao hard rock, mas temos outros que vai um pouco naquele pop manhoso da época – como o início e fim da “I Quell Angolo” que tem no meio um frenesim instrumental, progressivo alucinado que só peca por ser breve. Interessante de recordar e para os historiadores e curiosos do progressivo é sem dúvida apetecível.

6.5/10
Fernando Ferreira

Darkflow – “6”

2020 – Edição de Autor 

Som bastante estranho e difícil de definir. Algumas propriedades – como as teclas – podem fazer-nos pensar em prog, mas a visceralidade das guitarras e voz já nos colocam noutros campos como heavy rock ou hard rock. No entanto, o progressivo até nãoi é de todo algo que fique mal na descrição deste álbum. De qualquer forma, o facto de não sabermos bem onde encaixar um álbum é sempre positivo. Por si só é logo refrescante. No entanto isso nem sempre significa que a música seja impactante ao ponto de a querermos ouvir repetidas vezes. Estranheza que demora a entranhar, se é que vai acontecer alguma vez. Nota positiva para o épico final de quinze minutos “Funeral” que não só é o tema mais emocional como também o mais desafiante em termos criativos. Poderão não gostar mas vale a pena a tentativa.

6/10
Fernando Ferreira

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