Review

WOM Reviews – Funeral / Earthless / Swarm Chain / MoE

Funeral – “Praesentialis In Aeternvm”

2021 – Season Of Mist

Haverá lá designação mais perfeita para uma banda de funeral doom do que Funeral? Certamente que não mas deve-se avisar que os Funeral não tocam funeral doom corriqueiro. E com esta frase devo ter batido um recorde qualquer de dizer em pouco espaço de tempo a palavra funeral sem nunca me enquadrar em conversa funerária. Bem, verdade seja dita, os Funeral já não tocam funeral doom há já algum tempo. A sua sonoridade é um pouco mais dinâmica do que isso – não que o funeral doom não seja dinâmico quando bem tratado. Seja como for, este álbum consegue ser uma verdadeira montanha russa imponente em termos de peso e melodia. Majestoso, nunca deixa os momentos compassados para trás mas consegue ser intenso e emocional mesmo quando nem é suposto o ser. As ferramentas usadas não são propriamente comuns – o cantar em norueguês é certamente algo que não se esteja habituado (com voz limpa) mas que resulta particularmente bem neste álbum que foi/é um dos grandes destaques do doom metal de 2021.

9/10
Fernando Ferreira


Earthless – “Night Parade Of One Hundred Demons”

2022 – Nuclear Blast

Os Earthless estão de volta tal e qual da forma que estamos habituados. “Night Parade Of One Hundred Demons” é composto por três mega jams que nos fazem perder o norte. E sim, isso é bom. Para quem gosta daquele feeling que parece muitas vezes exclusivo à década de setenta onde os músicos estavam a tocar durante meia hora um único tema, onde os devaneios instrumentais equivaliam a estar completamente dopado das mais variadas substâncias psicoptrópicas, este é mesmo o disco ideal. Stoner, psicadelismo em longas jamas onde a guitarra nos leva numa viagem fantástica mas sempre acompanhada pelo groove da bateria e do baixo, elementos primordiais para o impacto desta mais de uma hora de música instrumental.

9/10
Fernando Ferreira


Swarm Chain – “Looming Darkness”

2022 – Punishment 18

Banda com (cerca de) dois anos e que já tem aqui o seu álbum de estreia. Realmente as coisas funcionam de forma diferente hoje em dia e ainda bem. É sinal da evolução não só dos tempos mas também das componentes fundamentais daquilo que é a música hoje em dia. Neste caso específico, haver uma maior disponibilidade tecnológica que permite as gravações estarem ao alcance de um maior número de pessoas, ao contrário daquilo que se via décadas atrás. E como tal, é possível chegar a um álbum de estreia e ter um sonzorro doom destes como o que os italianos Swarm Chain evidenciam. Poderoso que ainda salienta mais o peso e o arrastar. Apesar de termos guturais, o som até nem é, instrumentalmente, muito cavernoso. Aliás, aproxima-se mais da vertente tradicional, ajudados por uma voz limpa de extremo gosto. No geral é uma boa surpresa e uma boa estreia discográfica, que todos os doomsters vão apreciar.

8/10
Fernando Ferreira


MoE – “The Crone”

2022 – Vinter

Depois inclusão do Avant-Garde no Black Metal “tradicional” ou do frenesim esquizofrénico da bizarra fusão entre Metal e Jazz dos sui generis Shining, a Noruega oferece-nos mais uma verdadeira extravagância musical, falo do duo MoE a propósito do seu quarto trabalho intitulado ‘The Crone’. Aos primeiros minutos de ‘The Crone’ é facilmente perceptível que a característica mais marcante da banda é o experimentalismo, um experimentalismo quase literal, despretensioso e sem qualquer tipo de dogmas de género musical que tanto poderia ser descrito como uma espécie de Avant-garde Sludge como uma caótica e aleatória mescla de Sludge com Psychedelic Rock versão Jefferson Airplane. ‘The Crone’ é uma exotérica e desconcertante viagem de sete faixas pautada por uma distinta e vertiginosa atracção pela loucura e o êxtase do improviso sonoro em que a única orientação é fornecida pelos sujos e febris riffs de um descomprometido Sludge. Composto pela baixista e vocalista Guro Skumsnes Moe e pelo guitarrista HåvaRd Skaset, este duo Norueguês certamente não se tenta diferenciar por compor temas para os ouvidos mais sensíveis mas sim pela sua manifesta originalidade.

7/10
Jorge Pereira


 

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