WOM Reviews – Gold Spire / Duel / Megalith Levitation / Deber
WOM Reviews – Gold Spire / Duel / Megalith Levitation / Deber
Gold Spire – “Gold Spire”
2021 – Chaos
Se calhar chamar algo de avant garde apenas porque tem um saxofone, é demasiado. No entanto, e esta parte é que é a importante, a forma como esse saxofone é empregue faz toda a diferença. E na estreia auto-intitulada dos suecos Gold Spire justifica-se por completo pela atmosfera totalmente inesperada que afirma. Não é a típica banda de death/doom. Aliás, o típico feeling desta mistura apenas surge algumas vezes. No geral, a impressão que fica é mesmo atmosfera surpreendente, quase jazz, que alguns temas conseguem criar. Uma atmosfera que é totalmente eficaz e que torna este trabalho e esta banda bastante única. Para quem gosta de coisas fora da caixa, inevitavelmente terá de passar por aqui. Obrigatório, mesmo!
9/10
Fernando Ferreira
Duel – “In Carne Persona”
2021 – Edição De Autor
Esta banda é daquelas que pode não se desviar um bocadinho daquilo que já fez mas nunca vai fazer um mau álbum. “In Carne Persona” é só mais um exemplo de como o seu stoner, proto-doom metal levanta sempre uma aura de respeito. Excelente feeling, que vai beber obviamente ao género mais retro mas que nunca chega a ser déjà vú. O que também lhe dá mais personalidade é o facto de haver uma aproximação ao heavy metal tradicional sobretudo pela obordagem orgânica que faz com que se destaque da concorrência. Álbum que tem tudo para ser um clássico do género e que se tivesse sido lançado algures entre a transição da década de setenta e oitenta, de certeza que o seria. Quando se diz que não se faz música como antigamente é porque não se anda a ouvir a música certa.
8.5/10
Fernando Ferreira
Megalith Levitation – “Void Psalms“
2021 – Aesthetic Dead / Addicted Label / Pestis Insaniae
Segunda aventura sónica dos russos Megalith Levitation que refinam ainda mais o seu doom metal ultra arrastado. Não é uma forma de fazer doom cativante para quem é estranho ao género mas para quem gosta de sentir os mantras hipnóticos em forma de riffs de guitarra com uma distorção saturada e cheia de fuzz, não há nada melhor. Até tem um potencial meditativo. Quase uma hora de música a dividir por quatro temas é mesmo só para valentes veteranos. Quem não é, provavelmente não é a hora e o momento de começar por aqui mas se o fizerem, poderá acontecer ficar a gostar ou detestar ainda mais doom metal.
8/10
Fernando Ferreira
Deber – “Aspire To Affliction”
2021 – Personal
O que é isto que surge no horizonte? Será uma camada de nevoeiro que é apenas do prenúncio para o fim dos dias que nos vai remeter lenta e irremediavelmente debaixo de um manto eterno de escuridão interminável? Ou é apenas mais um disco de black metal? Nem um nem outro. Ou pelo menos, nem outro, já que “Aspire To Affliction” é o disco de estreia deste duo sueco que conta com membros e ex-membros de bandas como Anguish, Veternus, Avsky e Grief e que nos mergulha num estao de desespero crónico, fruto do seu funeral doom metal. Como já foi dito algumas vezes, este género é daqueles capazes de criar discos inesquecíveis e incomensuráveis assim como algo que pode bater os efeitos de um Xanax vitaminado sem deixar efeitos secundários físicos – psicológicos já é outra questão. É mais nesse segundo quesito que vamos poder encaixar estes três temas – ignorando a intro e outro que não aquecem nem arrefecem. Custa a marcar um impacto e custa a distinguir-se de todas as propostas do género onde nitidamente é preciso algo mais que tocar devagar. Em momentos chave, a atmosfera faz a diferença mas no geral, parece que falta aqui algo.
5.5/10
Fernando Ferreira