WOM Reviews – H / Disiplin / Délétère / Sarkrista / Deathless Void
H – “Dominis Draconis”
2022 – Sounds Of Hell
Nova entidade italiana no mundo do black metal que se intitula apenas e simplesmente “H”. Certamente uma designação que não ajuda ninguém na era em que a busca de informação se dá quase exclusivamente através dos motores de busca, correndo-se o risco sério de encontrar tudo menos aquilo que se procura. Já quanto ao som, temos algo que se distingue bem, o que é o ponto positivo a salientar. A abordagem lembrar um pouco o black metal mais melódico francês – mas creio que melódico não será uma boa descrição daquilo que a banda faz. Temos uma dinâmica muito interessante ao longo destes temas que apesar de soarem bastante frescos, não dão o passo maior que a perna. Ou seja, nem são demasiado esquisitos, nem se afastam muito do black metal tradicional, assim como não caem na tentação de esticar os temas para além daquilo que é o desejável. “Dominis Draconis” é uma estreia sóbria e bastante interessante que poderá atrair quem gosta de black metal que foge à norma. Nem que seja ligeiramente.
8.5/10
Fernando Ferreira
Disiplin – “Disiplin”
2003/2022 – Aeternitas Tenebrarum Musicae Fundamentum
Disiplin é um projeto norueguês que teve como marco existencial o lançamento do seu primeiro álbum em 2003. Este álbum, portador do nome da banda, foi alvo de uma reedição e é sobre essa versão que falaremos hoje visto que na altura em que a versão original saiu ainda anda no headbanging ao som da música de entrada do Doraemon, pelo que o meu comentário poderia não ser o melhor (sim, ainda pior do que é atualmente). Assim sendo, Disiplin é um álbum de black metal que por raras vezes parece adotar uma cadência tirânica que se poderia encontrar em álbuns metal industrial. Aliás, a própria capa tende a empurrar para esta conclusão, mas pode ser tudo apenas impressão minha. Seja como for, este é um trabalho que não esquece as suas raízes negras enquanto liberta, ora com mais calma ora com mais voracidade, os seus fogos infernais. Não é um black metal de carga de porrada, mas é mesmo assim um álbum com intencidade. Esta re-edição foi lançada como uma resposta à degeração do metal extremo e tem como objetivo “trazer o black metal de volta à sua forma pura” – pessoalmente, não sei se cumpre esta missão, mas claramente que é um trabalho cativante que, felizmente, é bastante maleável durante as suas 11 faixas.
8/10
Matias Melim
Délétère & Sarkrista – “Opus Blasphematum”
2021 – Sepulchral Productions
Splits e mais Splits. Quanto mudou a minha opinião acerca desta proposta, e assim sendo… let’s go! Do Canadá reebemos os Déletère, e da Alemanha, os Sarkrista. Formaram-se mais ou menos ao mesmo tempo, com pouco anos de diferença, e têm vindo desde então a caminhar um caminho sempre enraizado no Black Metal. Cada uma tem uma perspectiva distinta quanto ao mesmo: os canadianos apostam num Black Metal mais acelerado e acutilante, quase Punk no sentido em que disparam a música a uma velocidade elevadíssima (nada de “Panzer Division…”, sff), chegando ao ponto de sentirmos, da parte da música, uma positividade estranha, quase inconcebível quando pensamos no género. Imaginemos melodias Folk, mas sem a faceta cheesy e desnecessária, e podemos ter umas luzes sobre o que estes canadianos oferecem; os alemães, do seu lado, apostam num Black Metal muito mais próximo das estruturas que assumimos como sendo as bases do género. Aqui sim, sinto-me mais em casa. Riffs clássicos, uma bateria fortíssima e sempre presente, a comandar, a marcar o passo! Vocalizações ríspidas e bastante agradáveis, sim senhor. Sou sincero, conhecia ambos os nomes… de nome. Nunca tinha dado “tempo de antena” a qualquer um deles, mas estes alemães levam a taça! Mais próximos daquilo que tomo como as raízes do Black Metal, capazes de uma melodia que, ainda que delicada, não mostra fraquezas. Os canadianos são mais dados a uma velocidade que é demasiado acelerada para a minha – actual – capacidade de assimilação… velhices.
7/10
Daniel Pinheiro
Deathless Void – “Deathless Void”
2022 – Iron Bonehead Productions
Bem, que dizer?! Os Países Baixos são, já há uma larguíssima série de anos, um caso de estudo em termos de Black Metal e das suas 253464589 ramificações. De Denial of God a Urfaust, de Faceless Entity a Fluisteraars, o espectro de negro, no país das tulipas, é enorme. De certa forma, a ideia com que fico é que estes músicos (se bem que tenho a ideia de ser só um) não conhecem barreiras / limitações ao género que tocam, o que é a melhor, se não mesmo a única, forma de olhar para a criação artística. Deatlhless Void é, pelo muito pouco que consegui descobrir, a mais recente oferta do UG da “laranja mecânica”. Fusão de extremos musicais, diria: Black Metal, Death Metal, o Vazio e toda um Alma Negra; esta é a composição da banda, sem dúvida. O som é agressivo o bastante, mas ao mesmo tempo hipnotizante, para deixar o ouvinte nas pontas dos pés! Há toda uma aura escuro, pesada, depressiva, sem que se caia em clichés ou melosidades exacerbabdas. A banda cria esse ambiente negro, sem recorrer a elementos depressivos, sendo que o primeiro tema, “Ignis Fatuus”, é um bom exemplo de tal. O facto da IBP ter agarrado a banda, mostra que qualidade é uma realidade. Em termos de produção / som, o resultado final é claro o bastante que nos permite apreciar a música na sua totalidade. A voz, essa, por vezes soa como que estando soterrada sob os escombros do instrumental, o que aporta mais negritude à música. Para fãs do catálogo da IBP, de Teitanblood, de BAN, de Mayhem “Ordo ad Chaos”, para fãs de músicos que trabalham fora das linhas estabelecidas para os géneros, pelos ortodoxos… esses chatos.
7/10
Daniel Pinheiro
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