WOM Reviews – Horna / Sardonic Witchery / Verval / Baxaxaxa / Lunar Spells / Bezwering / Bestia / Basmu
WOM Reviews – Horna / Sardonic Witchery / Verval / Baxaxaxa / Lunar Spells / Bezwering / Bestia / Basmu
Horna – “Kuoleman Kirjo”
2020 – W.T.C.
E a recta final de 2020 trouxe-nos o regresso de um dos nomes grandes do Black Metal finlandês e mundial. Os Horna regressam com o seu 10.º álbum de originais – ” Kuoleman Kirjo” – e mostram que a chama que os instigou a fazer música, ainda arde! Há bandas que mantêm um registo linear, que em nada compromete o feito no passado, e os Horna são um desses casos. Ao longo destes 13 temas – um tanto ou quanto extenso para aquilo a que me habituei nos últimos anos – é-nos dada uma lição de bom Black Metal. Não contemos, atenção, com manobras desmesuradas ou descabidas, mas sim com aquilo que desde 94 nos tem sido apresentado pela banda: Black Metal. Há uma constante melodia, verdade, mas há também uma raiva e uma ira, que nos conduzem por entre nevões e tempestades! Verdade seja dita, muito pouco de novo há a dizer acerca de um colectivo que – entre estes Horna e 666 outras bandas – por cá anda há anos e anos, conhecedores do assunto e imensamente capazes de levarem a cabo um trabalho exímio. Para fãs de Horna, para fãs da cena Black Metal finlandesa, para fãs de Black Metal, para fãs de música com qualidade. Último detalhe: é deliciosa a forma como os finlandeses fundem a Agressividade com a Melodia, criando estes híbridos soberbos!
8/10
Daniel Pinheiro
Sardonic Witchery – “Moonlight Sacrifice Ritual
2020 – War March Records / Niflhel Records / Warhemic Productions / Worship Tapes
Desde os dias de StockMorto que King Demogorgon tem vindo a deixar a sua marca no Black Metal nacional. Sempre honesto às sonoridades que tomamos como as pedras basilares do género – alguns de nós, claro – foi construindo um percurso sólido. Chegamos a 2020 e temos novo álbum da parte deste português sediado no Texas, of all places ahahah! Este é o seu 3.º álbum depois de “King of the Midnight Legions”, de 2017, e é com satisfação que constato que o recurso à Língua Portuguesa se mantém! Adoro a sonoridade que aporta ao Black Metal, e este caso não é excepção, sendo que aqueles temas em que esta é rainha e senhora, me parecem mais… característicos, mais identificáveis com o músico. Que podemos esperar? Black Metal na linha dos trabalhos anteriores. Redutor? Não acredito que o criador o sinta como tal, visto a sua intenção ser exactamente essa: tocar / criar Black Metal. Temos, sim, um belo conjunto de temas; uma bela homenagem aos tempos idos do Black Metal: visceral e melódico, enraivecido e delicado. Riffs clássicos, vocalizações com uma forte presença e já referida melodia, transversal a todo o álbum. Arrisco dizer que este novo me parece mais adulto, mais maduro. Isto poderá soar mal se tivermos em conta o historial que KD tem já no Black Metal, mas deverá ser visto como elogio, como uma confirmação das capacidades do músico de tocar / criar Black Metal que captura a essência e musicalidade do Passado, trazendo-o para os nossos dias. De respeito!
8/10
Daniel Pinheiro
Verval – “Beeldenstorm”
2020 – Edição de Autor
“Beeldenstorm” é o primeiro EP do duo holandês e traz-nos, depois do álbum de estreia em 2018 que não ouvi ainda, um black metal atmosférico e épico de enorme qualidade. Os três temas, longos, fluem muito bem uns nos outros, dando quase a ideia de que estamos perante um só tema. Não literalmente mas em termos de feeling. Não é comum acontecer isto num EP, mas é recomendadíssimo ouvir tudo de seguida. É também recomendado acompanhar esta banda e ficar a conhecê-la melhor, depois de ouvir “Beeldenstorm”, é uma consequência mais que natural.
9/10
Fernando Ferreira
Baxaxaxa – “Devoted to Him”
2020 – Iron Bonehead Productions
Este clássico do Black Metal germânico conseguiu ascender ao topo da elite com somente uma Demo, editada em 1992. Estranho, não? Em 2002 lá se decidiram e lançaram um Split com Ungod, que no fundo é Baxaxaxa, mas activos no panorama musical (no sentido de lançamentos e existência ao vivo, não em termos de similaridades musicais obrigatoriamente). Oh well. 2019 viu a banda lançar mais um trabalho, desta feita uma Demo (“The Evil Old”), o que pessoalmente me apanhou de surpresa! Foi daquelas surpresas “Melhores do Ano”, e é sempre bom saber que este colectivo se reúne para mais música. 2020 traz-nos mais uma oferta destes Blacksters germânicos, na forma de um EP de 2 músicas, onde encontramos, mais uma vez, o esquema Hellhammer / Celtic Frost + a essência do Black Metal dos 90 fora da Noruega! Posto assim, até parece que não há identidade neste (actualmente) quinteto, o que é mentira! Li um dia, que a cópia pode ser vista como a melhor forma de prestar homenagem. Aqui, não temos uma cópia descarada, nem uma apropriação de uma parte tão significativa / identificativa da música extrema, mas sim uma homenagem a sonoridades tão particulares e marcantes. Ao invés de seguirem a linha norueguesa, estes senhores optaram pela Europa do Sul: Suíça, essencialmente. Quase que sentimos as melodias, “velhas” e repletas de pó e teias de aranha, que abandonam daquelas teclas e se propagam no ar que nos envolve e sufoca! Aguardo para ver o dia em que a banda editará algo mais extenso que um EP / uma Demo…
8/10
Daniel Pinheiro
Lunar Spells – “Medieval Shadows from an Ancient Netherworld”
2020 – Iron Bonehead Productions
Li, algures, que este EP era um quase perfeito cruzamento entre o Black Metal finlandês e o grego. Não consigo, totalmente, discordar. Encontramos elementos de um e de outro, que se fundem numa quase perfeita simbiose, originando uma sonoridade repleta de melodia e visceralidade, sem soar demasiado áspera ou demasiado harmoniosa. De certa forma encontrou-se um meio-termo muito bem pesado. Foi uma agradável surpresa, não o consigo negar. Aquele user que lê as minhas reviews sabe bem o quanto gosto de um bom teclado no meu Black Metal. Reminiscências dos primeiros anos a descobrir o género, quiçá, mas de qualquer forma sim, sou um adepto do mesmo, e é muito bom ver ressurgir o instrumento neste género – o mesmo nunca esteve enterrado, de certo modo. Este é o meu primeiro trabalho editado por este conjunto do qual só sei a nacionalidade (grega), e sinceramente não me dei ao trabalho de pesquisar e remexer a internet em busca de nomes, de bandas e o raio! Mantenhamos o segredo, em sigilo. A nível de som, é Black Metal de acordo com a linha acima mencionada, com um especial cuidado dado ao trabalho de teclas e às linhas de guitarra, que “transportam” a melodia que faz destes 4 temas, um trabalho imensamente bem equilibrado. O baixo é bastante audível, o que é raro. Efeitos de Necromantia, talvez? Que se mantenham, por favor. A Intro – “Witchcraft Spells” – é o irrepreensível acolhimento para o que nos espera nos 3 seguintes temas. a simbiose quase perfeita.
7/10
Daniel Pinheiro
Bezwering – “Aan de Wormen Overgeleverd”
2020 – Ván Records
1.ª Vaga e 2.ª Vaga de Black Metal. É isto! É isto e algo mais, senhores e senhoras. Terras Baixas, terra de “ervas” e Freakish Black Metal. Sim senhor… e da La Trappe, uma das melhores cervejas que povoam os nossos pubs, agora bloqueados pelo COVID-19, esse acólito alcoólatra. Terra dos Urfaust, mas também dos Fluisteraars e dos Denial of God. Toda uma extensão imensa do espectro sonoro do género. “Aan de Wormen Overgeleverd” arranca com “Vredeloos”, e há ali um travo Rock n’ Thrash bem forte e energético. De certo modo, todo o álbum tem imensa energia e força, ao memso tempo que “brinca” connosco e nos dá malhas como “Rouwstoet”, lento, vocais limpos, quase Doom. Tudo neste álbum é “outside the box”! Não há uma linha vocal consistente – não é mau – o ritmo imprimido às malhas não está alinhado com qualquer lógica – diferente, ser diferente – e, no geral, abarca um conjunto de elementos que encaixam na perfeição, ainda que nem todos façam parte da mesma esfera… diferente, dinâmico, caótico por vezes, melódico, bastante melódico. O facto de ser cantado em neerlandês dá-lhe um charme “pesado”. “Aan Gene Zijde”, Till Lindemann, ÉS TU?! Engraçado. É um trabalho que pede audições mais atentas, em muito pela quantidade de elementos que vão sendo adicionados aos temas, sejam eles clássicos ou mais contemporâneos. Mais uma mostra de como os holandeses olham para o Black Metal e o quão abertos são a nível de influências.
7/10
Daniel Pinheiro
Bestia – “Karusödalane”
2020 – Hexenreich Records / Careless Records
Dez anos separam o segundo álbum deste terceiro, embora a banda tenha lançado entretanto splits com fartura (principalmente em 2010). A sonoridade da banda vinda da Estónia assenta sobretudo no black metal embora liricamente a temática seja os povos nórdicos que andavam por aí a causar confusão. Dinâmico e com recurso a algumas armas melódicas, este álbum cativa o suficiente para quem gosta do seu black metal mais melódico embora lhe falte a habilidade para apresentar músicas que se tornem marcantes, músicas como a “Draakonite Jumalad”, por exemplo. Um bom regresso aos álbuns, mas ainda há trabalho a fazer.
6.5/10
Fernando Ferreira
Basmu – “Vvitchblood”
2017 / 2020 – Lunar Apparitions
Bašmu, uma one-man band canadiana, que tem Xülthys como principal timoneiro, lançou em 2017 os seus dois primeiros álbuns, sendo que “Vvitchblood” é o segundo. Black metal lo-fi com alguns apontamentos ambient e uma forma muito experimental e livre de sentir o seu black metal. Como toda a música experimental, a coisa ou corre bem, ou a experiência não é bem sucedida. Neste caso nitidamente ficou um bocado aquém, pelo menos das nossas expectativas. Será indicado para quem já está cansado da fórmula mais tradicional do black metal e procura outras formas para glorificar Satanás. Esta será uma delas pela forma como se sente que se está num inferno. E aqueles ruídos na “Binding Of Shadow Spirits” que parecem macacos a procriar? Um dos destaques.
3/10
Fernando Ferreira