Review

WOM Reviews – King Cujo / V/A – “A Beginner’s Guide To Sublime Frequencies Vol. 1 & 2” / Festerdecay / Soothsayer Orchestra

King Cujo – “Lost Inside The Landfill”

2023 – Edição de Autor

Os King Cujo são mais um regresso no mundo do rock. Nós (e o resto do público de uma forma geral) adora regressos. Claro que existem aqueles que desconfiados ou simplesmente com os horizontes fechados vêem sempre com maus olhos regressos seja por motivos meramente mercantis ou por tentar capturar inspirações passadas que sabemos que nunca voltam. E por vezes, sim, isso acontece. No caso dos King Cujo, um regresso 18 anos (!) depois não deixa de ser impressionante, ainda para mais com um álbum desta qualidade. Rock mais rebelde ou mais melódico, mas rock. Quando a banda acabou em meados da primeira década do presente século, o panorama era consideravelmente diferente. Música, na indústria e naquilo que o público procurava. E eles voltam como se apenas tivesse passado um dia, com um álbum que ignora o actual estado da cena e apenas pensa e diz “o que há a seguir?”. Sim, o que há a seguir, porque não se trata de pegar no passado da banda, este é um próximo passo lógico, onde se revela uma banda madura, sem esquecer as suas raízes mas mais voltada para o futuro do que para o passado. Tomara que todo o rock fosse assim.

8.5/10
Fernando Ferreira


V/A – “A Beginner’s Guide To Sublime Frequencies Vol. 1 & 2”

2023 – High Castle Teleorkestra

Ora aqui está o tipo de compilação pela qual nos babamos instantaneamente – ou soltamos gotinhas de satisfação, qualquer que seja o vosso entendimento de prazer de antecipação. Temos uma compilação que reúne quarenta e cinco temas registados entre a década de sessenta e setenta com a curadoria do pessoal da High Castle Teleorkestra que pesquisou pelo mítico e enorme catálogo da mítica Sublime Frequencies que arrebanhou tudo o que era música dos cantos mais obscuros da Ásia, África, Médio Oriente e América do Sul. A qualidade é precária, como se pode calcular, mas temos por aqui autêntico tesourinhos. Composto por temas que encaixam o espírito da música da época, mas sempre com um twist folk, psicadélico e experimental, este poderá ser um trabalho desafiante porque se apanha muita coisa janada mas que representam na perfeição o espírito aventureiro de que muitos músicos tinham em fazer música sem ter propriamente condições para o fazer – “Tanggalkan Di Dunia (Undo The World)” por Senyawa deve ter sido a primeira proposta de drone a nível mundial. Vale a pena sair da zona de conforto para ouvir o que está por aqui.

8/10
Fernando Ferreira


Festerdecay – “Reality Rotten To The Core”

2023 – Everlasting Spew Records

Trabalho destes japoneses que não enganam ninguém. Nem pela capa, nem pelo título. Goregrind podre como manda a tradição clássica dos primórdios da década de noventa. Algo que funciona como um bom atractivo como também é o seu maior calcanhar de Aquiles. As músicas têm boas dinâmicas – as possíveis no género – mas a produção, demasiado abafada acaba por lhe retirar poder. Claro que haverá sempre quem goste deste tipo de sonoridade até porque, como disse atrás, faz-nos lembrar os primórdios de bandas como Pungent Stench, no entanto um pouco menos de saudosismo na forma iria salientar o conteúdo muito mais. Boa estreia de qualquer forma.

7.5/10
Fernando Ferreira


Soothsayer Orchestra – “The Last Black Flower”

2023 – Lay Bare Recordings

Este é um álbum é como andar numa montanha-russa vendado. Primeiro, não sabemos muito bem ao que vamos. Segundo, como começa, não tem muita a ver como se acaba, nem o que se encontra no meio. Terceiro, a capa é fantástica, mas funciona exactamente como uma venda, ou seja, não fazemos a mínima ideia como é que isto se relaciona com a música. Claro que temos uma sensação de negritude e até de um certo desconforto existencialista patente na capa, no entanto não é algo que indique um estilo musical. Uma espécie de fusão entre Nick Cave, Leonard Cohen, blues decadente, experimentalismo industrial/electrónico que faz com que seja um álbum que nem sempre soa a álbum, que por vezes vai por caminhos que parecem que não levam a lado nenhum. Não que esses momentos não sejam bons em si, apenas não funcionam tão bem quando colocados junto aos outros – como “Kissed A Tyrant”. O saldo não deixa de ser positivo pela forma como somos absorvidos pela voz de Pieter Hendriks, o único músico que dá alma a este projecto

7/10
Fernando Ferreira


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