WOM Reviews – Master Dy / Solitude / Ereb Altor / Sordide / Batushka / Summoned Hell / Mörkvind / An Autumn For Crippled Children
WOM Reviews – Master Dy / Solitude / Ereb Altor / Sordide / Batushka / Summoned Hell / Mörkvind / An Autumn For Crippled Children
Master Dy – “Unknown Sound”
2020 – Edição de Autor
O nome é estranho… mas a grande surpresa é esta ser uma banda portuguesa, que lança agora o seu álbum de estreia. Uma estreia bem sólida que consegue logo a proeza de nos deixar confusos sem saber bem o que devemos esperar ou sequer como os classificar. A descrição de heavy metal progressivo não satisfaz muito assim como seria fácil demais dizer que se trata de metal gótico, apesar de alguns temas apontarem nessa direcção. A banda opta por não apresentar a sua identidade, uma táctica já batida mas que será uma boa forma de fazer com que se destaquem de alguma forma. Isso e a música que é muito boa, uma mistura entre o peso das guitarras e a melodia da voz de Dy Moob. Um excelente início de carreira e com temas que ao vivo de certeza que vão conseguir empolgar.
9/10
Fernando Ferreira
Solitude – “Exogenesis”
2021 – Edição De Autor
Por norma não gosto de fazer investigação de fundo em bandas que não conheço. De forma a ir livre de qualquer tipo de preconceito que possa ser exacerbado de forma inconsciente. Claro que posteriormente do contacto esse tipo de investigação é natural e até desejável mas tenho a intenção sempre de manter o sentimento inicial e imediato mais puro possível. Aqui não fiz nada disto. Este é o terceiro álbum dos mexicanos Solitude e fui, por ter à minha disposição imediata, conferir os dois anteriores trabalhos (“The Glorious Shine Of Life” de 2000 e “Introjection” de 2006) que não me impressionaram particularmente. Não sendo maus trabalhos, apenas achei uma abordagem algo datada do death metal mais melódico tendo em conta os anos em que foram editados. De 2006 até 2021 ainda vai uma distância considerável e isso serviu para a banda apresentar o seu melhor trabalho até agora. Produção moderna que faz bom uso de composições mais poderosas. Não, não é uma revolução estilística do estilo, ao ouvirmos a primeira vez identitificamos logo o estilo, mas a diferença é que está tão bem feito que é impossível não se ficar empolgado com este conjunto de temas. E é essa a diferença entre música que nos pode soar datada (independentemente da sua qualidade) e aquela que nos soa intemporal. Claro que ainda é cedo para poder afirmar que “Exogenesis” é intemporal, mas que me deixou impressionado, isso deixou.
9/10
Fernando Ferreira
Ereb Altor – “Elden Boning”
2021 – Hammerheart
O fenómeno viking no metal poderá ter abrandado um pouco em termos de popularidade – diria que neste momento, muita coisa abrandou na música – mas os fiéis mantém-se… bem, fiéis, perdoem-me a redundância. E como tal estão de volta com um EP enquanto os ventos não se mostram mais favoráveis para termos incursões dos drakkars por essa Europa fora. Quatro temas com todos a soarem muito bem, principalmente o épico de sete minutos que abre o certame, “The Twilight Ship”. Para quem os conhece, já sabe o que vai encontrar. Quem não os conhece e gosta de bandas como Primordial, Borknagar, Bathory (na fase viking, claro), mais que obrigatório, é essencial começar por aqui.
9/10
Fernando Ferreira
Sordide – “Les Idées Blanches”
2021 – Les Acteurs De L’Ombre Productions
O fantástico trabalho da editora francesa Les Acteurs De L’Ombre tem trazido ao nosso conhecimento excelentes bandas e excelentes álbuns. Os Sordide são das mais recentes apostas e será também uma surpresa para quem esperava apenas mais uma banda de black metal. Incorporando as tendências mais dissonantes de algumas das propostas compatriotas , o alcance é muito maior e para além do simples black metal. Para mim chega ao ponto de não conseguir bem encaixar em termos estilísticos este trabalho, apesar do mesmo se tornar progressivamente viciante. A estranheza de ser cantado em francês – sim, apesar das vocalizações extremas, consegue-se perceber a língua – a forma como os temas surgem “abertos” e conseguem criar um ambiente muito específico faz com que tenhamos aquele feeling de estranheza que uma mistura entre os Mayhem da era Maniac e os Deathspell Omega conseguiriam criar. E com muito mais a acrescentar – como demonstra o compassado e intenso “Ne Savoir Que Rester”. Difícil? Sim mas com muito a revelar.
8.5/10
Fernando Ferreira
Batushka – “Царю Небесный / Carju Niebiesnyj”
2021 – Witching Hour Productions
Confesso que já estou completamente perdido em relação a toda esta saga dos Batushka. Os originais, os renegados (estes), e as milhentas cópias que surgiram, já não sei a quantas ando. Uma coisa tenho a certeza, um nome e um projecto com um potencial enorme acabou-se por se diluir em algo digno de paródia nos dias de hoje. Estes depois da estreia (flop) pela Metal Blade, têm andado por meios mais underground e este é o segundo EP que lançam desde então. Eu não considero que o mencionado álbum de estreia tenha sido a descarga fecal que muitos apregoam mas estava algo distante do brilhantismo do trabalho original. Se me arredasse dessas confusões todas, o meu palato iria apreciar mais estes temas que trazem uma mística que pode não ser própria (já todos ouvimos isto algures) mas que é bem conseguida. Só tenho um pequeno reparo ao som da bateria, demasiado comprimido para o seu próprio bem – aliás, como o som no geral. Se não resultou no “Death Magnetic” muito menos iria resultar aqui.
7.5/10
Fernando Ferreira
Summoned Hell – “Prison Of Madness”
2011 – Edição de Autor
Por vezes chegamos tarde às coisas. Os ouvintes às bandas que potencialmente gostam de ouvir e as bandas ao som que poderá ter mais ou menos impacto em quem o procura. Revejo-me na primeira situação, com apenas agora chegar a este álbum de estreia (e único, já que a banda já acabou) dos açorianos Summoned Hell, gentilmente cedido pelo Museu Açoriano do Heavy Metal que está a desempenhar um fantástico papel na divulgação dos artistas da sua região. Já os Summoned Hell apostam num death metal melódico cheio de pormenores deliciosos mas que já soaria algo datado na altura em que foi lançado. É sempre complicado ter sucesso no underground nacional, principalmente se se está sediado nas ilhas, mas não quero acreditar que também a sonoridade escolhida tenha tido um peso na vida (ou morte) da banda. Até porque a qualidade é evidente assim como a paixão dedicada a este conjunto de temas. É um trabalho embrionário mas que revela talento. Fica o lamento que não os possamos ter tido a evoluir ainda mais e fica para a posteridade este promissor trabalho auto-intitulado que apesar de ser desajustado com as modas, está bem enquadrado para aprecia música pesada.
7.5/10
Fernando Ferreira
Mörkvind – “Undergång”
2021 – Cult Of Parthenope
A boa estreia de 2019 com “Det Är Bara Oss” deu lugar a um EP de seguimento com quatro temas apenas de black metal algo contemplativo e melódico. E de certa forma atmosférico. Aliás, o elemento que mais se destaca é mesmo o ambiente criado. Dinâmico como explora diversos tempos, acabam por ser os compassados os mais eficazes. Alguma lembrança com os Samael do antigamente, estes quatro temas acabam por soar bem curtinhos mas de qualquer forma são suficientes para manter-nos interessados naquilo que a banda vai fazendo.
7/10
Fernando Ferreira
An Autumn For Crippled Children – “As The Morning Dawns We Close Our Eyes”
2021 – Prosthetic Records
Segundo álbum para a Prosthetic e muito pouco depois de um ano de terem editado o anterior. Talvez seja a melancolia de já andarmos nesta coisa de Covid há (o que parece) uma eternidade mas sem dúvida que este álbum é um pouquinho mais eficaz que o anterior. Ou, lá está, talvez seja eu que estou um bocadinho mais susceptível a ele. As melodias continuam demasiado adociadas, mas num contexto de pós-rock são perfeitas ainda que por vezes os temas pareçam inconsequentes – começam e acabam como se não tivesse havido nada de interessante no meio. De qualquer forma o principal ponto que parece estar deslocado, é mesmo a voz. Nitidamente não há nada a ligar a voz à música, ao ponto de se sentir que talvez fosse melhor termos algo instrumental. Não seria revolucionário, nem sequer refrescante, mas seria mais agradável.
6.5/10
Fernando Ferreira