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WOM Reviews – Moanaa / Grey Skies Fallen / FØG / Heavy Trip / Sabbatonero / Horndal / The Lions Daughter / Grief Collector

WOM Reviews – Moanaa / Grey Skies Fallen / FØG / Heavy Trip / Sabbatonero / Horndal / The Lions Daughter / Grief Collector

Moanaa – “Embers”

2021 – Deformeathing Production

A Polónia não é uma grande referência no pós-metal mas isso até poderá mudar com este terceiro álbum de originais dos Moanaa. Nos dias de hoje é complicado fazer afirmações deste género, da forma como a cena musical está saturada com propostas acima da média, no entanto a partir do momento em que se mergulha em “Embers” não há volta a dar. Este é um trabalho que conjuga na perfeição uma ambiência muito própria – onde o factor atmosférico é sempre fundamental – com um sentido de peso bruto e visceral mas não dispensa a melodia e até a melancolia. Poderá servir como uma descrição perfeita, para mim, daquilo que considero ser o pós-metal como estilo. Não é que encaixe perfeitamente no estilo, não tendo liberdade ou criatividade para mais do que isso. Há todo esse potencial, mas há também matéria prima para representar conceptualmente todo um estilo que já tem grandes obras e referências. Surpreendente e marcante.

9.5/10
Fernando Ferreira

Grey Skies Fallen – “Cold Dead Lands”

2020/2021 – GrimmDistribution

Incrível como uma banda com já quase trinta anos de carreira e de grande qualidade – daquilo que pude apreciar – me passou completamente ao lado. Os norte-americanos Grey Skies Fallen juntam o death/doom mais melódico – como que a fazer um cruzamento entre os Anathema dos primórdios e os My Dying Bride mais recentes mas sem serem uma cópia nem de uns nem de outros – como um sentido melancólico que não vai para o temível choradinho lamechas. Bom gosto, extremo, é o que temos ao longo de seis faixas que totalizam quase uma hora de duração. Uma excelente surpresa e serviço público feito por parte da GrimmDistribution/Satanath Records.

9/10
Fernando Ferreira

FØG– “La Niebla De Las Ànimas”

2020 – Australis Records

Estreia fantástica. Apesar de ser de 2020, quando foi oficialmente lançado, esta estreia dos chilenos FØG apenas chegou aos escaparates no presente ano devido às complicações logísticas que a pandemia nos veio a trazer. Chegou atrasado mas vem sempre a tempo quando tem uma qualidade destas. Mistura deliciosa e melódica entre o doom e o death metal. Bom gosto fantástico e até épico com um talento incrível para criar temas épicos. Tratando-se de um duo, provavelmente os concertos não serão uma prioridade, muito menos nesta altura, mas definitivamente que se fosse, seriam emocionalmente intensos. O equilíbrio é perfeito e esta é uma das grandes pérolas do ano passou que provavelmente desconhecem e precisam urgentemente de conhecer.

9/10
Fernando Ferreira

Heavy Trip – “Heavy Trip”

2020 / 2021 – Burning World Records

Como já disse muitas vezes, o negócio da música poderá não ser o movimentar de milhões pelas editoras (algumas delas) de antes mas sem dúvida que está mais bem distribuído. As bandas lançam o seu próprio trabalho mas depois há sempre a possibilidade de verificarem que a sua música é capturada por uma editora que o reedita com a potencialidade de chegar a muitas mais pessoas. É o caso do álbum de estreia dos canadianos Heavy Trip, álbum homónimo que agora foi repescada, e muito bem, pela Burning World records. Stoner, doom, e até um leve cheirinhoa a psicadélico, com excelentes jams às quais é fácil mergulharmos nelas. Esta é música que soa tão tanto intensa ao vivo como em casa, o efeito é (mais ou menos) o mesmo, viajar na maionese, sem contra-indicações.

9/10
Fernando Ferreira

Sabbatonero – “L’Uomo Di Ferro – A Tribute To Black Sabbath”

2021 – Time To Kill Records

Projecto de Tony Dolan (dos Venom Inc) com Francesco Conte (dos Neromega e Spiritual Front) que se propõe a homenagear uma das mais importantes bandas de sempre do metal, Black Sabbath. Com a participação de muitas estrelas da cena metal mundial – onde se incluem vocalistas, guitarristas, bateristas e teclistas e nomes como Marty Friedman (ex-Megadeth), John Gallagher (dos Raven), James Rivera (dos Helstar), Prika Amaral (das Nervosa), Mantas (Venom Inc.), Ken Andrews (Obituary), James Murphy (ex-Death, Testament e Obituary), Snowy Shaw (Dream Evil, Mercyful Fate, Therion). Nomes não faltam e qualidade das versões, conseguindo ir para além da simples recriação chapa cinco de algumas das músicas mais emblemáticas. É um retrato ao mesmo tempo fiel em termos de ambiente assim como traz novas cores para as músicas que todos já conhecemos. Se houver daqueles entre nós que não os conhecem (acalmar a vontade de gritar blasfémia), é só mais uma razão para mergulhar neste tributo.

8.5/10
Fernando Ferreira

Horndal – “Late Drinker”

2021 – Prosthetic Records

Directamente da Suécia chegam os Horndal, a banda é proveniente precisamente da cidade com o mesmo nome, uma cidade com uma curiosa e trágica história. Durante muitos anos a pequena cidade industrial de Horndal sobreviveu graças a uma siderurgia local que após ter sido adquirida por uma grande empresa foi posteriormente encerrada provocando uma inevitável e terrível desertificação da pequena cidade, a banda além de não ter sido alheia a estes acontecimentos ficou claramente marcada por eles, tanto é que a sua mensagem é frontalmente anti capitalismo e anti ganância. Depois do bem-sucedido álbum de estreia ‘Remains’ os Horndal voltam então à carga com este ‘Late Drinker’, musicalmente ‘Late Drinker’ é sem dúvida uma copiosa onda sonora de efeitos imprevisíveis, numa inabalável e frugal estrutura de Sludge Metal encontramos pontuais influências de Stoner e Post-Hardcore que oferecem aos intensos e impiedosos riffs um outro nível de Groove, refinamento e dinamismo. Um particular destaque para as extraordinárias ‘Kalhygget’, ‘Ruhr’ e ‘Thor Bear’. Restam poucas dúvidas que ‘Late Drinker’ agrega todas as condições para se perfilar como um dos grandes álbuns de 2021.

8.5/10 
Jorge Pereira

The Lions Daughter – “Skin Show”

2021 – Season Of Mist

Já vão no seu quarto álbum de originais, falo dos Norte-Americanos The Lion’s Daughter a propósito do lançamento de ‘Skin Show’. Depois de um inicio de carreira pautado por sonoridades onde se destacaram essencialmente o Sludge Metal e o Stoner resultando numa dicotomia de algum modo paralela aos Germânicos Mantar, cedo se percebeu que os The Lion’s Daughter não são de todo uma banda com receio de arriscar e depois de uma evolução musical onde o factor “desestabilizador” passou a ser o Black Metal modificando assim a sua base estrutural de Sludge para algo mais coercivo e austero, foi com o ultimo álbum (‘Future Cult’) que a banda incorporou uma tendência que eu arriscaria a apontar como inédita, ou não fosse ela o Electrónico. Ora em ‘Skin Show’ os The Lion’s Daughter aprofundam e de que maneira esta propensão que já vinha do álbum anterior numa insólita mistura entre Sludge Metal e Synthwave. Nesta clara e objectiva inclusão de uma vertente a fazer lembrar o Gothic Rock dos anos 80 os The Lion’s Daughter conseguem fazer de ‘Skin Show’ um álbum que contrasta a sujidade do Sludge com a envolvente melodia dos sintetizadores num complexo e ponderado equilíbrio. ‘Skin Show’ não é certamente um álbum de fácil digestão, no entanto vai ficando mais interessante a cada nova audição. Um destaque para as formidáveis ‘Neon Teeth’, ‘Werewolf Hospital’ e o tema titula ‘Skin Show’.

8/10
Jorge Pereira

Grief Collector – “En Delirium”

2021 – Petrichor

Álbum de estreia daquele que é o novo veículo de expressão de Robert Lowe, nome bem conhecido dos amantes do doom metal pela sua contribuição nos Candlemass e nos Solitude Aeternus. Embora a sua voz não seja consensual, é definitivamente um nome que garante alguma qualidade, qualidade que se encontra em “En Delirium”, um belo álbum de doom metal que mantém a chama viva da faceta mais heavy metal do género, onde para tal muito contribuiu as bandas atrás citadas. Dentro desse espectro não se encontra nada de novo mas antes algo de familiar, como que um velho amigo do qual já não tinhamos notícias há já algum tempo. É terreno familiar, sem dúvida, mas para o qual existe, na minha opinião, espaço. Será um regresso saudado pelos fãs do género.

7/10
Jorge Pereira

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