WOM Reviews – Moonstone / Celeste / Sunczar / The Oldest Gods
Moonstone – “1904”
2021 – Galactic SmokeHouse / Interstellar Smoke
Duas músicas, (quase) meia hora de música? I’m in! Eu gosto de andar à beira do abismo onde este tipo de coisa pode significar ou a cena mais genial do mundo da música ou então a cura para insónias crónicas. Não tem de ser assim tão oito ou oitenta mas gosto de dramatizar para se ter uma ideia definida do impacto. O comunicado de imprensa refere que a banda mistura sludge com progressivo, metal de fusão e funk. É sempre bom ver criatividade a não faltar na hora de descrever bandas mas não, o que temos aqui é mesmo um doom sujo (vá, sludgedizado) que nos consegue agarrar desde o primeiro momento – embora tenha que admitir que os Electric Wizard são uma óptima e acertada referência para o que se pode ouvir aqui. Grandes riffs, grande groove que nos embalam com carinho para a nossa perdição. O ambiente criado é igualmente fantástico e tal como um bom livro ou filme, depois de embalados não vamos querer (ou sequer conseguir) largar.
9/10
Fernando Ferreira
Celeste – “Assassine(s)”
Este é provavelmente o primeiro trabalho musical que me faz lamentar não ter aprendido francês. “Assassine(s)” é o sexto álbum dos Celeste que, tal como outros já o fizeram, demonstram que França sabe muito bem tratar do seu “black metal”. Importa aqui referir que o estilo desta banda não é o black metal satânico, mas sim o black metal mais contemplativo e calmo, semelhante àquele que é o género dos conhecidos suíços, Schammasch. Como insinuei, todo este trabalho é cantado em francês e há uma certa dificuldade em encontrar as letras de todas as faixas e quando as encontramos as ferramentas de tradução de repente não sabem nada de francês. Poderão perguntar “e depois? Eu oiço música russa há anos sem nunca ter percebido russo” e terão o seu quê de razão, mas neste caso todo o álbum é cantado com uma intensidade extrema que demonstra o investimento de Celeste na criação deste trabalho o que leva a querer entender o álbum ao nível mais profundo.
“Assassine(s)” tende a seguir uma velocidade média (não é nem demasiado arrastado nem é veloz) enquanto desenvolve um ambiente contínuo de pessimismo, se bem que um pessimismo belo. A fim de contrabalançar os tons mais negativos, o álbum tem duas faixas (uma média e a outra a final) que conseguem mergulhar num nível mais brutal de black metal e que permitem quebrar a solidão que pode advir da audição deste álbum. Em suma: distorção das guitarras, o trabalho de bateria moderado e o vocal rugido, mas discernível são os pilares deste álbum e são excelentes na criação do ambiente negro, mas cativante de “Assassine(s)”.
9/10
Matias Melim
Sunczar – “Bearer Of Light”
2022 – Argonauta
Não serão porventura os tempos mais fáceis para se dar início a uma carreira musical no entanto os Germânicos Sunczar apostaram todas as fichas no seu álbum de estreia ‘Bearer Of Light’. O quarteto proveniente de Frankfurt entra em 2022 exibindo com orgulho a sua forte pulsação Stoner deixando ainda assim por descobrir outras tendências menos evidentes como é o caso do Southern ou mesmo do Sludge. ‘Bearer Of Light’ aglomera todas as características de um álbum que vai marcar não só a direcção como a própria diferenciação musical dos Sunczar. Ao Groove tão suculento outrora praticamente patenteado por Zakk Wylde ou pelo eterno Dimebag Darrell os Sunczar adicionam um temperado e falso-lento Stoner Metal com propositados vestígios do peso do Sludge evitando contudo a sua típica “sujidade”. ‘Bearer Of Light’ é uma estreia assente em particular na consistência e na destreza deste ambicioso quarteto Alemão. Destaque para as aditivas e orelhudas ‘Heresy’ e ‘Behold Your Savior’.
8/10
Jorge Pereira
The Oldest Gods – “Graves For Gods”
2022 – Sleeping Church
Dentro de todas as variantes do Doom Metal que foram aparecendo no espectro da música mais pesada aquela que porventura talvez mais se tenha destacado foi a celebre mescla entre o Doom e o Death Metal tão característica do início de carreira das três mais emblemáticas bandas da incontornável Peaceville Records (My Dying Bride, Anathema e Paradise Lost), e embora os Paradise Lost e o Anathema tenham evoluído as suas sonoridades para vertentes mais “suaves” os My Dying Bride de alguma forma nunca se desligaram por completo da sua origem. Quase trinta anos depois os Australianos The Oldest Gods fazem a sua estreia com ‘Graves For Gods’ repiscando precisamente essa tão carismática e marcante sonoridade, é verdade que já de alguma forma e por duas vezes (Vallenfyre e Strigoi) o mítico guitarrista dos Paradise Lost (Gregor Mackintosh) fez essa abordagem revivalista ainda que de maneira menos declarada. Os quatro longos temas (ou não fosse Doom o subgénero em questão) de ‘Graves For Gods’ são essencialmente pautadas por um Doom cadavérico e arrastado encrustado nas graves e guturais vocalizações decalcadas do Death Metal na sua versão mais ríspida e uma formidável execução no que a riffs diz respeito. Um destaque para uma ligeira nuance no tema titulo onde é perfeitamente perceptível a inclusão de sonoridades de uma vertente do Doom (Drone Doom) característica dos sui generis Norte-Americanos Om. O grande senão de ‘Graves For Gods’ é no entanto a sua confessa e evidente falta de originalidade.
7/10
Jorge Pereira
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