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WOM Reviews – Neal Morse Band / The Bright Dark / Katre / Maladie / Dream Theater / Svntax Error / M1KE / GOAD

WOM Reviews – Neal Morse Band / The Bright Dark / Katre / Maladie / Dream Theater / Svntax Error / M1KE / GOAD

Neal Morse Band – “Innocence & Danger”

2021 – InsideOut Music

Não deixo de ficar impressionado com a proficiência criativa de Neal Morse. Podendo gostar-se ou não da sua música, qualquer fã de rock progressive terã de admitir que o seu ritmo de trabalho é impressionante. E sempre com altos níveis de qualidade – também não perdoa reunindo sempre nomes marcantes à sua volta onde tenho que referir obrigatoriamente Mike Portnoy, dois músicos que já têm uma parceria sólida com mais de duas décadas de muitos álbuns e concertos em cima. Este é o álbum em que a banda larga os álbuns conceptuais e volta a apresentar apenas canções ao longo de dois discos. E posso dizer que temos aqui algumas das mais brilhantes músicas compostas pelo grupo. Desde a abertura e memorável “Do It All Again” até aos épicos que compõem o segundo disco, “Not Afraid Pt. 2” e “Beyond The Years”. Seja nas músicas longas ou nas mais curtas, a excelência fica sempre marcada e este é apenas mais um ponto alto de uma carreira deslumbrante.

9/10
Fernando Ferreira

The Bright Dark – “MMXX”

2020 – Edição De Autor

Existem sempre coisas boas que resultam das coisas más, existe sempre um luz no horizonte, mesmo que a escuridão pareça ofuscar tudo e todos. Algo que até nos faz desejar por essa escuridão só pelo crescimento e possibilidades que a mesma pode providenciar. “The Bright Dark” é o álbum de estreia e o nome do projecto de Paulo Silva (dos Blame Zeus) que é verdadeiramente refrescante não só para quem acompanha o seu trabalho na sua banda principal como para quem gosta de música instrumental que nos transporta para outras paragens, dentro da nossa cabeça e sem sair do espaço físico onde estamos sediados. Um álbum rico em dinâmicas e em ambientes que até nem são muito distantes uns dos outros. Doze temas, um para cada mês do ano, inspirados pelos acontecimentos vivenciados internamente pelo músico durante o ano anterior. O conceito logo aí é vencedor, mas nem precisava de ser, com a música a fazer também a ponte (e muito bem) nesse aspecto. Fantástico trabalho que esperemos que seja o primeiro de uma carreira a solo com muito mais a explorar.

9/10
Fernando Ferreira

Katre – “Behind The Resilience“

2021 – Edição de Autor

Segundo álbum dos Katre e aquele que vai conquistar quem não tinha ficado nesse estado após a estreia de 2017 “Encounters” e sobretudo conquistar quem toma assim o seu primeiro contacto. Movendo-se no meio do pós rock, um género que poderá pecar por não oferecer grandes surpresas na sua fórmula, a força dos Katre é precisamente de conjugar o melhor das influências progressivas (tanto no rock como no metal) com aquelas que ambiências fantásticas e atmosféricas que são já expectáveis num trabalho que se insira no género. “Behind The Resilience” poderá ser suave, poderá não ser extravagante na forma como se insinua perante o ouvinte, mas é essa suavidade e essa regularidade que faz com que voltemos sempre, com entusiasmo redobrado. Um segundo álbum que fará com que a banda suba mais uns degraus na difícil cena do pós rock. E até ajudar a libertá-los, ao mesmo tempo, desse estigma – que a meu ver também está a desaparecer de qualquer forma.

8.5/10
Fernando Ferreira

Maladie – “…Symptoms III…”

2021 – Apostasy

Belíssimo. Absolutamente belíssimo. Não sendo representativo da abordagem da banda, este EP vai atrair não só aos fãs da banda – que têm espírito aberto – como também a quem procura música emocional e, a espaços, progressiva. Totalmente acústico, é impressionante ver a capacidade atmosférica que a sua música ganha quando lhe retiramos camadas e descobrimos que tantas, e tão valorosas, ficam para podermos apreciar. Um EP que não sendo para todos ainda assume um carácter mais especial. E uma banda que não descansa, tendo já o próximo álbum agendado para os próximos tempos.

8.5/10
Fernando Ferreira

Dream Theater – “A View From The Top Of The World”

2021 – InsideOut Music

Depois de “Distance Over Time” ser uma tábua de salvação para o desastre que foi “The Astonshing”, as minhas expectativas para “A View From The Top Of The World” estavam bastante altas. Expectativas que foram e não foram cumpridas. De um lado temos o peso na linha da frente e a dupla Ruddess e Petrucci a ser o óbvio destaque, com aquela fórmula que dá sempre resultado. De o outro temos um foco em temas mais progressivos e menos imediatos. O que resulta num álbum ao qual se gosta imediatamente mas que custa a ficar lá. E pode parecer porque não se sente que se tenha nada de realmente novo e este será o maior problema que a banda tem que lidar. O elemento de surpresa perdeu-se e vemos que a banda está numa gestão de carreira que é normal quando se atinge a notável marca de mais de quase quatro décadas. Infalível e imaculado nas prestações, e com um tema título a ser o grande destaque e aquele que realmente causa um imediato impacto positivo. Como todos os álbuns dos Dream Theater, esta é mais uma viagem recomendada e como tem sido o caso nos últimos trabalhos, um álbum ao qual é preciso absorver e dar-lhe a devida atenção. E depois receber aquilo que ele devolve. Neste caso, creio que vai devolver muito, ainda mais que o já mencionado “Distance Over Time” que à primeira impressão poderá parecer superior mas poderá muito bem tornar-se um dos mais sólidos trabalhos dos últimos anos.

8/10
Fernando Ferreira

Svntax Error – “Message”

2019/2021 – The Bird’s Robe Collective

Estreia dos australianos Svntax Error que depois de terem editado “Message” em 2019, vão reeditá-lo pela The Bird’s Robe Collective de forma a terem uma distribuição mundial. Interessante notar como este álbum editado num mundo pré-pandemia, acaba por fazer sentido que seja agora reapresentado quando está tudo tão diferente, principalmente no mundo da música. Mas essa honra é claramente merecida já que a banda consegue andar pelo pós-rock sem ficar contaminada pelo cansaço que o estilo potencialmente emana. Usa o velho jogo da construção lenta de climaxes e atmosferas mas fá-lo de forma gratificante onde as melodias são mesmo vencedoras. Uma banda sonora de imagens e momentos da nossa vida que provavelmente ainda não vivemos mas que gostaríamos muito. Confesso que aprecio mais os momentos instrumentais dos que dos vocalizados mas no geral é um álbum de estreia sólido.

8/10 
Fernando Ferreira

M1KE – “The Siege”

2021 – Edição de Autor

M1ke é o mesmo que falar de Miguel F. Silva, músico açoreano que já tem uma carreira com alguns projectos e bandas pelo seu percurso e que em tempos de pandemia decidiu optar um trabalho a solo. Ou melhor vários trabalhos a solo de onde este “The Siege” é o primeiro. Temos um rock e por vezes metal progressivo onde a emocionalidade da voz se sobrepõe a tudo o resto, mas que não dispensa bons pormenores instrumentais. Um trabalho maduro e fruto de toda a experiência de um músico só mas que também se sente que poderá ser o início para algo bem mais ambicioso.

7/10
Fernando Ferreira

GOAD – “La Belle Dame”

2021 – My Kingdom Music

Os GOAD são uma banda clássica de rock progressivo que provavelmente só os aficionados é que a conhecem. A sua carreira discográfica começou apenas na década de oitenta, muito graças a um tal Freddy Mercury que depois de ouvir o seu som recomendou-os a agentes norte-americanos que proporcionaram forma de gravar dois álbuns. A sua presença tem sido mais sentida no novo milénio e este é o seu mais recente trabalho. Uma abordagem muito pouco usual, que podemos até que é algo experimental. Como se pegássemos nos Genesis de Peter Gabriel e lhe juntássemos um sentido de melodia estranho mas cativante, e alguns sentidos de valor estético da década de oitenta. Não é música que encante imediatamente ao comum mortal mas para quem gosta de desbravar por rock progressivo extravagante, poderá ser uma boa recomendação.

6.5/10
Fernando Ferreira

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