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WOM Reviews – Nox Formulae / Haissem / Malleus / Malignance / Impenetrable Darkness / Arcada

WOM Reviews – Nox Formulae / Haissem / Malleus / Malignance / Impenetrable Darkness / Arcada

Nox Formulae – “Drakon Darshan Satan”

2020 – Dark Descent Records

Das terras da filosofia, os Nox Formulae apresentam o seu segundo àlbum Drakon Darshan Satan. Este é um daqueles casos em que é fácil ouvir a forte tradição do Black Metal  como dominadora no estilo da banda. Por outras palavras, este álbum equivale quase a uma purificação deste estilo na vertente mais recente – basicamente, é black metal moderno com poucas ou nenhumas intrusões de outros estilos. Drakon Darshan Satan em tudo parece ser um álbum satânico, contudo vai um pouco mais além e ainda toca em ramos mais esotéricos como o da tradição da Kabbalah (misticismo judaico) – é provavelmente irrelevante para muitos, mas pessoalmente aprecio sempre bandas que exploram estes temas mais alternativos e evitam que o satanismo – lembremo-nos que a personagem “satânica” é transversal a virtualmente todas as religiões e cultos que existiram/existem – se torne num regurgitar constante de “queima a igreja” e “Satanás é o meu anjo da guarda” sempre agarrados à prespetiva Cristã (curiosamente, o único outro exemplo que me lembro também desta corrente de black metal satânico que evita uma prespetiva meramente Cristã é Rotting Christ, também eles gregos, portanto: continua o bom trabalho, Grécia). Em termos sonoros: é uma muito boa mistura definitivamente acima da média, mas que também não me deixou totalmente fascinado por não ter nenhum elemento grandioso. Assenta um pouco na mistura entre o épico e no caótico, o que é sempre bom e com ritmos muito bem marcados (como na faixa “The Black Stone of Satan”). Para variar (ironia), um dos meus elementos favoritos continua a ser o uso de vocais limpos ao estilo de oração que de facto dão um impacto bastante importante na criação do ambiente do álbum, que não é tanto negro como é cinzento. Se não fosse a falta de um elemento que me explodisse com a cabeça como deve ser, provavelmente dava um score máximo a este trabalho, seja como for é excelente.
PS: quando ouvirem, não se assustem com a 6ª faixa que tem uma percursão de background que até pode ser confundida com o estilo de eletrónica de uma forma muito minimalista (fiquei admirado com o quão bem ficou neste contexto).

8.5/10
Matias Melim

Haissem – “Kuhaghan Tyyn”

2020 – Satanath Records

Este é um projecto que temos vindo a seguir com muita atenção e que nos tem surpreendido em todos os álbuns. Para relembrar para quem perdeu os episódios anteriores, Haissem é uma one-man band que tem o seu centro em Andrey Tollock e aquilo que traz é black/death metal melódico de grande qualidade. Em relação a “Demonotone”, há uma grande evolução onde os temas, todos longos e acima dos nove minutos, têm todos uma grande eficácia. Não é fácil termos um álbum com quatro temas longos e todos nos soarem logo bem à primeira. Este é sem dúvida um dos grandes vícios que vamos ter durante este ano de 2020.

9/10
Fernando Ferreira

Malleus – “Night Raids”

2018/2020 – Armageddon Label

Continuando na senda da reedição do (pouco) material existente dos Malleus, a Armageddon Label, disponibiliza agora em vinil este EP que nos traz dois temas, que tinham sido editados originalmente em 2018. Neste seu segundo EP e perante o que apresentaram anteriormente, não seriam expectáveis grandes mudanças criativas., certo? Errado. As influências Celtic Frost estão mais distantes e entra em cena uma abordagem mais black/thrash não tão clássica e até não tão evidente. Pesoalmente gostamos de ambas as abordagens, mas esta é sem dúvida a que está mais bem conseguida e até mais refrescante. Dois temas de oito minutos, resta saber se os próximos trabalhos da banda (que ainda não lançou mais nada desde então) vêm neste sentido ou se haverá mais uma mutação.

9/10
Fernando Ferreira

Malleus – “Storm Of Witchcraft”

2016/2020 – Armageddon Label

O início de “Winds Of Wrath / Ire” não engana ninguém. Celtic Frost, é o que mais se salienta. E por nós tudo bem. Em relação aos puristas da música original… já nem dizemos nada porque sabemos que não há nada que se possa fazer para mudar essa ideia. Mas para quem gosta da mistura primordial de música extrema que teve tanto na origem do death como do black metal e que continua a ser recriada hoje em dia graças a bandas como Malleus, este tipo de coisa é sempre bem vindo. “Storm Of Witchcraft” foi lançado em 2016 e agora repescado, em boa hora pela Armageddon Label em vinil, CD e cassete, depois de já o ter sido em 2018, em CD e vinil. Black/thrash primitivo, como manda a lei ditada pelos profetas Martin E. Ain e Tom G. Warrior.

8/10
Fernando Ferreira

Malignance – “Regina Umbrae Mortis”

2003/2020 – Black Tears Of Death

Reedição do primeiro trabalho dos italianos Malignance, editado no já longínquo ano de 2003. Bruto e in your face, esta formula de black metal faz-nos pensar num cruzamento entre um “Panzer Division Marduk” dos Marduk e um “The Codex Necro” dos Anaal Nathrakh, ou até mesmo um “Blasterpiece Theatre” dos December Wolves. Seja o que for, é algo que resulta muito bem, até mesmo agora que passaram quase duas décadas desde o seu lançamento. Para relembrar e adquirir.

8/10
Fernando Ferreira

Impenetrable Darkness – “Loyalty In Blackness”

2014/2019 – Black Saw Records

Já todos sabemos que o black metal grego é lendário, por ser bastante peculiar e apresentar uma vibe diferente das outras restantes formulas e tradições. Isso não impede, todavia, que tenhamos por vezes alguns que gostam mais da abordagem tradicional. E depois temos os Impenetrable Darkness que parece que adoram juntar ambas as vertentes que resulta em algo bastante refrescante, principalmente pela forma como as melodias surgem, como na excelente “With Sigils I Touch The Borders Of Evil”. Bom equilíbrio e bons temas, numa estreia que poderá ter passado um bocado despercebida na altura mas que continua eficaz hoje em dia.

8/10 
Fernando Ferreira

Impenetrable Darkness – “Loyalty In Blackness”

2020 – Edição de Autor

Quatro anos após o álbum, os gregos Impenetrable Darkness estão de volta e de forma algo surpreendente. Este EP é composto por dois temas onde a faceta mais primitiva e crua da banda está completamente exposta. Ainda há espaço para melodia mas é uma melodia agreste e, de forma paradoxal, melancólica. Nalguns momentos até mais tradicional no que ao metal diz respeito. A produção, também ela crua ajuda, a que esse feeling se estabeleça em definitivo – ajudava era ter um volume um bocado mais alto na mistura final. Para quebrar o interessante e para mostrar que a banda poderá surpreender num próximo lançamento.

8/10
Fernando Ferreira

Arcada – “Projections”

2020 – Edged Circle

Bem, reviews deste país não costuma ser tão recorrentes portanto há que aproveitar quando aparecem. Arcada, banda do Peru iniciada em 2012 com vários lançamentos de demos e um EP, apresenta agora o seu 1º álbum: Projections. Começamos com um bom aspecto, é Black Metal e é original, na medida em que aparentemente chuta o satanismo de lado e adota o gnosticismo como tema central (pelo menos a julgar pelos títulos “IAO” da segunda faixa e “Setheus” da última) – portanto tem a minha indivisível atenção.  O Black Metal deste grupo é um pouco difícil de definir para mim, porque ou tem elementos muito ligeiros de thrash metal ou então tem elementos clássicos de black metal como o som seco mas bem audível, mas como não entendo desse tipo de análises deixo apeas esse comentário.  Não é o melhor álbum para mim em termos sonoros, para ser sincero. Há umas secções mais repetitivas e menos energéticas além de existirem umas oscilações de poder que começam mal apesar de acabarem por melhorar na sua maioria (o pior caso que notei foi na 3ª faixa em chegamos a um ponto em que a bateria é muito mais ruidosa que a guitarra e então em conjunto com o vocal “screeched” tornou-se numa autêntica tortura ao ponto de que a música se transformou em barulho – contudo, atenção que isto não é constante no álbum). Fiquei desiludido para ser honesto, esperava algo diferente; apesar de considerar o processo criativo e temático tão importante como o da parte musical, a verdade é que na minha opinião perdem bastante com o seu tipo de som relativamente comum que infelizmente ainda apresenta alguns momentos menos felizes e outros de maior repetitividade (por volta do início da 3ª faixa, o som acaba por não sair mais da caixa e conforma-se, a meu ver).

6.5/10
Matias Melim

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