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WOM Reviews – Old Kerry Mckee / Wudewuse / Urze de Lume / La Chanson Noire / Lykantropi / Ad Infinitum / Ye Banished Privateers / Moonlow

WOM Reviews – Old Kerry Mckee / Wudewuse / Urze de Lume / La Chanson Noire / Lykantropi / Ad Infinitum / Ye Banished Privateers / Moonlow

Old Kerry Mckee – “Mono Secular Sounds”

2020 – Icons Creating Evil Art

Folk revolução. Não por ser contra o sistema – que de certa forma, até é – mas por lhe dar com um peso rock em cima. Não chega a ser totalmente distorcido mas tem tanta raiva e impacto como se fosse. Com a aura southern rock. Consta que a carreira deste Old Kerry Mackee começou como death metal numa banda mas mandou os colegas todos passear, arranjuma guitarra acústica, uma bateria caseira e um gravador e voilá, aqui temos uma sonoridade que não sendo algo original, soa-nos fresca e sincera. Acima de tudo sincera, do coração. Claro que para isso, soa rudimentar em muitos aspectos – a percussão é um deles – mas resulta. Resulta de forma perfeita e desconcertante.

9/10
Fernando Ferreira

Wudewuse – “Northern Gothic”

2020 – Edição De Autor

Uma boa surpresa para quem gosta da fusão do progressivo com o folk. Isto trazendo algo verdadeiramente único e inesperado. Há um feeling de uma ambiência quase fantasmagórica ao longo destes temas que assumem uma inocência quase como se estivessemos na década de sessenta a ouvir temas acústicos dos The Beatles. Há um certo teor de experimentalismo também por aqui tenho de confessar, mas nada que quebre com o ambiente atrás referido, com até algum psicadelismo à mistura. Seja nos temas instrumentais ou nos cantados em norueguês, o efeito é semelhante, de espanto pela simplicidade e eficácia. O minimalismo sem o ser realmente com a excelência a ser uma certeza.

8.5/10
Fernando Ferreira

Urze de Lume – “Candeias Nos Ermos”

2020 – Edição de Autor

Sempre fui da opinião que o nosso folclore (ou seja, a nossa cultura) tem histórias que poderiam muito ser inspiradoras para a música e até para o cinema. Os Urze de Lume já nos habituaram a coisas do género e agora ainda aprofundam mais com este EP “Candeias nos Ermos”. Dividido em quatro actos, temos gravações que misturam sons captados na região de Trás-os-Montes e que ajudam a estabelecer um ambiente digno de filme de terror. Não é um lançamento como aquele que estamos habituado a ouvir por parte deles, onde há um sentimento mais minimalista que percorre todo o trabalho entrando mais pelos domínios do ambient em vez do folk. E resulta muito bem, com o conceito a ganhar vida de forma impressionante.

8/10
Fernando Ferreira

La Chanson Noire – “Cruz Credo”

2020 – Raging Planet / Chaosphere / Larvae / Violeta Exótica

Já sabemos que para nos preparamos para La Chanson Noire temos que ter um espírito aberto. A capacidade de misturar diversos géneros e influências sempre foi uma das suas maiores características e aqui não haveria razões para mudar. Até na língua (inglês, francês e português) temos essa heterogeneidade, fazendo com que este álbum seja uma verdadeira caixa de surpresas conforme se vai dedicando a atenção. Na maior parte das vezes minimalista, com o piano e a voz a serem os pontos mais comuns, “Cruz Credo” lida com as emoções, sendo despido e despindo-nos a nós também sem que se lhe dei a devida autorização. Sem protestos porque por essa altura já estamos conquistados.

8/10
Fernando Ferreira

Lykantropi – “Tales To Be Told”

2020 – Despotz Records

Boa onda. Que som tão boa onda. O comunicado de imprensa fala em mistura de rock e folk e eu até acrescentaria um bocado de progressivo mas só tenho resistência em fazê-lo porque poderá provavelmente levar a uma ideia errada. O mais correcto será pensar em no rock clássico da década de setenta, que não é abrasivo mas suave, muito suave. Mesmo, lá está, boa onda. Não será indicado para quem procura distorção e peso nem para quem gosta de exibições de virtuosismo – embora elas existam mas são muito discretas, e suaves, aliás, como o próprio som. Há sim um forte bom gosto constante que faz com que este álbum seja o ideal para relaxar. E quem diria que o rock não pode relaxar? Pode fazer isso e muito mais.

8/10
Fernando Ferreira

Ad Infinitum – “Chapter I Revisited”

2020 – Napalm Records

Esta é inesperada. Os Ad Inifinitum lançaram o seu álbum de estreia poucos meses atrás – um álbum que não me impressionou particularmente e agora apresentam esse mesmo álbum de forma acústica. Uma ideia que tinha tudo para não resultar e provavelmente para grande parte dos críticos de “Chapter I: Monarchy” não vai mudar as suas posições mas confesso que este reinterpretação acústica entrou-me muito mais facilmente que o álbum original. Os arranjos acústicos realmente elevaram a musicalidade destes temas e até os tornaram um pouco mais originais. O que me deixou com vontade de ouvir o original, cujo problema era mesmo o excesso de lugares comuns do metal sinfónico. E não é que o chavão do menos é mais por vezes é mesmo verdade?

7/10 
Fernando Ferreira

Ye Banished Privateers – “Drawn And Quartered”

2020 – Napalm Records

Sou fã assumido destes piratas do folk. O facto de manterem as coisas acústicas é sem dúvida um factor de originalidade e como tal, as expectativas eram grandes para este pequeno EP com cariz natalício. Expectativas que não foram propriamente satisfeitas já que dois temas nunca chegam. Ainda assim, o Natal não poderia ser melhor celebrado mesmo num ano em que não apetece celebrar absolutamente nada.

6.5/10
Fernando Ferreira

Moonlow – “Who Are You?”

2020 – Trepanation Recordings

Se quiserem qual é a banda sonora de um pesadelo, poderão começar por este “Who Are You?”. Quando digo isto não me refiro a um pesadelo cinematográfico, onde o que temos é momentos de suspense onde a música interage com as imagens. Não, estou mesmo a falar de pesadelos, daqueles que não percebemos, na generalidade, e normalmente não temos qualquer tipo de poder, sendo que a nossa única reacção é de paralisação e de terror. Agora imaginem isso dividido por dez temas em quarenta e cinco minutos. Cada tema representa um tema e foram todos compostos e gravados de forma rápida e quase por acção directa do inconsciente por parte do seu mentor Dust. Noise, ambient, dungeon-synth, ajudados por vocalizações que ajudam a aumentar o desconforto, este é um trabalho que admito não querer ouvir mais mas que tenho que reconhecer a sua eficácia. Isto tendo em conta que o objectivo seria provavelmente criar terrores nocturnos.

6/10
Fernando Ferreira

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