WOM Reviews – Omitir / Slagmark / Nyrst / Dysylumn / Sinistral King / Ventr / Sibireal / Intolerant
WOM Reviews – Omitir / Slagmark / Nyrst / Dysylumn / Sinistral King / Ventr / Sibireal / Intolerant
Omitir – “Ode”
2020 – Loudriver Records
A beleza da nossa musicalidade, exposta em 6 temas. poderia ficar por aqui, de certo modo. Toda a beleza que irradia deste trabalho – o 4-º longa-duração – mostra o expoente máximo da criação, o climax da realização musical… sei, sim, que este trabalho me deixa sem palavras tal é a beleza do mesmo. Burzum, Drudkh… simples comparações, inatingíveis ou não, isso ficará sempre ao vosso critério. Omitir é o som de Portugal, mas aquele Portugal que labora no campo, que ergue o punho em raiva, pelo Sofrimento e pelo Pesar da Morte. É Poesia em forma de Black Metal. Sim, porque é de Black Metal que falamos, é no Black Metal que se assenta Gróvio, o génio criativo. Exagerado? Será esta uma hipérbole? Quiçá, quem sabe. Ou talvez não. Sigo Omitir já há uma larga série de anos e é com imenso prazer que observo um crescimento exponencial no seu trabalho, mas este “Ode” é absurdo, é desmesurada a qualidade aqui existente. Mais uma vez: exagero, quiçá. Sinceramente, que mais dizer? “Ode” é a banda-sonora daquele Portugal pré-74, ali no limiar da Revolução Agrícola, um misto da revolta provocada pela opressão política e o vislumbre de uma salvação às mãos do Homem, do seu semelhante. Há Angústia e Pesar, há Beleza e Doçura. Há toda uma panóplia de sentimentos espalhados por todas estas 6 faixas. Há Meiguice na voz e Mágoa nas linhas instrumentais. Há Jerónimo de Sousa na “Vera Busca”… há Povo e Liberdade. Há álbuns que nos marcam, que tomamos como nossos, com os quais identificamos, “Ode” é um deles. Imagens de vales e montanhas, riachos e campos de cereais, a revolta do proletariado e o ressurgimento da Coragem.
10/10
Daniel Pinheiro
Slagmark – “Purging Sacred Soils”
2020 – Purity Through Fire
Pouca informação consegui obter acerca deste duo alemão, para lá destes dois factos referidos, e o terem já, ambos músicos, uma série de anos na cena Black Metal (Asenheim, Eisenkult, Totenwache, Rituals of a Blasphemer, Sarastus, Sarkrista, ex-Goats of Doom (músico ao vivo) – obrigado, Metal Archives). “Purging Sacred Soil” é a apresentação, por assim dizer, deste duo ao Mundo. 7 temas de Black Metal com clara inspiração na 2.ª vaga, mas actualizados, refrescantes. Soa a Black Metal que a mim me agrada! Black Metal melódico, mas ao qual não falta força e / ou presença. As vocalizações são aquilo que se quer, aquilo que se espera quando se lê “Black Fucking Metal”! Segundo o M-A – mais uma vez – há aqui uma certa influência / inspiração / whatever de Black Metal finlandês, especialmente Satanic Warmaster e Horna, com o qual concordo. Há uma linha estrutural muito bem trabalhada, com muita melodia, como já referi, com momentos quase épicos, sem cairem na… sem serem corriqueiros. Recurso a teclas, pontual, com as quais criam atmosferas e, mais que isso, intros (quase intros, vá) que antecedem explosões de força (“Built on Bone Hills”, booooom). A bateria, as guitarras, as vozes, há velocidade… há uma atenção à melodia, que em nada retira uma grama de força ao produto final. Sim já o disse 253564755809 vezes, mas este será, talvez, um dos pontos mais fortes deste álbum: essa dinâmica que o duo consegue criar entre a melodia e a força (os Cénotaphe avançaram com a mesma linha, mesmo Caverne… tudo franciús, sim). Este ano já sairam N coisas boas e bonitas, mas é bom ver que o resto do ano ainda nos reserva muitas mais. Senhores e senhoras… dêem aqui uma escutadela, vá.
9/10
Daniel Pinheiro
Nyrst – “Orsök”
2020 – Dark Essence Records
A Islândia tem um encanto muito especial. Uma mística que é transportada muitas das vezes para o seu som. Curiosamente, no caso dos Nyrst, isso até nem acontece, porque apesar da nacionalidade da banda, o som é um black metal típico da segunda vaga. Isso, contudo, não lhe retira uma pinga de valor. Muito pelo contrário. São os quarenta minutos mais rápidos que tive nos últimos tempos. Violento, rápido e negro, com aquelas melodias e ambientes macabros já expectáveis, esta proposta pode não ser revolucionária mas sem dúvida que satisfaz o desejo de requinte pelo melhor black metal.
9/10
Fernando Ferreira
Dysylumn – “Occultation”
2020 – Signal Rex
Como que a antever o lançamento do mais recente trabalho, “Cosmogonie”, a Signal Rex abriu meses antes o apetite com o anterior álbum de originais, este “Occultation”, o anterior álbum, segundo da discografia da banda francesa. Temos um black metal que chama a si vários elementos de outros géneros mas fá-lo de forma a que não se sinta sequer que estamos perante espécies invasoras. Longe disso, as tapeçarias sonoras que são criadas aqui fluem muito bem, de forma natural. Quase como se fosse resultado de uma intervenção divina. Ou profana. Um belo preparativo sem dúvida.
8.5/10
Fernando Ferreira
Sinistral King – “Serpent Uncoiling”
2020 – Vendetta Records
Pouca informação há sobre este trio para lá do facto de ser um banda que conta com membros da Suiça, da Noruega e da Alemanha. Os mesmos “ocupam vagas” em Triumph of Death – aquilo que o Tom G. Warrior criou para tocar os hinos de Hellhammer – Unlight e Vredehammer. Não são, portanto, músicos sem noção daquilo que fazem, ou limitados a A ou B. O som de Sinistral King é bastante cheio e pomposo – tão pomposo quanto o Black Metal “permite” que seja. Coros operáticos, um som de bateria imenso, enorme, limpo. Este “Serpent Uncoling” segue a linha dos grandes álbuns de Black Metal dos anos recentes a nível de produção essencialmente. Rotting Christ vem-me, assim de repente, à ideia. Aquele som que podemos, também, associar a Septic Flesh. Não vive de ritmos exageradamente acelerados ou agressivos, mas sim de composições densas e… pomposas. Um ritmo mid-pace na generalidade, dando-lhe um balanço muito forte. Mostra que velocidade não traz, obrigatoriamente, musicalidade. 5 malhas bastante longa, passando todas a casa dos 5 minutos. “Nahemoth” e a sua “pausa” para o momento mais calmo e solene, para logo de seguida arrancar com um riff Black Metal que, por sua vez, segue para um solo, que encaixa na perfeição no momento, seguido de um outro solo, quase Heavy Metal Tradicional. Há aqui muita atenção ao detalhe e aos pequenos pormenores musicais que vão preencher vazios. Se bem que não há vazios, não há aquela ideia de que “falta aqui A ou B”! Não. A banda consegue criar uma teia que torna as malhas em pequenos épicos! Mas a mesma não esquece as raizes que deram origem àquilo que a banda é: Black Metal. “Isheth Zenunim”, com o seu início claramente assente num Black Metal agressivo e áspero, que contrabalança muito bem com as mudanças de ritmo e dinâmica que apresenta. A banda joga muito bem com estes dois estados,s e assim os posso descrever: a aspereza do Black Metal mais furioso, e os momentos em que toda uma calma e melodia tomam as rédeas. Há um recurso a solos, algo pouco usual no Black Metal – que eu escuto – pelo que kudos por tal. O recurso a coros com o forma de tornar o som ainda mais cheio e pomposo, resulta muito bem, dando uma aura imensa à composição. O encerro do álbum e as orquestrações – quase – operáticas assumem o poder e controlo da composição. A bateria, meus senhores, está mais uma vez imensa. Que trabalho de pés, que ritmo, de balanço e que groove – pesado, claro – que o mesmo impõe. Mais coros operáticos eheheh não soubesse as nacionalidades dos músicos, apontaria a agulha para a Grécia, sem dúvida alguma. No geral, um trabalho de Black Metal que agradará a todos aqueles que gostam de temas épicos, assentes em orquestrações imensas, com músicos que não receiam demonstrar as suas capacidades técnicas. P.s.: o último tema, “Where Nothingness Precedes Cosmos”, é a perfeita representação do som que estes Sinistral King fazem.
8/10
Daniel Pinheiro
Ventr – “Numinous Negativity”
2020 – Signal Rex
E o panorama nacional de Black Metal abre os seus braços em honra da mais recente entidade: Ventr. Poderá soar um pouco melodramático demais, mas a verdade é que não me canso de dizer que de dia para dia mais e melhores projectos têm surgido em Portugal, mostrando que estamos, sim, ao nível do melhor que se faz lá fora, não haja dúvida alguma! Ao contrário de outras épocas na História, uma grande maioria do que hoje em dia surge, em Portugal no Black Metal, tem elevada qualidade. A par de novos projectos, a Signal Rex continua a marcar pontos e a apresentar-nos mais e melhores propostas. Torna difícil gerir economias. Ventr, que estarão presentes em mais uma edição do IRM – a par de Ancient Burial, mais um “super-grupo” do Black Metal português – editaram este ano o seu primeiro trabalho, ” Numinous Negativity”. 4 temas de um Black Metal encorpado e escuro. Ao contrário de muitos projectos / bandas mais recentes, a produção é bastante limpa, permitindo que o ouvinte tenha acesso aos detalhes que, de outra forma, se perderiam. A temática, direccionada para uma adoração espiritual subversiva – aos olhos de alguns – aporta uma aura mais negra, nefasta e demoníaca à criação musical. Cada tema é uma prática ritualística, cada tema é um passo em direcção a um abismo sem fundo. Ventr, nova entidade Negra e Infernal.
8/10
Daniel Pinheiro
Sibireal – “Blood Color Sky”
2020 – GrimmDistribution
Segundo trabalho para os Sibireal que puxam elementos Black para o mundo do Thrash. Após o tema de abertura que demonstra uma faceta tribal quase “á la roots”, esta banda personifica o som da zona leste da Europa com riffadas à medida por vezes com uma vertente ligeiramente “Maiden”, repetitivas mas bem encaixadas. Vozes atravessam a fronteira entre o screamo e o gótico. Um daqueles alguns que não traz nada de novo mas que certamente solidifica a presença dos SIbereal.
7/10
Fernando Monteiro
Intolerant – “Primal Future”
2020 – Time To Kill Records
Num mundo onde existem inundações de bandas do género Intolerant facilmente se afogam. Black e Noise que se torna repetitivo especialmente quando a bateria ou neste caso o que parece ser percussão feita com teclado e uma produção que deixa muito a desejar. Sim, são apenas dois elementos neste projecto mas não existe uma faixa que se destaque. Desde o principio ao fim, um constante assalto aos ouvidos.
3/10
Fernando Monteiro