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WOM Reviews – Saigon Would Be Seoul / Dismal / Casanora / Hannah Aldridge / Brudini / Sattyg / Asgard / Rocket Freudental

WOM Reviews – Saigon Would Be Seoul / Dismal / Casanora / Hannah Aldridge / Brudini / Sattyg / Asgard / Rocket Freudental

Saigon Would Be Seoul – “The Human Stain”

2020 – {int}erpret null

O que me fascina no ambient é a aparente simplicidade e minimalismo. Nem sempre isto equivale a música memorável mas quando as coisas estão conjugadas da melhor forma, temos álbuns como este “The Human Stain”, que é o perfeito exemplo daquilo que quero retratar. Consta que este segundo álbum a solo de Mirza Ramic (do duo Arms And Sleepers) é bastante diferente do primeiro, onde a vertente do piano era omnipresente. Aqui temos sem dúvida algo mais do que apenas o piano que apesar de continuar bem presente, acaba por ser actor secundário em relação aos ambientes que são criados, aos espaços vazios que apenas aparentam estar vazios. Música ideal para ilustrar o quadro de um retrato de um bar escuro onde o fumo turva tanto como o álcool turva as ideias. Melancólico e memorável, é o retrato de um excelente álbum de ambient.

9/10
Fernando Ferreira

Dismal – “Quinta Essentia”

2020 – Aural Music

A beleza deste álbum dos Dismal é impressionante. Se o género gótico não parece ter nada para nos oferecer (à partida) que nos impressiona, a forma como a banda italiana consegue romper com essas convenções para apresentar algo de invulgar é fantástica. É certo que o gótico surge aqui acompanhado com um espírito neo-clássico e onde até os elementos tradicionais do rock dão uma perninha. Mais do que músicas estruturadas da forma convencional, temos peças de beleza única que dão um ar teatral e criam-nos imagens marcantes, ajudadas também pelos samples que usa. Uma viagem que se recomenda.

8.5/10
Fernando Ferreira

Casanora – “Sadness For Free”

2020 – Ambulance Recordings

Frio, muito frio. É o que o EP de Casanora nos traz. Um frio gélido mas familiar. Daquele normalmente encontramos nos trabalhos de ambient chill out. Ao longo destes vinte e dois minutos que nos criam imagens de uma procura incansável pela sanidade, uma procura que não há qualquer tipo de garantia que seja bem sucedida. O impacto cinematográfico é enorme e não é difícil perceber a forma como ficamos agarrados e a recordar filmes que ainda não os vimos. Não sendo propriamente agradável é música que nos marca. Para os amantes de darkwave/ambient chill out electrónico, absolutamente recomendado.

8/10
Fernando Ferreira

Hannah Aldridge – “Live In Black And White”

2020 – Icons Creating Evil Art

O nome de Hannah Aldridge não será estranho não só para quem conhece country e a música que o seu pai, Walt Aldridge, escreveu, tocou e produziu mas também por ser uma artista que desde a sua estreia em 2014 tem chamado a atenção da crítica norte-americana. Aqui ela cumpre o seu desejo de voltar às raízes, com um álbum ao vivo (e com alguns convidados onde se inclui o seu pai), acústico, intimista onde evidencia todo o seu talento em temas quase (senão por completo) autobiográficos, numa mistura de folk, Americana, country e blues. A sua voz aponta mesmo em alguns momentos para o blues e é arrepiante.

8/10
Fernando Ferreira

Brudini – “From Darkness, Light”

2020 – Apollon Records

A música pesada é vasta e dentro dela, dentro das franjas da música mais alternativa, temos muitas propostas que apesar de não serem pesadas, são incomuns e obrigam-nos a questionar a nossa própria perspectiva que temos da música em si assim como da vida. Algures entre o spoken word (a fazer a declamação de Jim Morrison no seu “American Prayer”) e o neo-folk, como se fosse um Boyd Rice mas sem polémicas a puxar ao fascismo e nazismo. São momentos muito belos que se consegue atingir em alguns momentos, quase como se fosse um trip hop acústico. Poderá ter um fio condutor demasiado disperso mas não deixa de ser uma estreia discográfica recomendada para quem gosta de coisas diferentes.

7/10
Fernando Ferreira

Sattyg – “Legends Part I”

2020 – War Productions

Tenho uma relação de amor-ódio com o dungeon synth. Amor porque me traz nostalgia em relação aos tempos em que estava a dar os primeiros passo na música como executante. Ódio porque raramente os resultados são dignos de nota e/ou memoráveis. Tenho que me render a Sattyg. Apesar de na teoria esta entidade não traga nada de diferente ao estilo – é até bastante fiel aos parâmetros do mesmo – as melodias que reúne nestes temas são realmente boas. Sem grandes expectativas e efusividades, “Legends Part 1” traz-nos oito temas aos quais não consigo ficar indiferente. Claro que temos que entrar no espírito da coisa e estarmos minimamente relaxados. Curioso em ouvir a segunda parte.

7/10 
Fernando Ferreira

Asgard – “Ragnarøkkr”

2020 – Pride And Joy Music

Formados em 1986, os Asgard são uma banda italiana de diferentes estilos que após vários anos de lançamentos com espaços razoáveis, a banda fez uma pausa em 2000 para agora, 20 anos depois, lançar o seu mais recente álbum: Ragnarøkkr. Infelizmente, não é um trabalho para mim, mas apesar disso suponho que vários gostarão deste trabalho por o considerarem inovador e diferente; por outro lado, para mim, este é um trabalho que prova que nem toda a inovação é boa. E porque digo isto? Porque Ragnarøkkr funde folk metal e um estilo de progressivo enquanto salpica com outras influenças algo aleatórias (sente-se um toque de de NWBHM e de psicadélico, também). O álbum é dotado de um ambiente relativamente positivo (um pouco estranho visto que é acerca do fim do mundo de acordo com a mitologia nórdica) e lá variedade não falta em termos das diferentes sonoridades de cada faixa. Há uma ou duas faixas que consigo apreciar, mas nas restantes há uma estranha interferência de vários elementos que se encontram em posições constrangedoras… seja o teclado eletrónico, seja a flauta repentina, seja o fim abrupto da sexta faixa. Portanto, se procuram inovações, este é um álbum a recomendar, independente de eu não ser seu fã.

5/10
Matias Melim

Rocket Freudental – “Erdenmenschen, Weggetreten”

2020 – Treibender Teppich

Pensem no psicadelismo da década de sessenta, pensem no krautrock, pensem no industrial próprio da década de oitenta movido a sintetizadores arcaicos. Pensem nisto tudo, misturem e sirvam cantado em alemão como se fosse um marechal maluco a declamar aos seus soldados. Parece algo estranho não é? Nem sabem da missa a metade. Não é melódico nem agradável aos ouvidos porque há sempre um cruzamento entre o registo de voz que serve de contraponto à música. Um cruzamento que nem sempre funciona. Pelo menos aos meus ouvidos.

4/10
Fernando Ferreira

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