Review

WOM Reviews – Satyricon / Master Boot Record / Ziggy Stardust: 50 Years Later / Xiphos

Satyricon – “Satyricon & Munch”

2022 – Napalm 

Nunca se viu um disco a surgir tão de repente, a reunir uma série de opiniões negativas e a desaparecer de cena como esta mais recente experiência sonora dos Satyricon com Edvard Munch, pintor cujo trabalho até adornou o mais recente álbum da banda norueguesa. Devo dizer que a minha apreciação, contrário ao que é comum ouvir, não é má. Há no entanto alguns pontos que são fundamentais ter em conta ter para compreender a minha posição. Primeiro, logo desde início este não seria um trabalho que pudesse ser comparado com qualquer coisa que os Satyricon tivessem feito. Aliás, o seu maior problema é mesmo ter ali o nome Satyricon. Porque de resto, dentro da música experimental que se espera – até porque era para acompanhar a exposição de Munch – enquadra-se perfeitamente. E para os apreciadores de ambient, ainda mais se enquadra, sendo uma única faixa com quase uma hora de duração mas que nos coloca através de diversos momentos que ciclicamente se torna uma viagem interessante. Não é nada que aponte referências em relação ao que os Satyricon fazem ou já fizeram (daí a minha opinião de que deveria ter uma designação própria) mas uma proposta muito interessante para quem gosta de música experimental. Aliás, mais que interessante, excelente.

9/10
Fernando Ferreira


Master Boot Record – “Personal Computer”

2022 – Metal Blade

Esta banda tinha tudo para não achar grande piada ao seu som. E até de estranhar de estar numa editora como a Metal Blade. Verdade seja dita, também não tenho grande justificação para isso. A música instrumental apela mais a um público que goste daquele som retro de sintetizadores da década de oitenta e da forma como o mesmo era usado no contexto de bandas sonoras. Claro que temos uma componente forte a nível da estrutura de temas de metal, com percussão (ainda que digital) e com riffs (ainda que digitais). É mais de uma hora de música, o que poderá parecer exagerado, mas no final resulta, e resulta muito bem. Ao ponto de se tornar viciante.

8.5/10
Fernando Ferreira


V/A – “Ziggy Stardust: 50 Years Later”

2022 – Pale Wizard

Gosto destas experiências, por mais que sirva para atirar areia para os olhos daqueles que debatem a temática “originais vs covers”. Mais do que um tributo a um artista específico (que acaba por ser sempre) temos uma homenagem a uma das suas obras maiores e é sobretudo impressionante ver como diferentes bandas/artistas foram tocadas pela obra e com resultados tão díspares. Temos o peso e o alternativo a convergir na melodia para apresentar um tributo  a um dos grandes discos do (glam) rock com mais ou menos diferenças acentuadas em relação ao original. A rendição de “Starman” pelos Mother Vulture e da “Suffragette City” pelos Raging Speedhorn são das mais bem conseguidas num lote que qualquer fã do álbum vai considerar riquíssimo ou, no mínimo dar vontade ouvir o original novamente. Só isso é ouro.

8.5/10
Fernando Ferreira


Xiphos – “On Beheading the Thalassocratic Vipers”

2022 – Khthon

Khthon é a recém criada entidade editorial por André Coelho (autor, ilustrador e músico de projectos como Metadevice Sektor 304, Profan, Mecanosphere, Sparagmos, Kult entre muitos outros) que pretende reunir e editar, por enquanto, em formato digital trabalhos do seu passado ainda por lançar e outros projectos que despertem o seu interesse. É o caso de Xiphos, este projecto de industrial marcial onde junta o ambient agressivo com o noise e drone experimental numa experiência transcendente que é tão abrasiva como também nos coloca num estado de transe. O fino equilíbrio entre estas duas fases não é nada fácil de conseguir mas que aqui está bem atingido.

8/10
Fernando Ferreira


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