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WOM Reviews – Skratte / Wizardthrone / Salduie / Svartghast / Feuerschwanz / All Wasted / Harkane / Arcane Existence

WOM Reviews – Skratte / Wizardthrone / Salduie / Svartghast / Feuerschwanz / All Wasted / Harkane / Arcane Existence

Skratte – “Akt 1: Ein Feuer EntFacht”

2021 – Northern Silence Productions

Ao ouvir a intro “Ein Ruf…” fiquei fascinado. Há algo em ter peças acústicas/instrumentais que consigam criar uma mística muito própria que me fascina. Esta é mais uma aposta da Northern Silence e mais uma one-man band (este parece ser o camnpo de especialização da editora) que nos traz black metal meio épico e melódico. Ao contrário da maioria das apostas da independente alemã, esta estreia é mesmo valorosa. Tem um ambiente a puxar ao folk/pagão/viking digno de nota e os temas conseguem cativar de forma impressionante. É um álbum ambicioso, com mais de uma hora de duração mas essa ambição é recompensada com uma produção sólida e pelas composições dinâmicas. Os tais pormenores acústicos da intro arranjam forma de aparecer no meio dos temas e só lhes traz mais riqueza e bom gosto. Há um definitivo contar de história ao longo do álbum. Estando em alemão, é-me impossível perceber o que tem como conceito mas o facto da música ser boa o suficiente para nos deixar interessados também é digno de nota. Recomendado para quem gosta de black metal pagão e épico.

9/10
Fernando Ferreira

Wizardthrone – “Hypercube Necrodimensions”

2021 – Napalm 

Tão bom aparecerem bandas que náo se conhece de lado nenhum e deixar-nos a perguntar “o que raio se passou aqui?” Calma, em relação às vossas expectativas tenho que avisar já que os Wizardthrone podem ter um nome que não faz grande sentido e um logo a fazer lembrar qualquer coisa deathcore mas que o que fazem não é de todo original. No entanto, tocou aqui nos botões correctos deste vosso escriba porque fez lembrar a mistura vencedora que os Children Of Bodom tinham na sua estreia (e depois dela) que soava refrescante, uma espécie de mistura entre black/death e power metal neo clássico. Agora juntem a essa equação a capacidade bombástica que os Bal Sagoth tinham de contar histórias (principalmente ali por volta do “Battle Magic”) e está composto o ramalhete para um álbum com capacidade para me transportar novamente até ao final da adolescência – essa magia, essa viagem, não tem preço. E nem é preciso referir que conta com membros de Alestorm, Nekrogoblikon, Citadel, Forlorn, Aether Realm e Gloryhammer.

9/10
Fernando Ferreira

Salduie – “Ambaxtos”

2021 – Edição de Autor

É possível ficar-se logo fascinado com um/a banda/álbum logo ao primeiro tema/intro? Claro que sim, tal como é possível ver esse sentimento bonito da paixão à primeira audição reverter-se logo poucos segundos o início da faixa seguinte. Não é o que acontece aqui. Estes espanhóis conseguem contagiar com o seu folk metal que, sendo sincero, não se incomoda muito com o facto de estar cheio de lugares comuns. E não tem de se incomomdar, afinal se estão a tocar folk metal, o mínimo que podem fazer é soar a tal. E soar com qualidade, que é algo que fazem com mestria. Mais valor por cantarem em castelhano e por focar as lendas e tradições da sua região. É um dos propósitos da música e da tradição oral – o perpetuar a história e cultura. Vício, garantidamente.

9/10
Fernando Ferreira

Svartghast – “Perdition”

2020 – Dusktone

É com álbuns como este “Perdition” que bate a saudade nostálgica do black metal sinfónico sem que por isso signifique que se tem black metal melódico. Isto porque apesar da capa manhosa principalmente no uso do lettering, a inclusão de arranjos orquestrais não significa um adocicar e aligeirar o peso. A aura é ameaçadora e os níveis de intensidade bem elevados. O álbum sendo relativamente curtos (não chega a quarenta minutos) também ajuda a que a audição seja recompensadora para quem abandonou o estilo nos primeiros anos do novo milénio. Se fossem todos assim, a coisa não tinha corrido como correu mas adiante, o que foi não volta a ser. “Perdition” é ingénuo como deve ser qualquer álbum de estreia mas revela um talento em bruto por parte deste talentoso duo sueco – where else?

8.5/10
Fernando Ferreira

Feuerschwanz – “Die Letzte Schlacht”

2021 – Napalm

Tenho a impressão de que pareço um disco riscado mas enquanto for motivado pelas sensações, não há outra volta a dar: é absolutamente estranho termos álbuns ao vivo gravados no contexto da pandemia (ou seja registados em estúdio ou sala fechada sem público), sentindo-se o expoente máximo da frieza daquilo que vivemos neste momento. Será um “normal” passageiro mas esse normal ainda fica mais díficil de assimilar quando se tem o vocalista a falar na sua língua, alemão, para um público. Claro que uma banda que canta em alemão não se esperaria que falasse com o seu público em inglês. No entanto, como um disco ao vivo, os valores de estranheza disparam. O que vale é que musicalmente é uma autêntica festa folk, daquelas que não nos importamos de rever vezes sem conta. No final é mesmo isso que importa mas os pormenores citados atrás são o suficiente para poder tirar a vontade aos mais exigentes.

8/10
Fernando Ferreira

All Wasted – “Burn With Me”

2021 – WormHoleDeath

Já fui enganado antes mas mesmo assim, sempre que ouço uma banda com um certo e determinado estilo, é impossível que não diga… “sueco”. E neste caso acertei, os All Wasted são mesmo suecos e a sonoridade é death metal melódico. Será que o som é também assim tão previsível? Bem, um bocado. Faz lembrar um pouco os Dark Tranquillity, caso tivessem continuado com as guitarras (e com peso bruto incrementado) em vez de abrir espaço para os elementos electrónicos ali na fase do “Haven” e do “Projector”. A única parte que é surpreendente nisto tudo é que apesar de todas estas condicionantes previsiveis, as músicas são mesmo muito boas. Ao ponto de nos deixar divididos e deixar cair todas as objecções que se possam ter em relação ao déjà vú. Conflito que dura pouco tempo. Quando se dá conta, já se está na segunda audição.

8/10 
Fernando Ferreira

Harkane – “Fallen King Simulacrum”

2020 – Dusktone

Os italianos Harkane surpreenderam por momentos na primeira audição. Isto porque não esperava uma produição tão forte e tão cheia. Depois cedo kse começou a interiorizar a fórmula que não é tão fora de vulgar como isso. Para quem conhece e aprecia (ou mesmo quem não aprecia) death/black metal à boa maneira dos Behemoth, encontrará muitos pontos de referência e alguns déjà vús. Nada que retire o gozo da audição e do poder evidenciado ao longo de temas como “Caligula” e “Dakhma” mas não é essa a sua melhor característica. É a dinâmica a e a variedade que torna este álbum interessante mesmo quando se julga que o mesmo já não tem segredos para desvendar. É também o que lhe permite ir crescendo a cada audição. Está estabelecida uma base bastante interessante para o futuro, veremos o que é feita com ela.

7.5/10
Fernando Ferreira

Arcane Existence – “Colossus “

2021 – Edição de Autor

Quantas vezes não enunciei que estavamos de volta à década de noventa? Muitas? Pois, esta vai ser mais uma. Os Arcane Existence vão buscar a inspiração ao entusiasmo que havia por volta da segunda metade da década de noventa e misturam argumentos de black e death metal melódicos, com a voz feminina a ter preponderância enorme no factor atractivo do seu som. Algo que soa desactualizado nos dias de hoje? Um pouco, sim, mas bem feito. Aliás, este é o potno que é preciso focar. Tanto a produção como a composição em si revealam bom gosto e mesmo sem ter um tema que seja propriamente memorável, este é um álbum que se com prazer – bastando para isso apreciar os estilos em questão.

7/10
Fernando Ferreira

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