WOM Reviews – The Howling Void / Lord Of The Lost / Jolle / Majustice
The Howling Void – “Into Darkness Ever More Profound”
2023 – Funere
O Funeral Doom Metal é mesmo um gosto adquirido. E mesmo assim, podendo haver sempre algo que me prove o contrário (que deverá haver), não é um género que ouça todos os dias, já que é impossível aguentar tanta miséria humana. No entanto, aquilo que sempre me cativou neste género, é a beleza da sua música. Beleza melancólica e muitas vezes depressiva, mas ainda assim, sem dúvida que é uma beleza omnipresente. Quando as coisas são feitas bem, claro está. É o que temos aqui ao longo destes quatro temas que em pouco menos de quarenta e cinco minutos conseguem impressionar precisamente por essa beleza. Esta one-man band norte-americana já tem um longo historial de álbuns, mas este último estará certamente entre os seus melhores. Para quem gosta de Funeral Doom Metal, claro está.
9/10
Fernando Ferreira
Lord Of The Lost – “Blood & Glitter”
2022 – Napalm
Os Lord Of The Lost são sem dúvida um dos nomes maiores do rock/metal gótico da actualidade e isso prende-se também a uma forma de gerir a sua carreira que não é também das mais seguras. Isto é, em vez de se prenderem a uma fórmula e explorarem até à exaustão, não se importa de darem saltos de fé para o desconhecido com uma obras arriscadas. Se o anterior “Judas”, ainda bem fresco na nossa memória, era ambicioso na forma, um extenso álbum numa altura em que o déficit de atenção é cada vez menor, este “Blood & Glitter” é ambicioso no conteúdo, onde apresenta uma bem mais dançante e flashy, indo beber sem qualquer tipo de pudor à música electrónica da década de oitenta mas também ao glam (como o “glitter” no título e na capa tão bem indica) próprio da década de setenta. Uma mistura que tanto quebra com o passado, como também o abraça de uma forma diferente. Na prática é refrescante e desafiante, não sendo propriamente o álbum que esperávamos. O que também é uma forma de arriscar e tornar as coisas mais interessantes. Se elas não ficam à primeira audição, não são necessárias muitas mais audições para chegarmos a essa conclusão.
8/10
Fernando Ferreira
Jolle – “Wirtschaft Arbeit Technik”
2023 – Crazy Sane
Álbum de estreia dos Jolle, uma banda que nos soa como se fosse uma mistura entre algo experimental e até industrial mas que na prática vai buscar muito do rock de garagem típico da década de setenta, tanto no feeling como na própria produção que é crua e vintage, fazendo-nos pensar se não estamos a ouvir um álbum de estreia de 1973 e não 2023. O factor retro tem importância nesta sensação que passa, mas não há uma forçosa e pouco natural ligação a essa época. Sente-se que esta identidade da banda soa completamente natural na forma como os temas, uns mais desconcertantes que os outros, conseguem soar frescos. É o retro inteligente e longe de ser preguiçoso. Ainda assim, fica também a sensação que há uma dispersão aqui e ali que impede que o álbum se torne verdadeiramente coeso, não impedindo isso de ser uma boa iniciação discográfica nos álbuns
7/10
Fernando Ferreira
Majustice – “Ancestral Recall”
2023 – FC Metal
Interessante projecto que não esconde a sua paixão por Stratovarius e tudo relacionado com power metal – quando o primeiro tema do álbum se chama “Infinite Visions” (a junção de dois dois álbuns mais celebrados dos finlandeses) nem é preciso dizer mais nada. Este projecto junta os talentos vocais de Iuri Samson (dos Eternity’s End) e com as participações de Mike Vescera e Ralf Scheepers em alguns temas, assim como também os talentos instrumentais de Vitalkij Kuprij, Kelly Simonz, Kaz Nakamura (baixo) e Yosuke Ibukie (bateria) e é liderado pelo guitarrista Jien Takahashi, que além da devoção a Timo Tolkki também não esconde a paixão a Malmsteen. O álbum em si é interessante e varia a qualidade conforme também vão variando as influências. Se o power metal mais happy, o déjà vú é forte, mas não impede a diversão, já o heavy metal neo-clássico chapado de Malmsteen acaba por ser esperado – mas ainda não impede a diversão. O problema são os momentos mais “cerebrais” e compassados que acabam por fazer lembrar porque é que Stratovarius de vez em quando mandava bolas ao poste – “You Rock My World”. A produção também parece um pouco precária, mas poderá ser da cópia promocional que recebemos, pelo que não será muito importante no saldo final que dita que este é um álbum recomendado para quem tem saudades do final da década de noventa e como o power metal estava um pouco por todo o lado. Quem não gostou dessa época, não é agora que vai apreciar…
6/10
Fernando Ferreira
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Blood & Glitter é fenomenal justamente por este salto ao desconhecido, eu adoro a forma como eles mergulham em oceanos distintos, muito bem abordada a carreira dos caras, parabéns pela review!
Muito obrigado pelo constante apoio Dy!