WOM Reviews – The Tangent / Immortalizer / Coldness / Irae / Avi Rosenfeld
The Tangent – “Pyramids, Stars & Other Stories: The Tangent Live Recordings 2004-2017”
2023 – InsideOut Music
Frenesim ao vivo para os amantes dos The Tangent. Disco triplo (em vinil) que reúne três concertos e três fases distintas da banda – 2004, 2011 e 2017, se bem que apenas o primeiro está incluído por inteiro, enquanto os outros temos apenas momentos escolhidos. Seja como for é uma prenda e tanto para os fãs desta banda que é uma das poucas que mantém o vivo da década de setenta em todo o seu esplendor. O que significa que temos temas longos, passagens ambientais, grandes solos de guitarra e aquele bom gosto irritante que soa tão bem, ainda melhor vivo, com todas as imperfeições. Mais de duas horas de excelente prog rock. E também uma boa porta de entrada para quem não conhece ainda a banda, sendo que temos aqui três fases bem distintas da sua carreira, no início, na fase intermédia e a mais recente (embora essa também já esteja a seis anos de distância.
9/10
Fernando Ferreira
Immortalizer – “Born For Metal“
2023 – BrainLab
Estreia discográfica do projecto Immortalizer, cuja capa e até título nos faz pensar numa proposta típica da década de noventa vinda dos E.U.A., com os lugares comuns do género a serem explorados sem qualquer tipo de constrangimento. E esse preconceito até nem está muito longe da verdade. Temos mesmo um conjunto de lugares comuns em relação ao estilo que fará quem tem aversão ao mesmo que não encontre qualquer motivo para mudar de sentimentos. No entanto, não é para eles que foi feito este álbum. Heavy metal musculado onde primeiro se estranha a voz de Dave D.R. e depois entranha. Ah, não disse, este é uma one-man band e a simplicidade de algumas soluções – como da bateria – não belisca em nada o gozo que é ouvir este álbum. Heavy metal com melodia, boas guitarras, bom groove, nos dias de hoje, em formato one-man band, é uma completa raridade, o que faz deste trabalho um tesouro apetecível.
8.5/10
Fernando Ferreira
Coldness / Irae – “We Are the Ashes”
Quase duas décadas passaram desde que Coldness foi dado a conhecer ao público, e tal como hoje, através de um split com Irae. “Our Putrefacted Essence” foi o nome escolhido por Nocturnus Horrendus e Vulturius para “baptizar” esta união. Muito poderíamos dizer acerca de cada um dos intervenientes neste trabalho, mas já tanto foi escrito que vos estaria unicamente a importunar com mais informação. Ainda assim, e se me permitem, deixem-me dar alvíssaras a dois artistas que tanto respeito e que 19 anos depois continuam a primar pela diferença. Não entendam isto como um bajular de egos, mas como o devido reconhecimento de dois músicos que tanto têm feito pelo Underground nacional, e que com este novo split mostram de que fibra são feitos.
Coldness pode ser considerado, pelo menos da minha perspectiva, como a “personagem” mais insana de NH; aquela em que lógica e a ordem se perde um pouco em melodias “destruturadas e anómalas”. Há toda uma raiva e abordagem que não vejo em muito do que tem sido apresentado por este, desde que o sigo. Talvez encontre alguns detalhes que me remetem para Morte Incandescente, mas mesmo assim não as considero como “entidades irmãs”. A forma como este aborda a performance vocal, por exemplo, é áspera, quase descontrolada, a representação vocal de um louco. A própria estrutura canção é mais livre, mais solta, distinta de Corpus Christii, por exemplo. Sempre tive o “Poisoned Gift” como um momento singular na carreira do NH, e em muitos pelos motivos apresentados acima: uma liberdade desenfreada e individual, furiosa e cáustica. Ainda assim, não se perde melodia, assim como uma atitude Punk. Sinto alguma melancolia nos detalhes, mas quiçá sou só eu. Um regresso em grande, e há muito desejado.
De seguida temos Vulturius. Sobejamente conhecido e responsável por imensos projectos dignos de respeito, não deixa créditos por mãos alheias e volta a dar-nos um trabalho que demonstra o porquê de ser considerado um dos porta-estandartes da cena nacional, interna e externamente. Tal como o NH, Vulturius é um músico extremamente prolifero, e a quantidade de projectos que lhe são conhecidos – mais aqueles que “não são” – fazem dele um dos activos no Underground nacional. Irae, especificamente, é daqueles projectos que tem vindo a crescer e a evoluir de tal forma que os seus tentáculos abarcam, hoje em dia, uma série de versões do Black Metal num só Ser. Vulturius já nos mostrou, com Irae, que as barreiras não o impedem de levar o seu som na direcção que este entende ser a correcta. “We Are the Ashes” é uma mostra de tal. Aqui, em 4 músicas, temos direito a um Irae maduro e numa fase da carreira em que o inesperado é o esperado.
Tanto o NH como o Vulturius são dois artistas capazes de nos surpreender sempre, e este split, ainda que não traga nada de novo ao som de cada um deles, traz-nos dois artistas em fases da sua carreira em que o garante de música de altíssima qualidade, é certo. Esperemos que Coldness encete, aqui, um real regresso, e que Irae mantenha este crescendo. A cena nacional, ainda que riquíssima, necessita de ambos ao mais alto nível.
8/10
Daniel Pinheiro
Avi Rosenfeld – “Very Heepy Very Purple XIV”
2023 – Edição de Autor
Há bandas (muitas) com menos lançamentos do que a saga “Very Heep Very Purple” que já vai no seu décimo quarto volume, com a carreira de Avi Rosenfeld a ultrapassar já os sessenta (60!) álbuns lançados. Temos então mais dez temas inspirados nos Uriah Heep e Deep Purple de acordo com a sua tradição da década de setenta, algo que varia entre o excelente “I Got A Riff” e o sofrível “Fire And Ice”. Felizmente que os primeiros são em maior número do que os segundos, e que temos aqui uma vertente mais folk e world music que o próprio Avi tem explorado ao longo da sua carreira. Não sendo o nosso favorito da série, não deixa de estar acima da média e de conseguir apresentar algumas grandes músicas.
6.5/10
Fernando Ferreira
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