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WOM Reviews – Thy Dying Light / Idolos / Loits / Ulvdalir / The Holy Flesh / Ulveblod / Amnutseba

WOM Reviews – Thy Dying Light / Idolos / Loits / Ulvdalir / The Holy Flesh / Ulveblod / Amnutseba

Thy Dying Light – “Thy Dying Light”

2020 – Purity Through Fire

Em Inglaterra nasceu o Heavy Metal e o bom Rock n’ Roll (nem se debate a veracidade desta afirmação). Incrível a quantidade de boa música que daquela ilha, saiu. Em termos de Heavy Metal/Metal Extremo… estão no topo da cadeia (alimentar), claro. De Black Sabbath a Napalm Death, est@s senhor@s estão na base de tudo aquilo que nós, hoje em dia, idolatramos.

Barrow-in-Furness, Inglaterra, local de origem da entidade por este duo criada. Azrael e Hrafn, as mentes criativas por detrás dos TDL, deste 2016 que espalham os seus “versículos” um pouco por todo o underground. Este “Thy Dying Light”, 1.º Longa-duração da banda, foi recentemente editado pela Purity Through Fire, o que de certo modo acaba por ser um “selo de aprovação” quanto à qualidade/validade da música. E permitam-me referir, desde já, a malha “Temple of Flesh”, como obrigatória!

De um modo geral, o Black Metal criado por estes ingleses acaba por assentar, maioritariamente, na melodia. Tem reminiscências dos 90, e muito provavelmente agradará a muitos daqueles que encontram nesta época as (reais) bases do género e, onde residem as premissas do mesmo; ao mesmo tempo encantará aqueles que gostam do seu Black Metal com uma produção cristalina, mas repleta de força e agressividade!

É, no final de contas, um álbum muito bem conseguido, com imensos ganchos e melodia até mais não, o que poderá afastar os puristas, que só choram e fazem birra (mas que amam Dissection). Belos riffs de guitarra, plenos em melodia, mas sem descorar aquele “gelo” típico do riff Black Metal. A bateria é imensa, cheia de groove belicioso, mas bastante dinâmica, nunca arrastando a música ou tornando-a maçuda e aborrecida. As vocalizações são as que se poderia desejar numa banda de Black Metal, por mais redutor e cliché que isto possa soar. Fãs de bandas como Watain e os já referidos Dissection, poderão encontrar aqui pontos de interesse, tal como muitos que ainda hoje seguem o que se faz na Noruega.

Um bom trabalho, válido, actual, bem tocado e muito bem produzido.

8/10
Daniel Pinheiro

Idolos – “Ahi Cab”

2020 – Anthrazit Records

Não deixa de ser refrescante chegarmos a 2020 e ouvirmos black metal atmosférico que não é algo recliclado de Alcest ou de blackgaze ou de pós-qualquer-coisa. Black metal compassado, levemente melancólico, algo cru mas com um sentido fantástico de ambiência que nos faz realmente abstrair de fronteiras musicais. Tudo o que fica é mesmo a rispidez (quer pela voz, quer pelas guitarras cortantes) e a atmosfera, algo rudimentar mas ainda assim altamente eficaz. Inesperadamente melódico, mas bem interessante, mesmo para quem gostar de black metal puro.

8/10
Fernando Ferreira

Loits – “Vere Kutse Kohustab”

2004 / 2020 – Nuclear War Now! Productions 

Reedição em vinil do segundo trabalho dos Loits, banda estónia de “Militant Flak’N’Roll”, como os próprios dizem. A sua formula de black’n’roll é bastante dinâmica e quando surgiu este álbum, o impacto no underground foi considerável, apesar das acusações de serem de extrema direita – algo que refutam categoricamente. A provar esse impacto temos a quantidade de reedições de que já foi álbum, e a forma como ainda nos soa refrescante mesmo hoje em dia. Uma pérola do black metal. Perdão, do flak metal.

9/10
Fernando Ferreira

Loits – “Ei Kahetse Midagi”

2001 / 2020 – Nuclear War Now! Productions

Agora vamos recuar ainda mais até ao passado e até ao primeiro álbumde originais dos Loits, uma das forças maiores do metal vindo da Estónia. Aqui ainda não tão próprio como no álbum seguinte se tornariam, mas não menos interessante. Acutilante e com um bom jogo de dinâmicas em termos de tempo, “Ei Kahetse Midagi” é um outro tesouro do underground europeu que envelheceu muito bem. Também já reeditado uma tonelada de vezes, talvez nem seja assim uma raridade tão grande mas tendo em conta que desta vez é vinil (a última edição em vinil é de 2009) não será para desperdição.

8.5/10
Fernando Ferreira

Ulvdalir – “Hunger for the Cursed Knowledge”

2020 – Inferna Profundus Records

Um pouco à semelhança do clima do vasto império que vive a Leste, o Black Metal aqui apresentado é gélido e abrasivo.

Já com 4 álbuns no seu historial, desta feita a banda avança com um EP, “Hunger for the Cursed Knowledge”. São 4 temas, 4 longos temas (todos acima da marca dos 6 minutos), em que a banda desfila o seu arsenal criativo, sem misericórdia.

Com significativas mudanças de ritmo, somos contemplados com momentos rápidos e reminiscentes da escola clássica do Black Metal, para de seguida nos serem dados momentos de calma e paz, inversamente opostos aos seus antecessores, muito mais serenos, mas sem cair no cliché do atmosférico (não que seja um mau cliché, mas um que simplesmente não encaixa aqui, nesta banda).

Sem qualquer mostra de fraqueza ou momentos de monotonia, e com todas as secções bem definidas, esta peça de caos vai desgastar-nos até mais não. Pura destruição Black Metal que retém as energias primordiais da génese do género, ao mesmo tempo que mostra criatividade musical e um estilo de produção muito claro, sobremaneira audível.

Há sim, um equilíbrio muitíssimo elevado no que toca à Melodia Vs Agressividade. Esta dicotomia que a banda tende a mostrar, ao longo de cada um dos 4 temas (o início do 1.º é um bom exemplo), nunca permite que o ouvinte caia num tédio vicioso, em que se perde dinamismo. Aqui ocorre o oposto, o que dá uma fluidez muito natural ao álbum.

Este é,de longe o “meu” Black Metal, mas este parece-me ser daqueles álbuns que terá a tendência a crescer no ouvinte, muito baseado nesse facto, nessa capacidade, fustigar sem fustigar, sem cansar, sem “aborrecer”, correndo o risco de soar desapropriado.

Assim sendo: um bom conjunto de temas, especialmente para aqueles que apreciam o seu Blck Metal glacial e áspero, mas ao mesmo tempo harmonioso e dinâmico.

7/10
Daniel Pinheiro

The Holy Flesh – “Emissary & Vessel”

2020 – Caligari Records

Black metal e pós-rock, é a junção que o Metal Archives refere que está na base do som de The Holy Flesh. Não seria a melhor forma como explicaríamos o que se pode ouvir em “Emissary & Vessel”, até porque o juntar do pós-rock poderá dar a sensaçãod e que temos algo próximo do blackgaze ou pós-black metal. Se for para usar o “pós” em algo, faz mais sentido usar em pós-punk, já que são essas ambiências que estão por aqui em profusão. Agora é só imaginar o lado mais negro e compassado do black metal e podemos ficar mesmo perto. A questão é que este som poderá não agradar imediatamente aos fãs de black metal. Já os de Tribulation, poderão ficar surpreendidos por esta estreia.

6.5/10 
Fernando Ferreira

Ulveblod – “Omnia Mors Aequat”

2020 – Consouling Sounds

Credo cruzes canhoto, virgem santíssima nos proteja do mafarrico que ele anda aí e anda em força. É o primeiro impacto que tem “Omnia Mors Aequat” no nosso lado mais pio – aquele que normalmente anda escondido perante a devassidão da nossa vida de repórteres intrépitos e analistas metálicos. Caos. A descrição perfeita (e única, na realidade) para este lançamento é simplesmente essa. Caos. O noise mistura-se com o lado mais caótico e imprevisível do black metal e o resultado é difícil de digerir. Aliás, apesar de todo o lado profano disto, recomendo que a música seja usada preciamente para expulsar o(s) demónio(s) em qualquer corpo possuído. Curiosamente a música que tem menos caos e alguma estrutura é mesmo a “Chaosophy”. Não é definitivamente para todos.

4/10
Fernando Ferreira

Amnutseba – “Emanatism”

2020 – Iron Bonehead Productions

E continuamos na saga das bandas de black metal sem identidades conhecidas. Os Amnutseba são uma banda francesa (ou talvez um projecto solo, é díficl descobrir) que opta por apresentar a sua música diretamente sem quaisquer outros efeitos – enquanto que algumas bandas como Bathushka, Gaerea ou Omnious Circle (assim de cabeça) optam ainda por algum tipo de representação com as caras cobertas mas com estilos bem distinguíveis, os Amnutseba nem de cara tapada surgiram ao público, pelo menos até agora. Contudo, isto pode se justificar por ainda estarem nos primeiros passos desta banda, visto que o seu currículo conhecido apenas contém duas demos e a compilação das mesmas – uma tendência que agora é quebrada pelo lançamento do seu primeiro álbum chamado “Emanatism” (curiosidade: é o nome de uma doutrina filosófica, talvez esotérica também, que identifica a existência corpórea como uma emanação de Deus). Bem, tudo isto à parte e o que sobra? Um álbum que não me conseguiu cativar, infelizmente. E desta vez não é pelo excesso de brutalidade do costume, porque nessa vertente o álbum não é muito extremo; é sim, pelo que me parece ser um certo destempero neste álbum, não há nada particularmente marcante neste trabalho. Sabem como tipicamente se consegue encontrar algum elemento mais vincado (exemplo: ambiente distópico, ambiente satânico, ambiente épico, ambiente hipnótico, ambiente religioso, etc..) nas bandas de black metal? Eu não senti nada do género neste caso, pareceu-me um álbum com algum tipo de orientação no título mas que quando chegou à música não se orientou com isso para além das temáticas de cada faixa. Foi, aos meus ouvidos, um álbum demasiado comum com as artimanhas do costume deste estilo. Dito isto, para mim não é um bom álbum mas como já disse, não sou “expert” em nenhum tipo de música, muito menos um género com grande crescimento underground (como este), portanto apesar de tudo, é decididamente um trabalho que recomendo ao pessoal dedicado ao black metal.

5/10
Matias Melim

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