WOM Reviews – Veldraveth / Nyctopia / Mystifier / Lucifer’s Child / Interment Ashes
Veldraveth – “Martyrdom”
2021 – GrimmDistribution
Sendo algo desconhecedor do underground da América Latina (tirando obviamente o Brasil dessa equação) é sempre uma surpresa para mim quando surge uma banda como os Veldraveth, com já mais de duas décadas de carreira e com um álbum da qualidade desde “Martyrdom”. Black com bastantes laivos de death metal e com um olho certeiro para as melodias épicas. Há por aqui alguma ambição nestas composições, com algumas bastante longas, mas com argumentos dinâmicos que sustentam as mesmas sem que se torne aborrecido. Álbum de enorme qualidade e que os apreciadores de música extrema das trevas não vai ficar indiferente.
8.5/10
Fernando Ferreira
Nyctopia – “Full Moon Calling”
2022 – Warhorn
Estreia dos auto-intitulados lunáticos do black metal escocês Nyctopia que é bem cativante e impressionante principalmente para quem gosta da safra da década de noventa deste subgénero específico. O que até pode ser uma forma de dizer que estamos perante mais uma proposta banal que tenta recapturar sem sucesso algo que fez sucesso vinte ou trinta anos atrás. Não é o caso. Os Nyctopia trazem como principal arma o riff. Normalmente em tremolo picking mas riff que carrega aquelas melodias épicas que transformam quase automaticamente temas em algo bastante catchy e viciante. Claro que não basta apenas o poderoso riff para fazer isso, é necessário que as músicas tenham profundidade e qualidade suficiente para soarem minimamente originais e que não sejam apenas uma desculpa para evidenciar um aspecto em particular. Sem focar em aspectos muito nostálgicos além das ambiências já citadas, “Full Moon Calling” é uma boa estreia e um nome a ter em conta no black metal melódico.
8.5/10
Fernando Ferreira
Mystifier / Lucifer’s Child – “Under Satan’s Wrath”
2022 – Agonia
Junção lógica num só espaço (digital) de duas bandas. De um lado os Mystifier, um dos nomes mais clássicos do black/death metal brasileiro que têm uma sonoridade que se aproxima daquela que era feita (sobretudo) na década de noventa na Grécia. Do outro os gregos Lucifer’s Child que são mais recentes mas que têm uma abordagem pouco comum com aquilo que nos chega dos seus compatriotas. Temos duas faixas originais de cada banda e uma cover sendo que os Mystifier fazem uma interessante versão para a “Worship Him”, aqui rebaptizada “Worship Her”, e os Lucifer’s Child reinterpretam a “Enter The Eternal Fire” dos Bathory. Entre os dois, é a proposta dos Lucifer’s Child a mais interessante e aquela que consegue melhor cativar, mas no geral é um split que qualquer fã de black metal vai conseguir apreciar.
8/10
Fernando Ferreira
Interment Ashes – “Interment Ashes”
2022 – Eternal Death
A cena Norte-americana continua a produzir Black Metal de qualidade, disso não há dúvida alguma. E qual é um dos males de termos uma cena quantitativamente enorme?! A probabilidade de darmos de caras com algo bastante fraco, é elevada. Pode acontecer, e é uma pena, mas tenho tido sorte e tenho-me deparado com música de qualidade. Neste caso viajamos até New Haven, no Connecticut, geograficamente bastante favorável para o Black Metal. Talvez seja melhor dizer: do ponto de vista meterológico. A dupla formada por BP e BF criou esta entidade de forma a extravasar aquilo que lhes ia na alma – por mais cliché que isto soe – e terminaram com um conjunto de 4 temas, na esfera do Black Metal, mas com uma vertente contemporânea bastante presente, na minha opinião. Ou seja: não soa à 1.ª vaga, mas também não soa à 2.ª vaga. Na verdade, o género evoluiu de tal forma que muitos artistas nem sequer “tocam” nos pilares estabelecidos pelos nossos “antepassados”. Isto mostra o quanto o género evolui constantemente. Temos, neste caso específico – e sempre na minha opinião – uma mescla de sonoridades escuras, que vão do Black Metal ao Sludge mais decrépito – Amenra, quiçá – e lento. É um projecto bastante interessante, e o facto de beber de várias sonoridades ajuda a criar uma estrutura sonora muito mais envolvente e elaborada. Imensamente melódico, melodias densas e arrastadas, como anteriormente referido. Não tende para o DSBM, atenção! Vive numa liga própria. Também tem os seus momentos de raiva, como em “Cold Wind Altar”, mas mantendo os traços melódicos do tema anterior. “I Am Not What I Appear” é outra descarga desta violência equilibrada e “domesticada”, não extravasando para registos ultra-rápidos – e aborrecidos – nem caindo no pântano Sludge de momentos anteriores. Há momentos, inclusive, que me remete para melodias muito similares a Nachtmysticum, ainda que não seja esta uma adequada base comparativa. Poder da sugestão, arrisco dizer. “Negligement Confinement” encerra este EP de forma bastante interessante. A percurssão com que somos recebidos, quase ritualista e tribalista, abre caminho para um riff de guitarra pouco Black Metal, mas ainda assim muito, muito bem inserido. Sem saber muito bem como explicar, estes 4 temas remetem-me para NOLA e para os seus pântanos… mas não sei como, a guitarra acústica é aquela oferenda que galvaniza o ouvinte, e o prepara para o que virá de seguida…booooom! Talvez não sejam temas de fácil assimilação, sei que a mim me custou um pouco, mas assim que os conseguimos digerir e saborear, percebemos com muita facilidade que a Música é bastante boa.
7/10
Daniel Pinheiro
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