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WOM Tops – Agosto 2019

WOM Tops – Agosto 2019

Em Agosto a vossa revista preferida vai de férias mas isso não significa que não continuemos por aqui e como tal, aqui temos o nosso Top 20 referente a Agosto, com o nosso álbum do mês a ser revelado.

20 – Blood Red Throne
“Fit To Kill”
Mighty Music

Os Blood Red Throne, são desde sempre uma forte referência na cena Death Metal. Assim, os noruegueses, acrescentam ao seu catálogo mais um trabalho, o nono, composto por nove faixas todas elas com elementos bem old school, que os caracteriza desde o álbum que os deu a conhecer ao mundo, “Monument Of Death”. Agora com o selo da Mighty Music, “Fit To Kill” é um disco brilhante dentro do sombrio estilo praticado.

9/10 Miguel Correia


19 – Moonlight Haze
“De Rerum Natura”
Scarlet Records

Os Moonlight Haze são um grupo italiano de power metal composto por membros de bandas semelhantes, como os Temperance, Elvenking, Sound Storm, Teodasia e Overtures. Seu álbum de estreia, “De Rerum Natura”, está cheio de riffs inspirados no thrash com incursões muito sinfónicas e que transmitem uma boa energia. A voz de Chiara Tricarica, os coros que se fazem ouvir, elevam ainda mais a qualidade global deste trabalho que aconselho.

10/10 – Miguel Correia


18 – Magic Pie
“Fragments Of The 5Th Element”
Karisma Records

Regresso dos grandes (enormes!) Magic Pie que não desiludem a todos os fãs de rock e metal progressivo. A banda tem apresentado uma solidez apreciável nos seus trabalhos e “Fragments Of The 5Th Element” não se fica atrás. Os primeiros três temas são os mais curtos e imediatos mas também mostram que não é preciso termos temas de vinte minutos para que o progressivo brilhe. Melodias marcantes e uma voz marcante são as suas principais armas, sustentadas por excelência musical. Mas como não poderia deixar de ser (e como estamos a falar de Magic Pie), obviamente que temos um tema de vinte e tal minutos “(The Hedonist) que surge apegado a um de oito minutos (“Touched By An Angel”) e que é simplesmente esmagadora. Uma sequência que por si só vale o álbum. No entanto, este é um trabalho à antiga, que vale como um todo mas que também mostra que o rock/metal progressivo consegue acompanhar os tempos, sem perder a sua essência.

9/10 Fernando Ferreira


17 – OSM
“Which Way?”
Edição de Autor

Não deverá ser necessário o Q.I. bastante elevado para perceber que quando se ouve muita música nova por sistema, que aquelas que fica mais presentes são as que os conseguem surpreender. E os Overstrange Mood (OSM para abreviar) conseguiram-no com um metal progressivo que escapa por completo ao que lhe é esperado. Há por aqui um teor alternativo mas por outro lado também não existem referências ou nomes que nos cheguem como semelhantes – deverá haver certamente, mas é uma forma de testemunho para como este trabalho soa fresco. Definitivamente a conferir.

9/10 – Fernando Ferreira


16 – Neal Morse
“Jesus Christ The Exorcist”
Frontiers Music

Este é um álbum que não surge como surpresa para quem conhece Neal Morse, sobretudo desde que deixou os Spock’s Beard e, mesmo assim, será capaz de surpreender, mesmo para quem não seja particularmente religioso ou fã da religião católica. Sendo este um musical (puro!) à boa maneira de Hollywood ou Broadway, temos muita pompa, arranjos majestosos e um grande foco nas melodias vocais. Dois discos que trazem da melhor música que Neal Morse fez nos últimos anos que aqui nem é a voz principal – esse papel cabe a Ted Leonard como Jesus Cristo, Talon David como Maria Madalena, Nick D’Virgilio como Judas e muitos outros que os fãs do músico conhecem. Inesperadamente pesado nalguns momentos, groovy noutros, este trabalho é um festim musical para os sentidos. Impressionante.

9/10 – Fernando Ferreira


15 – Extrema
“Headbanging Forever”
Rockshots Records

Título representativo do nosso espírito aqui na World Of Metal. E prova também da perseverança de uma das melhores bandas thrash metal vinda de Itália. Seis longos anos para que este álbum estivesse cá fora e agora que é uma realidade é impossível não ficarmos vergados ao seu poder. Não se deixem assustar pelo rótulo de groove metal no Metal Archives. O que temos é thrash metal moderno e cheio de raça onde a melodia não é alheia, nem como a dinâmica. Uma autêntica desbunda do início ao fim, onde os solos de guitarra não são esquecidos – aliás, departamento muito bem tratado. No geral um dos melhores trabalhos da banda italiana.

9/10 – Fernando Ferreira


14 – Red Moon Architect
“Kuura”
Inverse Records

Apesar do rótulo de doom metal dado pela editora ou de death/doom melódico dado no Metal Archives – que de certa forma não fogem à verdade – os Red Moon Architect apresentam-se como um Funeral Doom Metal de nos dazer querer desfazer em desesperos e, potencialmente (mas não essencialmente) em lágrimas. Temos três temas (“Kuura” dividido em três partes), o primeiro e o último a ultrapassar a marca dos quinze minutos e um “pequeno” interlúdio de quatro minutos que não é mais que uma peça ambiental que anda no mesmo espírito de miséria que veio antes e que vai aparecer depois. Não vou mentir, não é um trabalho fácil de ouvir. Sei que muitas vezes são esses os trabalhos que valorizamos mais, como uma obra de arte que nos fascina mas que também nos esgota cada vez que a contemplamos. Incomoda e maravilha em igual medida. Só por isso, é material para nos fazer render aos seus pés. Adiconando a música e está aqui um daqueles álbuns que vamos pegar uma vez por ano (porque temos amor à vida) até ao final das nossas vidas.

9/10 – Fernando Ferreira


13 – Nekroí Theoí
“Dead Gods”
Prosthetic Records

Nem sempre as mensagens de certas bandas alinham-se com as nossas crenças pessoais, e esta banda é um caso exemplificativo disso, contudo e felizmente, a banda demonstra extrema qualidade, sendo assim facilitada a manutenção da imparcialidade ideológica na sua avaliação. Os Nekroí Theoí são uma banda de brutal death metal com um repertório de temas líricos relativamente alargado que engloba tanto temas religiosos (não na prespetiva de queimar igrejas mas sim de exploração de temas religiosos numa prespetiva negativista e inconformista) como temas políticos, online generalizados como “anti opressão / capitalismo / fascismo” mas que  (na minha opinião) se traduzem em formas extremas de luta contra todos os pertencente a classes opressoras, mesmo que eles próprios não o sejam (neste caso ideias como “toda a polícia merece ser massacrada, ideia que parece ser meramente artística e não literal mas que mesmo assim merece ser referida para justificar a introdução desta review). Contudo, importa referir também que a banda é proveniente dos Estados Unidos onde os problemas de racismo e discriminação generalizada são ainda mais flagrantes que os que cá se verificam. Com base nisto, os americanos lançam o seu álbum de estreia Dead Gods, e, para ser sincero, só me lembro de um ou outro álbum deste estilo que tivesse gostado tanto. O brutal death metal desta banda ganha comigo principalmente no que toca à organização, isto é, contrariamente a muitos, Dead Gods é um álbum que consegue ser bruto e organizado ao mesmo tempo, sendo possível delinear cada instrumento separadamente, coisa que suspeito ter causa em todo o aspeto religioso do àlbum. O vocal não vou descrever que acho que qualquer um é capaz de adivinhar como é (com exceção das partes faladas para ambiente profético) e em termos de ritmos têm um pouco de tudo. Relativamente à guitarra o seu trabalho funciona tanto para a componente mais ambiente e calma (mas diabólica à mesma) como para a componente mais pesada e rápida. No fundo, é um excelente álbum tanto no género como num todo e é extremamente aconselhado.

9/10 – Matias Melim


12 – Lord Vicar
“The Black Powder”
Edição de Autor

Lord Vicar poderá ser um nome conhecido para os maiores amantes do estilo doom visto que a sua carreira já conta com 12 anos completos, anos estes preenchidos por 3 álbuns a que se junta o mais recente lançamento – The Black Powder. Apesar de se caracterizar o estilo da banda de uma forma geral como doom, é importante lembrar que o este, que continua neste álbum, pode ser entendido como uma mistura do género já referido com componentes que se vão alternando entre o género do rock e do metal, sendo que o espírito chega a dar ideia do ambiente negativo que provem dos blues. Imagine-se Black Sabbath com mais melancolia e negativismo. Assim sendo, passemos àquilo que é verdadeiramente Black Powder. Como referi, alguma da atmosfera que esta banda cria, adequa-se muito à dos blues, e neste álbum isso manifesta-se pela sonoridade de algumas faixas e pelos temas líricos abordados em toda a sua duração, uma visão pessimista e solitária da realidade com alusões a alguns temas filosóficos mais densos, contudo admito que parecem haver também alusões a situações concretas naquilo que diz respeito à religião (mas sempre numa prespetiva filosófica e crítica ao conformismo e felicidade de que há algo para ser feliz, como a existência de um pós-vida; seja como for, as letras são 5 estrelas e aconselho-vos a explorá-las quando tiverem tempo). Em termos sonoros, o álbum é tipicamente marcado por ritmos mais lentos a que se juntam as tais componentes derivadas tanto do rock e metal, por vezes sons mais pesados e menos melodiosos por outras o inverso (principalmente nos solos), isto tudo enquanto se cria um ambiente sempre pesado e indiferentemente sofredor. Contudo, como não conhecedor desta banda, o que mais me marcou neste álbum (e banda aparentemente) foi o vocal completamente limpo, em que as únicas ronquidões tem origem na idade e não no esforço, coisa que pinta este trabalho como uma obra bastante sóbria e solene. Podia dar críticas mas a verdade é que não consigo encontrá-las, este álbum é perfeito aos meus ouvidos. Mais um ponto para os estilos mais negativos do universo musical.

10/10 – Matias Melim


11 – Vesperine
“Ésperer Sombrer”
Edição de Autor

A banda francesa Vesperine lançou este delicioso álbum e deu-nos algo que poderemos enunciar como um Post-Hardcore a roçar o Doom, com uma ferocidade e construção de temas excelente. Temas sombrios e a raiar o hipnótico, em que se deseja fechar os olhos e contemplar o infinito dentro do nosso pensamento. Uma explosão de sons, com ritmo ora rápido, ora quase como uma marcha militar, dada aquela bateria. Usam e abusam da distorção nas guitarras, que se vão tornando cada vez mais pesadas no avançar do álbum.  Relativamente à voz do vocalista, no seu tom melódico e límpido, a mesma chega-nos ao nosso âmago e atravessa-nos a alma. Este trabalho, do princípio ao fim é imensamente emotivo e com uma atmosfera lúgubre. Destaco “Crépuscle et aube” e garanto-vos que o tema “Límensémment noir” nas duas versões é de ir às lágrimas, dado todo o desespero e emoção que transparece. E tudo isto em francês. Definitivamente a adquirir e a escutar no escuro do nosso quarto. Vale absolutamente um sólido 10.

10/10 – Sabena Costa


10 – Amygdala
“Our Voices Will Soar Forever”
Prosthetic Records

Começo por referir que a mensagem contida nas letras dos temas da banda Amygdala falam de temas sensíveis, tais como; o aborto por motivos de assalto sexual, o aborto em si, problemas mentais, tais como a depressão e, a banda em si não se coíbe de cantar e tocar com toda a honestidade possível estes temas tão polémicos, tal como é apanágio do mundo do hardcore ter uma mensagem crítica e violenta à sociedade e sistemas implementados em geral. Preparem-se.  Relativamente às sonoridades, temos aqui a vocalista Bianca Quiñones que empresta a sua voz poderosa a estas mensagens que a banda quer passar ao público. E ela dá uma entrega total e sente-se na sua voz toda a raiva e desespero de tantos que sofreram. Som forte, as guitarras rolam a todo o vapor, a bateria tem um ritmo estonteante. Todo o álbum contém uma amargura pura em todos os sentidos, sonoros e vocais. Temas e líricas que me tocaram imenso. Altamente polémico e violento. Um trabalho extraordinário por parte dos Amygdala. Uma mensagem a reter. Merecem em absoluto um 10 forte e poderoso. E se escutarem, escutem com atenção.

10/10 – Sabena Costa


9 – Heilung
“Futha”
Season Of Mist

Este é um mundo aparte. Claro que num mundo pós Wardruna, um projecto como estes acaba por não ter um impacto esperado, mas isso não lhe retira nem um pouco da sua qualidade. Depois da estreia “Ofnir” e do seu sucesso esmagador – que aliás motivou um álbum ao vivo – aqui está a sequela “Futha” que opta por dar mais foco às vozes femininas (e ao feminino como um todo, depois do inverso na estreia) e que nos traz vários mantras hipnóticos onde podemos inserir tanto na vertente folk, como até na ambient/experimental. Seja como for, é vício, ainda que, admitimos, não seja fácil de interiorizar, pelo menos para aqueles que procuram coisas mais directas.

9/10 Fernando Ferreira


8 – Malum
“Legion”
Purity Through Fire

Os Malum são um dos nomes recentes da cena de black metal finlandesa mais interessante. Ao longo de mais de cinco anos a banda tem sido uma presença constante no underground e este terceiro álbum é o seu mais recente lançamento, sendo também o terceiro lançamento deste ano, após a compilação “Awakening Of The Luciferian Darkness” e da demo “Terror Rehearsal”. Black metal in your face, declaradamente satânico mas que não se proíbe de ser épico e arrojado nas dinâmicas. Logo a abertura “The Sun Devouring Dragon & Manifest Malum” deixa-nos derreados e ávidos por mais, o que vem de seguida não desilude e este é um dos grandes álbuns de black metal dos últimos tempos.

9/10 – Fernando Ferreira

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7 – Temple of The Stars
“Nightspirit”
Inverse Records

Temple of the Stars é um projeto musical-solo de Tobias Tåg, um multi-instrumentalista finlandês mais conhecido por ter colaborado com bandas como Ensiferum e Underjord, que neste novo esforço procurou desenvolver a sua veia de folk que treme muito na linha que distingue o rock do metal. Assim, Temple of the Stars dá-se a conhecer ao mundo através de Nightspirit que, seja pelo nome do álbum e pelo estilo de música que adota, já se percebe à partida que se cola à uma sonoridade muito associada ao naturismo que se nota tanto por alguns dos instrumentos (como guitarra acústica e flauta) como através de conteúdos líricos (Forest Sky por exemplo). Visto que um típico detrator do folk é o uso de acordeão, acho que convém referir que neste álbum não é usado, havendo assim um maior vinco espiritual com a própria natureza, uma mensagem evidente neste álbum. O trabalho de guitarra faz-se virtualmente sempre na forma acústica, o que configura um ambiente bastante solene a toda a coisa, portanto fica já o aviso que este álbum não é para a “thrashalhada”. Procura-se antes um som que às vezes se ouve de bandas mais viradas para a recriação de musica medieval, se bem que com um tom mais modernizado. Apesar de uma vasta panóplia de instrumentos, em relação aos quais nem sequer me vou tentar dar ao trabalho de tentar pronunciar os nomes, a voz não é nem minimamente esquecida, isto por ser uma voz verdadeiramente única e que causa uma forte harmonização entre todo o espirito natural que se procurou dar ao projecto. É de facto uma banda/projeto que espero ver continuada, seja por dar uma cor diferente ao folk, seja por ser ótima musica para relaxar o cérebro, além de demonstrar a mestria que uma pessoa pode alcançar em termos de instrumentos menos usuais e ainda não globalizados.

9/10 – Matias Melim


6 – Hammerfall
“Dominion”
Napalm Records

O regresso de uma banda como os Hammerfall é sempre motivo de interesse, principalmente após um álbum tão bom como “Built To Last”. Haverão sempre os que argumentam que a banda não apresenta nada de novo, até desde que surgiram, no entanto é inegável que a sua fórmula de heavy metal conseguiu evoluir e manter-se relevante ao longo dos anos, mesmo que tenham tido (e tiveram) algumas escorregadelas ao longo de tão ilustre percurso. Ora “Dominion” tem tudo para figurar, após o devido teste do tempo, na galeria dos seus melhores trabalhos. Produção forte e poderosa (outra coisa não seria de esperar) e temas que além de cativantes nos soam clássicos e onde toda a banda está no topo da sua forma. E soa a Hammerfall sem soar a requentado. Temos aqueles coros típicos, grandes solos e a voz de Joacim Cans, por quem os anos parece que não passam. Sem dúvida um dos álbuns de heavy metal do ano.

9/10 – Fernando Ferreira


5 – Abbath
“Outstrider”
Season OF Mist

Quando ouve-se falar de Abbath, o artista, não a banda já sabemos que poderemos aguardar loucuras em dose redobrada e essa loucura foi projectada, agora sim, para Abbath,a banda. Temos uns Abbath totalmente renovados, sempre com o Sr. do Black Metal como um dos melhres frontman do universo metaleiro,obviamente. Chegou-nos ás mãos no passado dia 5 de Julho de 2019, o tenebroso mas limadinho “Outstrider”. Sabendo usufruir as tecnologias deste século, Abbath limou todas as arestas que faltavam e criou um trabalho de “bradar aos infernos”. Black Metal puro e duro, sem bullshit, Black Metal que poderia ter saído para o historial na sua vida vida passada em Immortal. “Outstrider”, reserva-nos uma viagem ao frio Norueguês, mas sobre a forma de viagem mental, entenda-se, sentirás a alma a gelar, o coração a acelarar em cada riffalhada, e o teu consciente a caminhar pelas florestas negras. O senão é ser apenas por 35 minutos, porque almejamos mais, bem mais. O tema de lançamento deste álbum, “Harvest Pyre” resume perfeitamente o que nos aguarda, e profanamente vicia-nos, sendo o despoltar de todo o caos gélido que nos absorve durante 35 minutos. A faixa hobónima do álbum demarcar-se como a melhor de sempre, iniciando com um toada melódica, e segundos depois repete-se esse tom mas,sem esperar-mos, com os riffs e voz rasgados e destrutivos à moda old school do black metal, rebenta o puro caos. Mais uma vez o mestre Olve Eikem (Abbath), prova que Immortal tinha por completo a sua alma neles projectada, e perderam essa alma artística.

10/10 – Cátia Godinho


4 – Clouds Taste Satanic
“Evil Eye”
Edição de Autor

Não é preciso muito para nos agradar mas por outro lado somos apreciadores das coisas mais peculiares. Como o trabalho dos nova-iorquinos, Clouds Taste Satanic. Doom instrumental que nos apresenta apenas duas canções. Há boa moda antiga, lado A e lado B. E esta é uma daquelas viagens que é impossível fica indiferente. E antes que se pense que “Evil Eye” entra pelos campos do psicadélico e que há por aqui muitos “enchidos” para atingir a marca dos vinte minutos, temos a dizer que não é por aí que a banda embarca. Aliás, quem conhece os anteriores álbuns sabe precisamente o que esperar em termos de qualidade. Este é um daqueles álbuns enormes, impossíveis de ficar indiferente.

9.2/10 – Fernando Ferreira


3 – Batushka
“Панихида”
Edição de Autor

Situação inusitada, mas não inédita, em que temos uma banda que por discordâncias resolvem separar caminhos. Os Batushka talvez fossem aquela que menos se esperava que isso acontecesse. Lançaram um álbum de estreia que primeiro passou despercebido mas que depois começou a conquistar tudo e todos graças às suas actuações únicas e simbólicas. Após umas quantas digressões bem sucedidas por todo o lado surge a discórdia e a cisão. De um lado Krzysztof Drabikowski (guitarrista e compositor principal), do outro Bartłomiej (vocalista). Com ambos a afirmar legitimidade sobre o nome – algo que ainda está em debate judicialmente – e com ambos a apresentarem agora novos trabalhos. Aqui temos “Панихида” (que significa “Requiem”) de Krzysztof que se revela ser uma sucessão natural do que ouvimos em 2015. Ambiente solene misturado com o black metal, e com o resultado a ir ao encontro de todas expectativas. Claro que se pode argumentar que depois da estreia, este trabalho não surpreende e efectivamente não surpreende, mas isso não faz com que seja menos bom. E para quem tinha expectativas em relação a ele, não ficará certamente desiludido já que apesar de não termos nenhuma música que destaquemos, antes de darmos conta já o ouvimos quatro vezes de seguida. Isso quer dizer muito.

9.3/10 – Fernando Ferreira

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2 – Lagerstein
“25/7”
Edição de Autor

Oriundos da Australia, os Lagerstein são uma banda de pirate metal que faz o suficiente para manter a qualidade do pirate, do folk e do power e ao mesmo tempo se distinguir dos criadores do género – Alestorm. Este ano apresentam-nos o seu terceiro álbum, 25/7 que conta com a vinda de novos músicos, um baixa e um baterista. Todo o background de Lagerstein tende-se a prender na sonoridade épica em volta da pirataria e do álcool, com especial enfoque no último, contudo ao longo dos álbuns o seu som tem vindo a se alterar ao ponto de atualmente ser difícil de a situar em géneros por englobar metal, rock e até, com pouca frequência, alguma experimentação com sonoridades mais pop. 25/7 é até agora o maior exemplo desta diversidade que é misturada com verdadeira mestria por parte desta banda, seguindo, apesar disso, um modelo semelhante a Alestorm em termos de conteúdos líricos: bebida, batalha e cenários altamente improváveis (guerra a cowboys). Com base neste panorama a sonoridade é tipicamente heroica seja em capacidade de se alcoolizar e em batalha, havendo também espaço para música amorosa e ligeiramente irónica chamada de Pina Colada Paradise. Esperem um uso abusivo de violino e teclado, guitarra destruidoras dentro do seu género, cânticos de festa e motivação, um vocal igualmente épico e acima de tudo um espírito de alegria e triunfo, sendo por isso medicamente aconselhado àqueles mais deprimidos. A finalizar, o álbum também surge a boa surpresa do cover de Down Under, o tema imortalizado de Men at Work, que sem exageros adiciona ainda mais impacto à música. Como alguém que já acompanha esta banda desde 2016, posso dizer que o meu estatuto de fã foi muito bem reforçado por este álbum, por mostrar que a banda não tem medo de se aventurar nas suas experiências e por acabar por obter bons resultados a experimentar com sonoridades menos exploradas, como se nota com o uso de saxofone na faixa Wench My Thrist ou o retorno ao metal mais intimidador na faixa Off The Map. Definitivamente não é desta que se enterra o Pirate Metal!

10/10 – Matias Melim


1 – Finsterforst
“Zerfall”
Napalm Records

Bomba! Comecemos assim, sem qualquer tipo de rodeios.  Se este não é o álbum de folk metal do ano, deverá andar lá perto (ainda faltam alguns meses para termos a certeza). Longe da festividade que o género puxa mais a si, à medida dos festivais de Verão, os Finsterforst juntam-lhe o death e o black como forma de intensificarem a experiência fazendo deste trabalho. Não é nada que nos admire porque a banda tem vindo a fazer isto mesmo há quinze anos, mas aqui parece que conseguir superar-se de uma forma impressionante. Poderíamos dizer que estão mais concisos mas tendo em conta que o último tema tem trinta e seis (36!) minutos – “Ecce Homo”, o melhor momento deste álbum  – se calhar não é o termo ideal. Absolutamente essencial.

9.5/10 – Fernando Ferreira

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