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WOM Tops – Black/Death Doom Metal 2019

WOM Tops – Black/Death Doom Metal 2019

Já falámos do Black Metal, já falámos do Death Metal, e já falámos do Black/Death Metal (ou Death/Black Metal, como o queiram encarar)… e se juntássemos o Doom à festa? A ideia não é nossa mas a verdade é que existem muitas bandas que juntam ou o Black ou o Death (ou ambos) ao Doom Metal e como tal, este também é um top ao qual temos sempre muita competição todos os anos. 2019 não foi excepção. Mais uma vez relembro, à semelhança do que vimos no Top Black/Death Thrash, algumas podem pender mais para o lado do Black Metal, outras para o lado Death, ou até podem incorporar os dois géneros. Uma coisa é certa, o Doom estará sempre presente.

20 – Horrisonous – “Culinary
Cacophony”

Memento Mori

O início de “Kuru Worship” vem um certo cheiro a nostalgia. O mais engraçado é que se trata de um álbum de estreia, por parte de uma banda australiana. Independentemente disso, a banda apresenta um death metal cavernoso como se viesse dum poço fundo e por vezes passeia pelos campos fétidos do doom metal. Entre um e outro estilo, “Culinary Cacophony” é um trabalho completo que não se fica pelo passado e apresenta algo bastante válido para o futuro. Um bom começo de carreira, bem promissor.

Fernando Ferreira

19 – Cold Colours – “Northernmost”

Edição de Autor

O início melancólico e singelo com “Northernmost I”, uma pequena intro acústica à viola), não faria prever a podridão que se seguiria. Uma sonoridade assente nos trejeitos do death/doom mais melódico com alguma semelhança com aquelas bandas da década de noventa que começaram desta forma e depois começaram a introduzir influências góticas no seu som. O resultado é um álbum, apesar de tudo, sóbrio e pesado, nunca deixando de ter espaço para a melodia. Aiás, esta está sempre presente nunca caindo em exageros e é neste ponto que os Cold Colours (já veteranos, com uma carreira com quase vinte e cinco anos de carreira) triunfam. Tanto no equilíbrio dos seus principais elementos como na inclusão de pequenos interlúdios que servem para o álbum respirar – uma táctica que normalmente até nem resulta muito bem). Uma banda a descobir e um álbum a ouvir.

Fernando Ferreira

18 – Heaume Mortal – “Solstices”

Les Acteurs De L’Ombre Productions

Trabalho de estreia (pelo menos parece-nos ser a estrea) impressionante desta one-man band por parte de Guillaume Morlat dos Eibon e Cowards. Seis longos temas (ou melhor, cinco, já que “South Of No North” tem apenas dois minutos) que andam pelos caminhos do doom metal enegrecido e cheio atmosfera. É um daqueles trabalhos que tem que ser ouvido de seguida e do qual é complicado retirar esta ou aquela faixa. E cuja beleza não se limita à da capa.

Fernando Ferreira

17 – Heathe – “On The Tombstones, The Symbols Engraved”

Wolves and Vibrancy Records

“O que é isto? Um só tema? Não fazemos (habitualmente) reviews de singles… ah, espera… tem quase quarenta minutos. Ehlasse! Citando Ozzy Osbourne, “What is this that stands befoe me?” Heathe é o nome de uma entidade que tem o seu centro em uma única pessoa (desconhecida) que conta depois com a colaboração de uma série de músicos que materializam ao vivo esta música. Hipnótico, muito funeral doom, enegrecido pelo black metal, quase drone mas definitivamente hipnótico, este é um trabalho que nem sequer dá hipótese de o tentar dividir e ainda bem porque apreciado de uma vez só, é uma viagem única.

Fernando Ferreira

16 – Nailed To Obscurity – “Black Frost”

Nuclear Blast

O death/doom metal sempre foi um género pelo qual tivemos um fraquinho. Talvez por identificarmos o seu período áureo com a era em que mergulhámos no metal mais extremo. É precisamente esse banho de nostalgia que este quarto álbum dos alemães Nailed To Obscurity nos traz. A banda acerta em cheio nas melodias criadas, a começar no tema título que abre o álbum ou no épico “Cipher”. Fazer jogos de comparação é sempre injusto para a banda que é motivo dessas comparações, mas neste caso teremos que referir pelo menos o nome de Katatonia para que se tenha uma ideia do que podemos ouvir aqui. Mantendo uma identidade própria que já está formada há já alguns anos mas aqui, no seu primeiro disco para a Nuclear Blast, parece que reúnem as suas melhores canções de sempre.

Fernando Ferreira

15 – Architects Of Aeon – “Koloss”

Edição de Autor

Quando uma banda se apresenta com um álbum de estreia, principalmente nos dias de hoje, é sempre difícil. Mil e uma distracções, mil e um álbuns, dificilmente o público se rende a não ser claro que se tenham as ferramentas certas, inteligência (ou muito dinheiro) e, claro, boa música. Não sabemos qual vai ser o balanço do impacto de “Koloss” no mundo real mas podemos dizer com toda a certeza que aqui neste nosso World Of Metal ficámos rendidos a ele. Não apresenta nada propriamente revolucionário mas a forma como o seu doom metal atmosférico com pitadas de pós-metal aqui e de death metal melódico ali consegue ser eficaz. Aliás, altamente eficaz. Viral mesmo. Não acreditam? Provem e não vão querer outra coisa, garantido!

Fernando Ferreira

14 – Inter Arma – “Sulphur English”

Relapse Records

Não é a primeira vez que digo isto, e no mesmo contexto dos Inter Arma mas “Sulphur English” parece mesmo a banda sonora do fim do mundo. Mas este é um apocalipse com requintes de malvadez. A intensidade sufocante da sua mistura entre death, black, doom, sludge e sei lá mais o quê, é quase demasiada para suportar durante os quase setenta minutos da sua duração. No entanto, apesar de longo, também é dotado de uma dinâmica musical aparentemente inacessível. Claro que a aura claustrofóbica é constante (mesmo nos momentos mais viajantes de “Stillness”) – o que possa indicar de forma errada que este é um trabalho unidimensional. Nada mais longe da verdade. Há mais cores, mais estados de espírito. O negro é que surge mais mas até a capa evidencia que o apocalipse pintam-se de outras cores que não o preto.

Fernando Ferreira

13 – Stellar Master Elite – “Hologram Temple”

Unholy Conspiracy Deathwork

A cacofonia digital da capa não faz justiça à bela cacofonia orgânica que este quarto álbum dos Stellar Master Elite nos traz. Uma mistura claustrofóbica e intensa de black metal com doom que é uma autêntica viagem durante uma hora. Não é para fracos, avisa-se já, porque os sentimentos aqui despertados são aqueles próprios da humanidade perante o apocalipse ou abismo – como quiserem encarar a coisa. Desesperança e abandono em nove temas que são obrigatórios para quem aprecia o sofrimento exasperante da vida humana em confronto com o seu inevitável fim.

Fernando Ferreira

12 – Maerormid – “Stasi”

Volcano Records

Sonoridade rica que os Maerormid nos trazem com este terceiro álbum. Podemos dizer que é dominado pelo doom metal e nem estou muito certo onde é que o black metal se encaixa neste contexto, a não ser talvez algumas das ambiências, da violêncio sónica e do tremolo picking mas no que ao Doom diz respeito, o feeling é vencedor, principalmente com os arranjos de violino.temos aqui um grandioso álbum para ouvir em loop. Que é o que fizemos.

Fernando Ferreira

11 – Marianas Rest – “Ruins”

Inverse Records

Os finlandeses têm um dom qualquer. Há qualquer coisa na água que bebem que faz com que se metam em bandas que lançam álbuns como “Ruins”. Se a estreia “Horror Vacui” foi surpreendente pela sua qualidade, o que dizer deste segundo trabalho, onde o doom metal se funde ao death metal melódico para trazer um álbum com um atmosfera muito própria, quase palpável. Um álbum à antiga (sem querer ser saudosista mas quem tiver uma opinião contrária de que a era dourada do death/doom melódico é a década de noventa é porque tem ainda algum trabalho de casa para fazer) com temas longos, sim, mas ainda assim bastante eficazes, tornando estas ruinas um local a visitar bastantes vezes.

Fernando Ferreira

10 – Lucidity – “Oceanum”

Inverse Records

Não gostam de ser surpreendidos/as? Boas surpresas isto é, claro. É uma das maiores recompensas que temos ao ouvir álbuns como destes Lucidity que quebram o silêncio de cinco anos depois da estreia. “Oceanum” é um daqueles trabalhos que nos desperta a nostalgia. Podemos encaixá-lo dentro do death metal melódico mas acaba por ter uma aproximação maior ao doom metal onde a melodia é sinónimo de melancolia. Katatonia é um nome que poderá aparecer em mente embora apenas como referência, já que parece que estamos perante uma identidade própria. Até mesmo a parte do death metal não é omnipresente, com as vozes limpas (de qualidade ímpar) a dominarem este lançamento. Um grande álbum, daqueles que prevemos que se vá tornar clássico.

Fernando Ferreira

9 – Black Crucifixion – “Lightless Violent Chaos”

Seance Records

Os finlandeses Black Crucifixion não são estranhos por estas paragens to black metal. Lightless Violent Chaos trazem-nos mais do que de bom estes tem produzido desde os anos 90’. As melodias góticas enchem este trabalho musical imensamente como bandas tipo Emperor ou Enslaved. Quando em modo doom são atmosféricos e hipnóticos ao trazer um aspecto Type O Negative, quando rápidos e agressivos são mestres em execução…TOP. Não existe nada que se aponte de fraco neste trabalho. É ouvir e ouvir outra vez. Excelente em todas as áreas. Altamente recomendado!

Fernando Ferreira

8 – This Gift Is A Curse – “A Throne Of Ash”

Season Of Mist

Parece que quatro anos foram suficientes para me esquecer do potencial dos This Gift Is A Curse têm para a destruição. Parece incrível mas terá sido isso que aconteceu já que assim que a desagradável (no bom sentido) intro “Haema” termina e “Blood Is My Harvest” começa, parece, sem sombra de exagero, o fim dos tempos. Do início ao fim, com mais ou menos blastbeat, aquilo que temos é uma experiência intensa e até, de certa forma, difícil de suportar. Imaginem uns Anaal Nathrakh mas mais dispostos a acabar com o mundo do que propriamente a demonizá-lo. Não faz grande sentido, eu sei, mas é parvo o suficiente para dar uma ideia. O fim do mundo de proporções bíblicas.

Fernando Ferreira

7 – Esoteric – “A Pyrrhic Existence”

Season Of Mist

Os Esoteric sempre foram uma proposta aparte. Aliás, não tendo bem a certeza, mas a noção que tenho é que terão sido uma das primeiras propostas a que se possa considerar funeral doom. Música difícil de ouvir, deprimente e pesada como tudo. Ou seja, tudo razão para a apreciarmos. Apresentando como sempre dois CDs (para quase noveeeeeeeenta minutos d música em seis temas), este é um daqueles álbuns que nos levam para baixo, até às profundezas, mas fá-lo de uma forma tão perfeita que mais parece que as profundezas são o céu, tal não é a beleza das melodias e da forma como se conjuga com o peso. Sabemos que não adianta estar com este discurso de venda para quem não gosta da banda. Também sabemos que não adianta para quem não a conhece e depois do primeiro contacto não consegue ouvir mais de cinco minutos. Ainda assim, teremos que referir, este será um dos álbuns de Funeral Doom de 2019. Caso não vos convença, podemos dizer que também é um dos de doom/death metal. Seja por onde der, é um grande álbum!

Fernando Ferreira

6 – Mephorash – “Shem Ha Mephorash”

Shadow Records

Apesar de ser o quarto álbum dos Mephorash, temos que admitir a nossa ignorância em relação à existência. No entanto, posso já adiantar, que ficámos extremamente curiosos em relação ao que fizeram para trás. Isso porque este ék um enorme álbum, em todos os sentidos. Temos aqui quase setenta e cinco minutos de música com oito temas que variam entre os seis minutos e os quinze. E antes que se metam já a deitar a adivinhar, é um dos trabalhos mais dinâmicos que já ouvimos dentro do género. Para já, há por aqui uma costela doom bem vincada onde a atmosfera (já de si própria do black metal) e o tom solene de quase toda a totalidade das faixas nos deixam rendidos. Imaginem o impacto que “Requiem” de Mozart teve, agora juntem-lhe guitarras em tremolo picking, coros celestiais e uma voz (ou vozes) diabólicas. Eu sei, é uma blasfémia comparar Mephorash a Mozart mas mais uma razão pela qual faz todo sentido. Simplesmente impressionante.

Fernando Ferreira

5 – Antigone’s Fate – “Zum Horizont…”

Northern Silence Productions

Antigone’s Fate poderá ainda ser um nome relativamente desconhecido da cena de black metal, apesar do bom impacto (pelo menos aqui na nossa World Of Metal) que a estreia “Insomnia” teve. Provavelmente “Zum Horizont…” não irá mudar isso, no entanto, teremos sempre que referir que o que está aqui é uma obra de arte. Sabemos que os quatro temas longos (os dois mais pequenos têm nove minutos) são tudo menos imediatos, o que constitui uma barreira à popularidade, no entanto a forma como o black metal atmosférico se funde com o doom para criar quatro verdadeiras peças que ouvidas de seguida conseguem criar um estado de melancolia que não sendo agressivo acaba por nos envolver de forma contemplativa e deixando-nos nesse mesmo estado. Culmina tudo com o épico de vinte e um miutos “Der Graue Block” e deixa-nos derreados, mas cheio de vontade de voltar para mais uma viagem.

Fernando Ferreira

4 – Helevorn – “Aamamata”

Solitude Productions/BadMoodMan Music 

Podemos ouvir cento e quinhentos álbuns por dia, podemos ter décadas disto mas é bom ver que mesmo assim ainda conseguimos ser surpreendidos. É uma lição de humildade, nunca sabemos tudo e estamos sempre a aprender se estivermos dispostos a isso. A lição de hoje é de doom/death metal gótico e é-nos entregue por uma banda que não conhecíamos que é mesmo daqui ao “lado”. OS Helevorn chegam-nos de Palma de Mallorca e quando atingem duas décadas de carreira, lançam este quarto álbum, cheio de melodias vencedoras e épicas que tornam praticamente obrigatório voltar atrás no tempo e ir buscar todos os trabalhos anteriores porque o que temos aqui é bom demais para passar despercebido.

Fernando Ferreira

3 – Wells Valley – “Reconcile The Antinomy”

Black Lion Records / Chaosphere Records

Confesso que o meu primeiro contacto com os Wells Valley. Apesar de reconhecer a sua qualidade, não consegui com que “Matter As Regent” entrasse em pleno. Já “The Orphic” foi imediato. E com isto chegamos ao segundo álbum, “Reconcile The Antimony” que teve o dom de me dar uma paulada na tola que me deixou amnésico. A sério! Acreditem que assim que ouvi este álbum pela primeira vez, no final, não me recordava dos motivos que me levaram a não gostar de “Matter As Regent”. Nem mesmo dos motivos que me levaram a gostar de “The Orphic”. É assim TÃO poderoso. Mostrando-se por um lado tradicional, com a veia doom quase a estalar, mas sem esquecer os ambientes claustrofóbicos, estes seis temas precisam de espaço – provavelmente tal como o já referido até exaustão primeiro álbum – apesar do impaco positivo que têm. Porque o seu alcance é mesmo impressionante. Podemos dizer que é um álbum que precisa de uma disposição pré-definida para ser ouvido, no entanto, mesmo sendo colocado a tocar a contragosto, não precisa de muito para criar (rasgar?) o seu próprio espaço. Que bomba!

Fernando Ferreira

2 – Onirophagus – “Endarkenment (Illumination Through Putrefaction) ”

Xtreem Music 

Que bomba! Sabemos bem o fraco que temos pelo doom metal, principalmente quando o mesmo se apresenta com uma sonoridade e sensibilidade melódica, mas este álbum dos espanhóis Onirophagus é uma autêntica bomba, quer se goste ou não do género. E poderá ser um bocado difícil de engolir esta afirmação já que o álbum em questão tem apenas quatro temas e quase uma hora de duração – logo não é propriamente atractivo para quem não tem pachorra para temas longos. O que é pena para essas pessoas, porque isto é uma daquelas viagens impossíveis de descrever – dupla frustração estar para a aqui a debitar palavras e a sentir que não se chega sequer ao sentimento que este álbum transporta e transmite. Death/doom com repentes estilísticos de black, melodia, peso, lentidão, blastbeats, tudo para um álbum que se não é perfeito, parece!

Fernando Ferreira

1 – Swallow The Sun – “When A Shadow Is Forced Into The Light”

Century Media Records

Confesso que não sabia bem o que esperar deste álbum dos finlandeses Swallow The Sun. Depois do fantástico trabalho mas de difícil absorção“Songs From The North, I, II & III”, não sabíamos muito bem para que lado é que a inspiração da banda os iria levar. A eles e a nós, por arrasto. E quanto mais sabemos sobre ele, mas estamos convencidos que a música não interessa para aqui. Quer dizer, interessa, interessa sempre, mas não é o elemento que faz a diferença. Porque aqui não temos uma separação, ou nós não conseguimos fazer essa separação, entre a música e conceito. Este trabalho é inspirado pela perda de Juha Raivio, mastermind dos Swallow The Sun, da sua companheira. É ao mesmo tempo um exorcismo e elogio fúnebre. Melancólico, visceral mas de uma beleza arrepiante, este é um daqueles trabalhos que é para ouvir do início ao fim. Que é para explorar as emoções interiores que desperta. Coloca-nos de parte com a nossa própria mortalidade, com as nossas perdas. Com tudo aquilo que não queremos encarar quando passamos por algo semelhante. É um álbum difícil, cru nas emoções mas do mais belo que pode haver na mensagem e na música. É um álbum assombroso ao qual é impossível ficar indiferente.

Fernando Ferreira

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