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WOM Tops – Top 20 EP 2019

WOM Tops – Top 20 EP 2019

E após uma longa corrida, mais uns meses do que inicialmente previsto, chegámos ao final de mais uma maratona de Tops e acabamos com a reunião dos melhores EPs que nos passaram pelas mãos durante todo este ano. Uma colecção de luxo que não abrange todos os vários géneros que nos dedicamos a apreciar, aqui reunidos para todos vós. E até para o ano!

20 – Haunt – “Mosaic Vision”

Shadow Kingdom Records

Se os Haunt não são a melhor banda de heavy metal a surgir nos últimos tempos, devem andar lá perto. Não nos cansamos de dar destaque à sua música assim como eles aparentemente não se cansam de lançarem pequenas pérolas. “Mosaic Vision” traz-nos quatro temas de puro heavy metal, disponível em cd, vinil e claro, cassete. Old school e com um extremo bom gosto, obrigatório!

Fernando Ferreira

19 – Empirical – “Of Anger & Tranquility”

Edição de Autor

Vindos de Manila, nas Filipinas, estes Empirical foram uma excelente surpresa. Na curta conversa com Kal-El Dela Cruz (sim, o nome dele é mesmo Kal-El), o vocalista da banda, fiquei a saber das duras condições no país onde o grande combustível para suportar todas as adversividades é a paixão pela música numa cena prejudicada pelas fracas condições económicas. E é essa paixão que sobressai aqui nestes quatro temas de death metal melódico bem empolgante. Fantástico trabalho que nos deixa a certeza de que esta banda filipina tem, apesar de todas as dificuldades, um futuro brilhante.

Fernando Ferreira

18 – Plague Years – “Unholy Infestation”

Seeing Red Records

Reedição em formato digital do álbum editado pela própria banda, uma reedição que se espera que faça chegar a esta música a mais pessoas. Depois de ouvir este EP, esperamos que isso aconteça porque a música que se pode ouvir aqui merece. Um thrash metal bruto, cheio de cabedal e vem com a missão de distribuir fruta entre o pessoal que ainda aí armado aos cucos. As referências aos Power Trip e Warbringer no comunicado de imprensa não vem por acaso. Mais que recomendado, obrigatório!

Fernando Ferreira

17 – Foul Body Autopsy – “The Unquiet Dead”

Edição de Autor

Excelente surpresa este EP. O nome da banda e até a capa e logo coloca-nos num estado de espírito de brutal death metal mas aquilo que temos é um death metal que sem ser excessivamente melódico, tem uns ganchos que se agarram e não nos conseguimos desfazer deles. E ainda bem. Apesar de serem apenas três temas, ficamos com excelentes indicações para futuros trabalhos. Venham eles!

Fernando Ferreira

16 – The Bouncing Souls – “Crucial Moments”

Rise Records

De Nova Jersey, os The Bouncing Souls, com um EP de forma a comemorar o seu trigésimo aniversário. Ninguém diria a avaliar pela vitalidade com que atacam nestes seis temas de punk rock cheios de melodia. Podemos dizer o que quisermos em relação a este tipo de som, mas a sua efectividade é inquestionável. Ouçam a furiosa “1989” e a forma como soa perfeita ao lado de uma “Favorite Everything”. A forma perfeita para celebrar o aniversário embora ainda mais perfeito fosse mesmo um álbum…

Fernando Ferreira

15 – Cénotaphe – “Empyrée”

Nuclear War Now! Productions

Já tínhamos saudades de ficar fascinados por uma banda de black metal francês e como que a ouvir as nossas preces surgiram os Cénotaphe. Quer-se dizer… não surgiram propriamente agora. Já têm uma demo, um split e dois Eps lançados, contando com este “Empyrée” e só temos a dizer que tomara muitas bandas lançarem um álbum tão poderoso como este EP é – e até já vimos álbuns com menos músicas e menos duração de tempo (33 minutos). Temos seis temas, black metal onde o foco vai para a voz desesperançada e para as melodias cativantes que vão saíndo da guitarra. Algo que se repete em todas as faixas e garante a nossa atenção desde o primeiro momento. Vício absoluto garantido.

Fernando Ferreira

14 – Underwing – “Spirals”

Pinecone Records

Excelente surpresa estes Underwing. Normalmente quando vemos comparações estamos sempre preparados para algo bastante diferente – normalmente são feitas através de pequans sensações. Quando não é o caso são cópias descaradas. Com a premissa de ser como que um filho de Black Sabbath e Alice In Chains adoptado por Tool e com vizinhos como Soundgarden e Motorpsycho, é impossível não ficarmos suspeitos de estarmos a ser enganados. E não é que a coisa faz sentido? Talvez não desta forma mas os nomes em si parece fazer, com mais ou menos grau, todo o sentido. Uma voz hipnótica e uma junção fantástica entre o progressivo e o alternativo, entre o rock e o metal, que no final não sabemos muito bem o que estamos a ver. Apenas que é bom. E é bom.

Fernando Ferreira

13 – Visigoth – “Bells Of Awakening”

Metal Blade Records

Sendo fãs confessos do metal tradicional que os Visigoth fazem, a notícia de nova música foi recebida com entusiasmo. Mesmo que sejam apenas duas músicas, neste caso “Fireseeker” e “Abysswalker”. Fantásticos temas de heavy metal tradicional com grande foco nos coros e nos refrães e que só nos faz pensar em ouvir mais. Grande vício!

Fernando Ferreira

12 – O Gajo – “As Quatro Estações: Rossio”

Rastilho Records

A primeira associação que nos surge, antes até d’”As Quatro Estações” de Vivaldi, é das estações do “Monopólio”, eterno jogo da infância para quem cresceu na década de oitenta. “Rossio” é a primeira parte sendo que as outras são “Santa Apolónia”, “Alcântara-Terra” e “Cais Do Sodré” (as semelhanças com o “Monopólio” ficam-se pelo caminho). Temos quatro temas instrumentais (exceptuando pelo momento spoken word na “O Caminho É O Poema” pelo José Anjos), movidos a viola campaniça com o seu som bastante hipnótico e tão característicamente português. Cinco temas de uma belza impressionante e à qual não podemos deixar passar em branco.

Fernando Ferreira

11 – Inclination – “When Fear Turns To Confidence”

Pure Noise Records

Um EP que se despacha em pouco mais de quinze minutos é o que os norte-americanos Inclination apresentam com “When Fear Turns To Confidence”. No entanto e apesar disto voar rapidamente e sem qualquer sem esforço, sabia bem ouvir um pouco mais mas dentro do calibre destas cinco faixas que surgem todas encadeadas. Hardcore tingido a metal mas que soa fresco, o que ajude a que fique na memória (numa época em que é quase impossível isso acontecer dada a quantidade de oferta seja neste género ou outro qualquer. Boa surpresa.

Fernando Ferreira

10 – Krigere Wolf – “Eternal Holocaust”

Lower Silesian Stronghold

Krigere Wolf  é o nome de uma entidade de black metal italiana bruta (e por bruta, usam elementos de death metal para embrutecer o seu som) e conseguem-no fazer com sucesso. Neste MCD, os níveis de efectividade são bem altos onde os riffs são memoráveis, fazendo lembrar nalguns aspectos os Marduk, mas a banda já tem uma identidade há muito tempo e aqui ela é aprimorada para os níveis mais intensos e directos. São quatro faixas novas (sem contar com a intro “Primordial) e uma cover dos Dissection, “Night’s Blood”, bem potente – o que também não é difícil já que há muita boa material por onde pegar.

Fernando Ferreira

9 – Undantagsfolk – “Den Ondes Fingrar”

Nordvis

Os Undantagsfolk são um duo que nos chegam da Suécia com um folk tipicamente escandinavo. Ou melhor tipicamente sueco, um retrato dos contos antigos da Suécia rural e sem a contaminação de outros géneros musicais, estes dois temas são um vício delicioso. Um EP de estreia que recomendamos para quem gosta de folk puro.

Fernando Ferreira

8 – Miss Cadaver – “Mundo Cabrão”

Edição de Autor

Miss Cadaver está de volta com este EP carregado de simbolismo. A banda/projecto de Rui Viera dos Machinergy assume-se cada vez mais como um projecto a ter em conta no nosso underground nacional. “Ao Ponto Que Isto Chegou” é um temazorro de todo o tamanho, “Anarkos” é carregado de sentido político, “Mundo Falso” é a mais que devida homenagem a Simbiose e “Nova Raiva” é inspirada em Therapy?, numa das grandes malhas do Troublegum, “Knives”. Dedicado a Sérgio Curto, este é um grande EP, edição limitada em CDr mais que recomendada.

Fernando Ferreira

7 – Vorga – “Radiant Gloom”

Edição de Autor

Os Vorga vieram ter connosco e apresentaram o seu som. E em boa hora o fizeram porque o seu black metal não só foge um pouco aos pergaminhos escandinavos como apresenta uma dose saudável e sóbria de melodia que só traz mais dinâmica à sua música. Sendo o EP inaugural da sua discografia, não deixa de causar um excelente impacto e uma boa impressão que nos faz aguardar com curiosidade nos próximos lançamentos. O que têm aqui é ouro, puro ouro.

Fernando Ferreira


6 – Vale Of Pnath – “Accursed”

Willowtip Records

Capa fantástica para um EP fantástico. A sonoridade dos norte-americanos Vale Of Pnath poderá deixar alguns confusos. Poderá encontrar aqui alguns laivos de coisas mais core (inexistentes mas percebemos a razão disso acontecer) ou até de black metal mais sinfónico (também muito ao de leve) mas garantimos qualidade para os fãs do death metal técnico e virtuoso. Esses pequenos elementos servem para enriquecer, ainda mais, o que já é rico. E resulta muito bem. Grande banda! Grande EP!

Fernando Ferreira

5 – Folian – “Ache Pillars”

Apneic Void Sounds

Ora música experimental é algo que adoramos. Quer dizer, nem sempre a música experimental é boa, nem sempre a experiência resulta, mas damos valor a quem se arrisca. Este EP é composto por quatro faixas que andam pelos caminhos do ambient e drone. Há por aqui algo muito místico, algo que temas como “Clearing In The Shadows” nos trazem, aliás, todos, principalmente o épico “Where All This Dust Comes From”, que nos coloca num estado de contemplação interna do qual não queremos sair. Um álbum assim e atingíamos o Nirvana.

Fernando Ferreira

4 – Geezer – “Spiral Fires”

Edição de Autor

Se gostam de coisas dentro de blues, stoner rock e psicadélico, juntem-se à volta da fogueira que tenho um EP para vos mostrar. Os Geezer são uma banda americana que mistura os estilos acima mencionados e como resultado produz uma peça musical que metaforicamente é o equivalente a um brownie de erva que induz qualquer ouvinte num transe de paz e felicidade contudo, ao mesmo tempo detém energias fortes que dão ritmo e força à coisa. Spiral Fires é um EP de 4 faixas e de duração de 25 minutos, que ao longo da sua composição vai apresentando dois tipos de sonoridades essencialmente. O rock/blues com o toque psicadélico, que dão a lembrar grandes bandas tradicionais deste género. Nestas secções (que se encontram em parte da 1ª faixa e 3ª faixa), o que têm é um rock intimidador de ritmo lento, com uma guitarra distorcida e de notas bem acentuadas no espectro do grave a que se junta o baixo que aqui é muito sentido e por isso, verdadeiramente glorificado (e isto ocorre em todo o EP). Além disto é referir o vocal, que é uma mistura do rock e dos blues, na medida em que é rouco e arrastado. Já na outra fase (2ª faixa), a banda opta por um som em que predomina o psicadélico e o stoner rock, em que sinceramente são catapultadas para uma dimensão alternativa de paz interior e de alucinações divertidas, não há vocal, há só a bateria muito simples e o baixo a marcar a sonoridade principal, enquanto vão ouvindo a guitarra a solar à distância de forma muito pacífica. Posteriormente quando se aproximam do fim do EP sofrem uma despedida em conjunto de ambas estas sonoridades, um rock moderado-pesado com a introdução de elementos mais “tântricos” e de um solo de guitarra à maneira, e que resultam no culminar de toda a qualidade deste EP que definitivamente não é “só mais um álbum ou EP”, é sim um trabalho muito bem construído (só não gostei do sintetizador por vezes usado para introdução das faixas).

Matias Melim

3 – The Shrine – “Cruel World”

Eliminator Records

A capa é tenebrosa mas esta é uma grande banda. Tendo o privilégio de já os ter visto ao vivo com os Red Fang no Musicbox algures em 2012 (se não me engano), esta banda mistura como ninguém hard rock clássico com um certo espírito punk e stoner, ficando com uma sonoridade facilmente reconhecível mas nem por isso fácil de dissecar – a não ser por estes pequenos pedaços individuais que parecem não fazer qualquer sentido. Seja como for, a banda está agora de volta com este EP que é um mimo. Um daqueles que passa num instante (literalmente, são apenas quinze minutos) mas que nos dá um gozo desgraçado voltar a rodar. Música assim não farta. Nem envelhece.

Fernando Ferreira

2 – Hellripper – “Black Arts & Alchemy”

Reaper Metal Productions

One-man band vinda dos infernos com um entusiasmo bem contagiante e que não deixamos de ficar entusiasmados. São quatro curtos temas mas a forma como James McBain, o moço responsável por tudo o que se pode ouvir, nos consegue infectar com esta simplicidade blasfema que junta black metal, heavy e speed metal é bem contagiante. Um dos Eps mais viciantes de 2019, de longe! Para a velha e nova guarda!

Fernando Ferreira

1 – Hamferð – “Ódn”

Metal Blade Records

Spoiler: é um EP do caraças. Os Hamferð são uma banda das ilhas Faroé que deu os seus primeiros sinais de vida com o lançamento do seu primeiro EP no ano de 2010, com o título de: Vilst Er Síðsta Fet. Desde então, já apresentaram dois álbuns em 2013 e 2018, tendo agora lançado o EP Ódn que contém apenas duas faixas ambas tocadas ao vivo: Ódn, uma faixa que não consta em nenhum outro álbum em formato algum, e Deyðir Varðar, faixa já apresentada no 2º álbum da banda. Como alguém que ouviu este álbum completamente desligado de qualquer informação em relação aos Hamferð, só tenho mesmo a lamentar não ter conhecido esta banda mais cedo. A banda situa-se num estilo de doom metal muito típico com ritmos relativamente lentos e com uma sonoridade de guitarras bastante crua e distorcida, contudo com este EP optaram por apresentar uma verdadeira dupla personalidade musical. Enquanto que a primeira faixa opta pelo estilo já mencionado, a segunda opta por um estilo completamente oposto em que apenas se ouve uma guitarra muito ligeira e um vocal estranhamente melódico (daqueles em que se percebêssemos a língua provavelmente nos sentiríamos extremamente comovidos), “estranhamente” por nos lembrarmos que é da mesma autoria do mesmo músico que se apresenta na primeira faixa. É de facto uma banda que transmite emoções verdadeiras aos seus ouvintes, tanto as infernais de Ódn como as mais melancólicas de Deydir Vardar, no fundo mostrando que é uma banda com muita qualidade e com realismo no trabalho que apresenta (pelo menos neste trabalho). Talvez seja importante referir que esta banda baseia-se na sua cultura marítima única para construir os seus trabalhos (sendo o seu próprio nome uma referência aos marinheiros mortos ou desaparecidos em alto mar), isto porque creio que é este aspeto tão específico que configura a profundidade musical da banda, assim como a sua personalidade tão única. Portanto, se procuram uma peça diferente e boa, inteiramente cantada ou em feroês ou em dinamarquês (perdoem me pela ignorância de não conseguir diferenciá-las) que demonstra um doom metal com extrema profundidade e sentido de existência, aqui têm um excelente trabalho que definitivamente merece um lugar no pódio.

Fernando Ferreira

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