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WOM Tops – Top 20 Experimental/Psych Albums 2019

WOM Tops – Top 20 Experimental/Psych Albums 2019

Dois géneros que não têm muito a ver um com o outro a não ser por ambos nos permitirem voar para alto, mexermos o dedo. Experimental é tudo o que a criatividade dita fazer para fora do que é convencional e o psicadélico é o foguetão para irmos para o espaço sideral. Ambos têm aqui o melhor que nos passou pelos ouvidos em 2019

20 – Obzerv – “Acherontia Atropos”

Golden Antenna Records

Por falar em capas estranhas… Será certamente um conceito muito à frente quando o que se tem como principal imagem a foto do passe de um jovem. Felizmente o som que os alemães Radare resolvem focar é mais fácil de interiorizar. Algures entre o chill out orgânico, o dream pop, noise rock e indie e o ambient e experimental, este mesmo indicado para usar como banda sonora para viagens espaciais. Não é um trabalho homogéneo mas sem dúvida que prende-nos a atenção durante quase quarenta minutos. Brilha particularmente quando o sax entra em acção.

Fernando Ferreira

19 – Cleaning Women – “Intersubjectivity”

Svart Records

Dez anos depois, e com a mistura de Alexander Hacke dos Einstürzende Neubauten, o trio finlandês experimental que gosta de fazer música com as coisas mais estranhas que encontra está de volta. E bem regressados, com uma sonoridade cada vez mais orgânica – consta que o objectivo era mesmo que conseguissem em estúdio um registo semelhante ao que conseguem em cima dos palcos. Podemos dizer que conseguem apesar de termos aqui um som refiniado dentro da experimentação. Bom groove, boa esquisitice, excelente álbum.

Fernando Ferreira

18 – Louis Jucker – “Kråkeslottet”

Hummus Records

Este é um daqueles trabalhos para os quais não conseguimos encontrar justificação ou explicação. Podemos analiticamente dizer que se trata de uma proposta experimental com laivos de folk assim como de indie e até, muito ao de leve, noise. Mas será que isso serve como justificação para o termos andado a rodar intensivamente nos últimos tempos? Certamente que não. Consta que foi gravado em Janeiro do ano passado numa viagem ao norte da Noruega num barco de pesca e essa ambiência, maquinal, está aqui presente mas é algo mais solene do que apenas isso. Bem sei que esta pequena missiva não é esclarecedora de qualquer modo para o que se pode ouvir aqui. Talvez seja melhor assim, levar-vos a descobrir por vós próprios. E aí, pode ser que embarquem num loop interminável e se remetam apenas à apreciação em vez da explicação.

Fernando Ferreira

17 – Molasses – “Mourning Haze/Drops Of Sunlight”

Ván Records

Os Molasses são uma banda de rock psicadélico oriunda da Holanda e apesar de serem um novo nome no panorama musical, os seus membros estão longe de ser amadores nunca antes ouvidos em publico, estando-me aqui a referir à sua presença em bandas como The Devil’s Blood, Astrosoniq, Birth Of Joy e Donnerwetter. Contudo, apesar desta diversidade de backgrounds parece haver consenso no que toca ao desejo de não representar uma continuação das passadas bandas, intenção manifestada pelo seu mais recente EP – Mourning Haze/Drops Of Sunlight. Passando agora à análise deste EP de estreia; a verdade é que o rótulo que a própria banda atribui a si mesma é algo redutor, na medida em que classificar isto apenas como rock psicadélico é o equivalente a se limitar a uma minoria das suas faixas. O que ocorre aqui é uma bela fusão de géneros simbióticos, nomeadamente o rock, o doom ( enquanto estilo ambiente) e uns toques de metal (e certamente outros géneros que desconheço). Toda a sonoridade deste EP é ambiental, na medida em que sentem envolvidos na música, razão pela qual acho que a escolha de haze para o título é excelente, e também é de destacar o seu pendor melódico. Elementos mais específicos: o vocal feminino é excelente mas de nenhuma forma ultrapassa os restantes instrumentos; a bateria que é relativamente distante tem uma forte harmonização com o piano/teclado que também confere a personalidade do álbum; e a guitarra, apesar de subtil permite a criação de uns riffs distorcidos e minimalistas bastante interessantes. No fundo, é um álbum bastante relaxado espiritualmente mas que ao mesmo tempo tem aquela pica do rock e do metal que permitem uma aceleração muito atrativa. Definitivamente, não era o que esperava quando li rock psicadélico.

Matias Melim

16 – Deepshade – “The Silence“

WormholeDeath

Apesar desta capa ser horrível também é extremamente eficaz. Basta um olhar de relance (fixar os olhos não é aconselhável já que poderá, potencialmente, vazar uma vista) para sabermos ao que vêm, apesar de existirem vários detalhes inesperados. É sem dúvida um trabalho psicadélico, por vezes a roçar o space, só que em vez do sentido tradicional do psych ou space rock, temos uma abordagem mais alternativa que lhe concede (e traz ao ouvinte) uma lufada de ar fresco. Uma surpresa sem dúvida positiva, mesmo sabendo que é um álbum que potencialmente poderá passar ao lado de muitos. O que é pena.

Fernando Ferreira

15 – Svet Kant – “ The Visage Unbiased”

Wormholedeath

De vez em quando surge-nos uma proposta que nos desconcerta. Literalmente. E ainda bem que é para provar aos descrentes que a música pesada continua a conseguir surpreender. Os Svet Kant não são, contudo, totalmente originais, já que conseguimos aqui encontrar repentes de Cynic, Ephel Duath, Ramzet, sempre preservando a sua identidade. Aliás, os nomes citados não vos deverão confundir porque este é um trabalho que surge como refrescante além de praticamente ser um autêntico vício. Há quanto tempo não apanhavam algo assim?

Fernando Ferreira

14 – Kaleidobolt – “Bitter”

Svart Records

Os Kaleidobolt pertencem aquele lote de bandas que nos apontam o olhar (ou o ouvido) para tempos já idos, mas a forma como o fazem é peculiar. Dizer que temos rock psicadélico com alma bastante rock é redutor mas também faz sentido após ouvirmos este “Bitter”, que nos injecta nas suas composições aquele espírito rebelde e forte do rock clássico, sem deixar de, umas vezes mais descaradamente de outras, de ir bater à porta psicadélica. O resultado, mais sóbrio que se possa imaginar, é bem apaixonante e este álbum recomendado para quem gosta de rock fortemente enquanto alucina. Não vai alucinar assim tanto, mas o rockar é garantido.

Fernando Ferreira

13 – Volcano – “The Island”

Tee Pee Records

É o freaky freaky! Por completo. Por vezes falamos de som retro e depois temos os Volcano que parece que foram conservados em ambar desde a década de setenta. Prog, funk, psicadélico, assim como se o Santana no início da sua carreira começasse a dar no lsd forte enquanto se mudava dos ritmos latinos para os ritmos africanos. E é tão bom… é o tipo de banda que adoraríamos ver no Festival de Músicas do Mundo de Sines. Destaque para a “No Evil Know Demon” que é uma daquelas jams que até nos faz ver coisas no céu. Dentro de casa. Na cave.

Fernando Ferreira

12 – Waste Of Space Orchestra – “Syntheosis”

Svart Records

A capa é tão enigmática quanto o som que “Synteosis” contém. Doom metal extravagante e experimental que nos faz pensar duas vezes em relação ao almoço (será que tinha cogumelos marados? Porque é que estou a começar a levitar para dentro de um buraco negro). Barulhento, viajante, experimental, hipnótico, viajante. É horrível encher uma crítica de adjectivos, não é? Admitimos mas também não temos muitas margens para manobra. No entanto, não é que nos deixe sem palavras, apenas nos dificulta o discurso coerente (raios partam os cogumelos.  Uma grande e adorável surpresa. Principalmente para quem gosta de viajar na maionese.

Fernando Ferreira

11 – Black Bombaim “W/ Jonathan Saldanha, Luís Fernandes & Pedro Augusto”

Lovers & Lollypops

Os Black Bombaim continuam na senda de se reinventarem numa série de experiências que na nossa opinião só traz a ganhar ao ouvinte. Não há beco sem saída que resista a este tipo de fórmula, o que por si só, é algo positivo. Ora temos por um lado o factor de improvisação entre a banda, por outro temos um facto externo (onde um dos elementos convidados – Jonathan Saldanha (HHY & The Macumbas), Luís Fernandes (Peixe:Avião) e Pedro Augusto (Ghuna X) responsável pela premissa que depois é devidamente explorada em conjunto. O resultado é desafiante e, não negamos, hermético. Não é de fácil acesso mas para quem gosta de sair for a da sua zona de conforto – tal como a banda deve ter saído neste tipo de experiência – garantimos que a recompensa é enorme. O álbum serve também como banda sonora para um documentário mas neste caso podemos dizer que não precisa de imagens adicionais, cria muito bem as suas próprias.

Fernando Ferreira

10 – Tronos – “Celestial Mechanics”

Century Media Records

Ora está aqui uma boa surpresa. Shane Embury junta-se ao produtor Russ Russel, conhecido pelos seus trabalhos  de produção de bandas como At The Gates e Napalm Death) e ao baterista Dirk Verbeuren (de mil bandas embora agora pareça ter assentado arraias nos Megadeth) e traz-nos um metal diferente daquilo que nos habituou. Diferente em estilo porque em qualidade é representativo do seu talento. Não é imediato, nem sequer é muito fácil de categorizar, e como já dissemos muitas vezes, isso é logo metade do encanto para nós. Com uma capacidade incrível para criar atmosferas densas “Celestial Mechanics” é birlhante e o peso está longe de ser um dos seus maiores atractivos. Participações de “Snake” dos Voivod, de Erica Nockalls (dos The Wonder Stuff), de Billy Gould (Faith No More), Troy Sanders (Mastodon) e Dan Lilker (ex-Anthrax, Nuclear Assault e Brutal Truth) são apenas a cereja em cima do bolo, num álbum que é bem mais rico do que aquilo que aparenta à primeira.

Fernando Ferreira

9 – The Tronosonic Experience – “II: The Big Blow”

Apollon Records Prog

Ora aqui está algo que não esperávamos. Quer dizer, até não foi totalmente inesperado. Quando temos uma descrição como “jazz/prog/avantgard/ instrumental rock”, já vamos mais ou menos preparados. Só não fomos mais porque estamos habituados a estas descrições ambiciosas acabarem por não corresponderem bem à realidade. Excepção à regra. É exactamente o que temos aqui. E sim, não é de fácil audição… para quem não gosta de música instrumental E de música desafiante. Para nós, é um prato cheio de coisas boas. Sim temos devaneios que dá para a família toda mas faz tudo sentido, e tudo flui como uma gigantesca jam. E como nós gostamos de jams…

Fernando Ferreira

8 – Apprentice Destroyer – “Permanent Climbing Monolith”

Edição de Autor

Já muitas vezes falámos do poder benéfico da repetição no contexto musical para criar autênticas paisagens sonoras. Também já falámos como nem sempre esse poder se verifica – não é tanto a repetição pela repetição em si mas mais o saber aquilo que se deve repetir. Pois este projecto altamente experimental Apprentice Destroyer leva-nos até ao limite para tentar perceber o que é que se tem aqui. Sem dúvida que o efeito hipnótico é atingido mas sem dúvida que a repetição se sucede por vezes para além do expectável – e ainda assim, com efeitos positivos. Não é um trabalho de todo imediato, onde as várias camadas de guitarras (temos aqui quatro guitarristas!) se vão sobrepondo, tendo como companhia os sons de sintetizador, quase sempre abrasivos, e a bateria a pulsar o ritmo. Se inicialmente se estranha, depressa ficamos fascinados com esta proposta e não vaos poder deixar de ouvir mais umas quantas vezes… até decidirmos ouvir mais umas quantas vezes!

Fernando Ferreira

7 – Green Oracle – “Green Oracle”

Argonauta Records

O trabalho de estreia auto-intitulado destes italianos Green Oracle é uma verdadeira surpresa. Três temas, todos a rondar os vinte minutos, sem propriamente grandes mensagens líricas – podemos estar errados mas parece mais que estamos perante o uso da voz como mais um instrumento do que propriamente como uma forma de transmitir uma mensagem ou contar uma história (exceptuando o alinhamento das três músicas que se pode ler como 1. Please; 2.Do; 3.Hallucinogens – e apenas aquele sentimento de viagem que se tem sem se dar conta. Literalmente. Para verem o grau da coisa, isto é o tipo de material que os extra-terrestres usam para nos encontros imediatos de terceiro grau, onde é comum dizer-se que houve um lapso de tempo inexplicável. Quando se houve uma música como “Please”, entra-se num transe que quando chega ao fim, a primeira reacção que provoca é a pergunta – “Onde raio estive eu nos últimos vinte minutos?” A alucinar. Eu até alucinei que isto era parecido com Dead Can Dance por momentos. Oh, não, espera… isso é mesmo realidade. Damn, que alucinação!

Fernando Ferreira

6 – Pinkish Black – “Concept Unification”

Relapse Records

“Expect the unexpected” é a descrição que podemos ter da Relapse Records. Nem sempre é assim e existem períodos de seca de inspiração (não acontece só às bandas em particular e artistas em geral, as editoras também conhecem esse malefício). Bem, neste caso podemos dizer que a Relapse ainda é o que era. Apresenta uma banda que consegue ser psicadélica, new wave, rock noise suave (porque noise não há aqui muito) enquanto pisca o olho sem pudor ao synthwave típico da década de oitenta. Não sabemos muito bem como encarar isto mas a verdade é que esta aparente receita para o desastre resulta num trabalho que cativa e dá razão à máxima “estranha mas depois entranha”. A questão é que estranha tanto que temos que ouvir repetidas vezes, como que a tentar perceber que raio de droga alucinogénea acabámos de tomar. O mais engraçado é que, em termos de formato, nem é assim tão trippy. Mas o resultado é o mesmo.

Fernando Ferreira

5 – Cthuluminati – “Reliqideus”

Edição de Autor

Que grande nome de banda. E que grande estreia discográfica. Temos metal com um instrumental que tanto embarca por caminhos mais psicadélicos como abraça vários géneros de metal com bastante peso, diga-se de passagem, onde depois a voz ajuda a levar para paragens mais extremas, do death ao doom. O resultado é viciante e intrigante e nem sabemos muito bem em que estilo os havemos de colocar, já que a sua música é experimental sem ser extravagante. Boa surpresa.

Fernando Ferreira

4 – Zaum – “Divination”

Listenable Records

Ah… a propósito da review aos Albez Duz, também editado pela Listenable records, falámos de como é difícil a arte de fazer doom em condições, principalmente quando esse doom embarca em viagens longas. O que dizer então deste trabalho dos Zaum que nos traz três temas em quarenta minutos? Poderia ser potência para nos deixar em coma pelo aborrecimento ou em êxtase pelo brilhantismo. E felizmente é mais o segundo caso do que o primeiro. “Relic” é um temazorro de quase vinte minutos que se assume com aspectos ritualistas que nos fazem lembrar os Om. Estes canadianos acertaram em cheio com este álbum que em termos químicos deverá ser o mesmo que ingerir quantidades suficientes de lsd para estabelecermos linha directa com o Universo e com todos os seus segredos. Isto tudo sem queimar neurónios. Brilhante.

Fernando Ferreira

3 – Black Bombaim & João Pais Filipe – “Dragonflies With Birds And Snake”

Lovers & Lollypops

Os Black Bombaim são realmente uma das bandas mais aventureiras do nosso underground (talvez o conceito de agregar os Black Bombaim ao “nosso” underground seja demasiado desafiador para alguns mas tendo em conta que a base é a do rock e que não são propriamente estrelas pop, permitam-nos essa liberdade) e este é apenas mais um exemplo. Pouco tempo depois de terem lançado o trabalho em conjunto com Luís Fernandes, Jonathan Saldanha e Pedro Augusto, estão de volta juntando-se a João Pais Filipe, um dos grandes percussionistas lusitanos dos últimos tempos, para um trabalho que visa dar som ao documentário “Dragonflies With Birds And Snake”. São três temas longos (“Dragonflies”, “Birds” e “Snake”) que em mais de quarenta minutos nos transportam para um minimalismo musical onde ambas as componentes se reforçam e alimentam das prestações de cada um. Trata-se de um trabalho que, tal como tem vindo sido hábito, não encaixa naquilo que é vendável mas que se revela bem interessante para quem procura algo de valor e com consistência. Quando dois “monstros” se encontram, o resultado é este. Sublime.

Fernando Ferreira

2 – Moana – “In The Allure”

Mysteria Maxima Music

Moana estreia-se nos álbuns com esta pequena grande bomba, onde dá asas a várias vertentes da sua criatividade. Como apresentação da sua identidade musical, não nos deixa propriamente esclarecidos já que temos várias abordagens onde acabam por ter como denominador comum as guitarras a puxar ao rock.E claro, a voz marcantede Moana. Resultado? Um conjunto impressionante de temas que não nos cansamos de ouvir. Stoner, doom, ambient, folk (vertente world music), cabe tudo aqui e sabe tudo bem. Um nome que ansiamos por ouvir mais vezes no futuro.

Fernando Ferreira

1 – Katharos XIII – “Palindrome”

Loud Rage Music

Ora aqui está algo completamente diferente. O rótulo black metal no Metal Archives não poderia estar mais desactualizado. O black metal lá indicado praticamente não entra em “Palindrome” a não ser por ínfimos segundos ou no ambiente geral de todo o álbum. É um trabalho onde os ambientes lúgubres, a voz (vozeirão) de Manuela Marchi e o saxofone estão no centro das atenções, em música que é praticamente impossível de categorizar – mas podemos sempre começar pelo príncipio que não é black metal – mas que não interessa pelo impacto que tem. Sabemos que para os comuns gostos metálicos isto poderá ser demasiado desafiante e definitivamente é, no entanto é um desafio que não nos importamos de assumir.

Fernando Ferreira

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