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Reportagem Brant Bjork, Desert Mammooth @ RCA Club, Lisboa 13/10/17

Acreditamos que descobrimos este fenómeno meterológico que temos vivido nas últimas semanas. O Outono já cá está há quase um mês e as temperaturas subiram em vez de baixar. Podemos falar do aquecimento global, de como o ambiente está todo alterado por causa das porcarias que continuamos a enviar para a atmosfera todos os dias. É lógico. No entanto, aquilo que descobrimos é que neste caso o principal responsável foi Brant Bjork, lenda do stoner rock, que nos trouxe as temperaturas alta do deserto norte-americano. Primeira paragem no Porto e no segundo dia, a descida até à capital. Nesta noite quente, que viria a tornar-se escaldante, o mestre foi acompanhado pelos Desert Mammooth.

A banda de Almada entrou um palco um pouco mais tarde que o previsto, com a casa ainda algo despida de público. Felizmente este foi um ponto que se foi alterando conforme a actuação dos Desert Mammooth ia decorrendo. E que actuação. A música da banda é instrumental e viajante, como tal nem se notou a falta de comunicação, tirando as tiradas que o baixista Bernardo Esteves ia atirando para o público no intervalo das músicas. O power-trio criou um ambiente que não poderia ser mais propício para o(s) senhore(s) que se seguiria(m). Groove próprio do stoner rock assim como o seu peso sem falar das trips sonoras do rock mais psicadélico. Apesar de não existirem há mais de quatros, sem dúvida que este é um dos grandes valores nacionais do género e queremos ver mais vezes no futuro.

Após uma longa espera, onde se incluiu a devida mudança de palco e soundcheck, finalmente o senhor por quem se aguardava subiu ao palco para aquela que seria uma actuação que iria ao encontro de todas as expectativas. Ao subir o palco, e com a reacção da sala, agora já cheia, ficámos com a confirmação daquilo que já sabíamos: este era um concerto ansiado pelo público português. “Tao Of The Devil” foi a razão para esta digressão e foi precisamente do álbum lançado no ano passado que saiu “Stackt”, a primeira música do alinhamento. É sabido que a carreira de Brant Bjork é longa e variada (de Kyuss a Fu Manchu, passando por mais uma série de projectos e, claro a sua carreia a solo) pelo que seria impossível ter um retrato de toda a sua carreira.

O foco foi entre a sua carreira a solo em nome próprio, o álbum editado pelo projecto Brant Bjork And The Low Desert Band e os dois editados pelo projecto Brant Bjork And The Bros, havendo ainda espaço para os temas em que o convidado especial, Sean Wheeler, participou – “Dave’s War” e “Biker Nº2” – uma participação que tornou o concerto ainda mais especial. O público estava em modo celebração e só pedia uma coisa no intervalo de cada música – “Porto”, o tema. Bjork teve que responder, numa das suas poucas incursões com o público, que já não tocava esse tema há mais de dez anos e de que não fazia ideia de que era tão desejada. A decepção de qualquer forma não foi grande, porque boa música não faltou.

Foi mais de uma hora de um desfilar de stoner rock de alto nível onde não faltou nada nem mesmo o moonwalk à caranguejo do vocalista/guitarrista que só era fruto do swing que a música que tocava provocava. O melhor foi quando a banda voltou do encore para mais três temas, “The Future Rock (We Got It)”, “Low Desert Punk” – com uma secção intermédia altamente hipnótica e que fez com que todos entrassem em modo viajante, sendo que o corpo era a única ligação com o espírito a voar pelo espaço sideral – e a acabar com “Freaks Of Nature” que contou também com a participação de Sean Wheeler, igualmente épico e uma chave de ouro propicia para uma grande noite de stoner rock’n’roll. Noites que fazem falta ter mais vezes. Mesmo que isso prolongue o calor por mais algumas semanas.

Reportagem por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos a Napalm Records e Garboyl Lives

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