Entrevista Pop Javali
Pop Javali: Marcelo Frizzo (voz/baixo), Jaeder Menossi (guitarra) e Loks Rasmussen (bateria) estão juntos desde 1992. Mas, há cerca de 7 anos a coisa começou a fluir mesmo pra banda, que se tornou um dos maiores nomes do Hard Rock brasileito apostando em som autoral. Aproximando-se sempre com o Rock Progressivo, o grupo, que nesse tempo lançou dois discos de estúdio, um ao vivo e fez turnê pela Europa, agora apresenta sua veia Heavy Metal em “Resilient”, o terceiro ato. A World Of Metal conversou com o trio paulistano que falou de uma forma geral sobre o disco e tudo o que o envolve. Por Vitor Franceschini
Sendo directo, “Resilient” seria o álbum mais pesado, mais Heavy Metal do Pop Javali?
Jaeder: Primeiramente, muito obrigado pela oportunidade de falar ao seus leitores. Sim, sem duvida, essa era a proposta que queríamos trazer para esse álbum.
Marcelo: Sem dúvida, “Resilient” é o álbum mais pesado da banda. Mantivemos a essência, mas ‘temperamos’ o som com um peso que, esperamos, agrade ainda mais ao público rockeiro.
A adição desse peso extra no novo álbum foi algo proposital ou natural? De qualquer forma, de onde a banda acredita ter se influenciado por essa pegada mais intensa?
Jaeder: Foi natural, foram surgindo composições um pouco mais pesadas, e quando fomos pra Europa percebemos que o caminho estava correto. Incluímos essas músicas em nossos setlists e notamos que elas agradaram. Depois quando voltamos, compomos mais algumas e finalizamos o repertorio que entrou no CD.
Marcelo: Creio que houve uma mescla entre o ‘natural’ e o ‘proposital’. A medida em que vamos ficando mais velhos, vamos ficando mais ‘pesados’ (risos). Ao mesmo tempo, nossa experiência na Europa, convivendo com várias bandas do Thrash Metal, nos impulsionou a criar músicas com essa pegada. Não chegamos a fazer um Thrash, mas as músicas têm uma pitada dessa influência.
É interessante notar, que mesmo trazendo esse elemento extra, a banda se mantém característica, enfim, a identidade foi mantida. Foi algo com que vocês se preocuparam?
Jaeder: Sim, acreditamos ter um alicerce definido em termos de estilo, mas estamos sempre pesquisando coisas novas e buscando trazer para o nosso trabalho as qualidades que conseguimos absorver.
Marcelo: Sim, a banda tem uma essência desde que foi formada. Respeitamos isso e fazemos questão de fazer um som que soe de forma que a pessoa ouve e diz: “isso é Pop Javali”. É muito interessante, e ao mesmo tempo muito difícil, atingir essa característica, mas temos nos esforçado para tal e sentimos que o objetivo foi atingido até aqui.
Loks: Creio que foi um processo natural de evolução e em nenhum momento nos preocupamos com essa possível “perda” de identidade, a nossa banda não tem um “rótulo” o que é bom e às vezes nem tanto… (risos)
Aliás, há até uma aproximação ao Thrash Metal, como na faixa título. Fale-nos um pouco dela.
Jaeder: Quando surgem as ideias, nós as gravamos e depois as reavaliamos pra ver se as levamos adiante. Foi uma grata surpresa quando ouvimos o playback dessa música depois de alguns dias. A base de inspiração veio de duas grandes referências nossas, Metallica e Black Sabbath.
Marcelo: A letra de “Resilient” retrata exatamente o momento da banda. São 25 anos de estrada e não foram poucas as dificuldades. Porém, conseguimos superar todas elas e, na maioria das vezes, os obstáculos nos tornaram mais fortes. Resistir e seguir em frente sem se entregar – esse tem sido um “modo de vida” pra nós.
Loks: As composições de todos os CDs da banda sugerem nossa vivência musical em um determinado momento. Sempre procuramos evoluir e “Resilient” é uma leitura contemporânea do Pop Javali tanto musicalmente como também como uma percepção criativa da banda.
Falando na faixa título, ela também mostra o ápice da versatilidade do vocal de Marcelo, que em “Resilient” se mostra mais variado. Como foi trabalhar essas linhas, qual o objetivo que você quis atingir, Marcelo?
Marcelo: A idéia de usar técnicas variadas vem em consonância com a intenção de tornar o álbum mais pesado. Tentei aplicar um vocal que misture peso e melodia, com um “pé” no gutural, mas nem tanto, pra não perder a característica da banda.
Aliás, essa variação/versatilidade se faz mais presente ainda no novo disco., além da técnia. Esse foi mais um ponto que tentaram atingir?
Jaeder: Isso vem de uma gama muito ampla de referências que buscamos pesquisar, desde o Fusion ate o Heavy/Thrash.
Marcelo: Acho que houve um amadurecimento natural, obviamente por conta da idade (risos).
Loks: Na verdade tudo faz parte dessa evolução natural. Quando você se dedica, estuda por horas buscando aprimoramento, as coisas começam a acontecer da maneira que gostaríamos. Apesar de que os CDs antecessores são ótimos também, mas não tem o mesmo contorno técnico de “Resilient”, mesmo porque já são 5 anos a mais de pesquisa, experiências e estudo desde o debut “No Reason To Be Lonely” (2011).
E qual a principal diferença que a banda destaca entre o novo álbum e seus antecessores?
Jaeder: Pra mim foi a ousadia de explorar territórios diferentes, sabíamos que correríamos riscos em relação a algumas apostas, mas o feedback que estamos tendo nos leva a crer que o objetivo que traçamos foi plenamente alcançado.
Marcelo: A pegada e o peso. Com certeza somaram aos trabalhos anteriores.
Loks: Em uma palavra: amadurecimento.
E como foi trabalhar mais uma vez ao lado dos irmãos Busic (ex-Dr. Sin)?
Jaeder: Está cada vez melhor, a cada novo trabalho, a sintonia entre a gente só aumenta, tanto pelo trabalho impecável de produção dos dois, quantos pelos laços de estreita amizade que temos. Inclusive tive a honra de fazer side-man pra eles recentemente, em algumas apresentações, programas de TV e internet.
Marcelo: A amizade e entrosamento que temos com eles facilitam demais. Trabalhar com os Busic é garantia de muitas risadas (risos), somado ao talento que têm como produtores, a coisa flui muito bem!
Loks: Tornamos-nos amigos e isso facilita muito. São pessoas sensacionais, músicos que entendem a linguagem da banda e também ficaram muito felizes com o resultado do CD.
Antes do lançamento vocês divulgaram dois webclipes e um lyric video para as faixas Renew Our Hopes, Shooting Star e Drying The Memories. Por que optaram por essas faixas?
Jaeder: Optamos num primeiro momento por faixas bem diferentes entre si, pra evidenciar as variações de climas durante o álbum. Nosso próximo passo é lançar mais dois clipes muito brevemente.
Marcelo: Na verdade, gostaríamos de fazer um clipe para cada faixa do CD, mas é muito caro… (risos) Investir em vídeos é algo necessário, ainda mais em tempos em que o Youtube já tem mais alcance do que a TV aberta.
Loks: Creio que para mostrar um pouco da banda pra quem ainda não conhece e também aguçar a curiosidade de quem conhece (risos).
Por fim, são três discos de estúdio e um ao vivo em seis anos, após 25 anos de banda. Vocês acreditam que recuperaram o tempo perdido, e mais, este é o melhor momento do Pop Javali?
Jaeder: (risos) Bem isso mesmo!!! Mil anos em dez? Sim, é o nosso melhor momento por enquanto, sabemos que ainda há muito a melhorar, e trabalhamos sempre pra buscar esse melhor!
Marcelo: Acredito que temos que ficar ricos o quanto antes, porque o tempo está cada vez menos pra gente (risos). Brincadeiras à parte, o fato é que nos sentimos muito bem na atual fase e essa felicidade se reflecte na performance, tanto em estúdio como nos palcos. Que venham mais 25 anos!!!
Loks: Sem dúvidas. No começo da banda tocávamos muitos covers assim como a maioria e também compúnhamos muitas músicas, mas tivemos que manter a banda em ‘um universo paralelo’ por alguns anos, pois tivemos nossos compromissos pessoais, familiares, etc. Passou-se o tempo e aqui estamos em nosso universo paralelo como prioridade de nossas vidas e seguindo nosso destino como músicos e também como pessoas e a todo vapor.
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