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WOM Biografias – Iberia

Formados nos anos 80, os Iberia têm os seus alicerces nos Asgard, banda que nascia, em 1984, da vontade de três adolescentes em fazerem música: Toninho, João Alexandre e João Sérgio. Foi no último mês do ano de 1986, que os Iberia surgiram, pela mão de Francisco Landum, João Sérgio Reis, João Alexandre e Toninho, formação à qual se viria a junta, meses mais tarde, Toni Cê. Naqueles anos, a ânsia de produzir era algo muito comum nas bandas nacionais e os Iberia não foram excepção, gravando a sua primeira demo-tape a 31 de Janeiro de 1987, um mês após o seu “nascimento “.  Esta demo-tape, composta por três temas, “Warriors”, “Hollywood” e “Lady in Black”, entra no top do Luso Clube da Rádio Comercial, tocando em várias outras rádios locais e nacionais.

As fanzines viviam os seus tempos áureos e eram um meio de divulgação e promoção das nossas bandas, assumindo por vezes, um papel muito para além do meio de comunicação. Foi o que aconteceu com a fanzine “Devastação Metálica”, que assumiu o Fan Clube dos Iberia. A primeira vez em palco como Iberia , foi no âmbito das Festas de Alhos Vedros, num palco ao ar livre com 700 pessoas a assistir, no dia 31 de Julho de 1987. Alguns dias depois, a 5 de Agosto, gravam o tema “Hollywood” para a sua estreia em televisão, no programa “Clipomanias”, na RTP.

O ano decorre com vários concertos e os Iberia são notícia na imprensa nacional, em jornais e revistas de referência da época: Se7e, Blitz, Êxito, entre outros. A banda assina neste ano, o seu primeiro contrato discográfico, para a gravação de dois álbuns, com a Discossete. O álbum de estreia, “Ibéria” é gravado nos meses de Setembro e Outubro de 1988 e vê a luz do dia a 3 de Dezembro desse ano. O concerto de lançamento, no ginásio da Baixa da Banheira, tem 1200 pessoas na assistência e segundo as próprias palavras de João Sérgio (baixista): “Foi brutal!” No entanto, ainda em 1988, mas antes da gravação do álbum, os Ibéria gravaram o single “Hollywood” / Feels Like Love”, que saiu em Abril, com um exclusivo de Luís Filipe Barros, na Rádio Comercial. “Hollywood” chega ao primeiro lugar do top do programa Rock em Stock.

A popularidade da banda está em crescendo, actuam no Coliseu dos Recreios a 18 de Maio e aparecem várias vezes na televisão, sendo convidados do Natal dos Hospitais (na altura era um dos programas que parava o país). 20 de Janeiro de 1989 é um marco na história dos Iberia , que tinham então 3 anos de existência: são a primeira banda portuguesa a passar na BBC-Radio One, no programa de Tommy Vance, Friday Rock Show, com uma audiência de 20 milhões de ouvintes, espalhados pelo globo.  Este acontecimento deu lugar a outro marco histórico, não só da banda, como do metal nacional: os Iberia são capa da edição do jornal Se7e, onde é publicada uma entrevista/reportagem de 5 páginas!

Os clips de “Lady In Black” e “Children of the Word” são gravados na RTP, a 24 de Fevereiro. A banda é galardoada com os prémios de melhor álbum de estreia e melhor banda de rock ao vivo. No dia 28 de Abril desse mesmo ano, Francisco Landum sofre um acidente de viação quase fatal e João Alexandre, quatro dias depois, é também vítima de um acidente de viação aparatoso.  A actividade da banda fica comprometida e esta vê-se obrigada a suspender toda a sua promoção do álbum, bem como a cancelar cerca de 10 concertos.

Paralelamente aos Iberia , Francisco Landum toca nos Da Vinci, grupo musical que participou n Festival da Canção com o tema “O Conquistador”, e pelo qual optou, em Maio de 1989. Nesse mesmo mês, os Iberia perdem também Tony Cê, que decide sair da banda, e João Alexandre que, já recuperado, é chamado a cumprir o Serviço Militar Obrigatório. Novas audições na banda, e a bateria é entregue a Tony Duarte. Para a guitarra regressa Toninho. Com um novo trabalho a ser preparado, os Iberia assinam contrato de agenciamento com a Uhsom, de António Manuel Ribeiro (dos UHF), em Setembro.

Concerto

De Dezembro de 1989 a Março de 1990 as atenções concentram-se na gravação do segundo álbum, que sairá em Abril. Com o título “Heroes Of The Wasteland”. O concerto de lançamento acontece em Odemira, a 25 de Abril de 1990, com os Rádio Macau. Em plena promoção de “Heroes Of The Wasteland”, surgem novas alterações no line-up da banda: Tony Duarte sai e Toninho integra os UHF. Guitarra e bateria passam a ser, respectivamente, Vasco Vaz e Marco Franco, dois ex-Braindead.

O ano de 1991, inicia-se em televisão, e a nova formação dos Iberia grava o vídeo-clip “México” para a promotora do programa Pop Off. É também em meados deste ano que João Sérgio entra para os Da Vinci, mantendo-se nos Iberia . Como o próprio nos contou: “…quando recebi o convite ainda hesitei porque não queria deixar os Iberia na mão. Impus, se assim se pode dizer, a condição de continuar a fazer a tour com os Iberia (tínhamos muito menos concertos que os Da Vinci e dava para conciliar) e funcionou. Fiz a tour com os Iberia paralelamente à dos Da Vinci que me levou a conhecer melhor o meio e a andar verdadeiramente na estrada…”

Em Agosto são uma das bandas do cartaz do festival barreirense “Sim à Vida”, onde tocam com British Lion, a banda de Steve Harris (baixista dos Iron Maiden). No final do ano de 1991, e na sequência dos vários problemas e consequentes limitações que a banda viveu, os Iberia decidem suspender a sua actividade enquanto banda. Individualmente, os diversos elementos mantêm as suas actividades e em 1992, Toninho sai dos UHF e João Sérgio abandona os Da Vinci.

A negação da gravação do terceiro álbum origina a ruptura com a editora Discossete, que não gostou da mudança de sonoridade do álbum “Ibéria” para o “Heroes Of The Wasteland”. Os Iberia decidem que o rumo a tomar é cantar em português e iniciam uma nova fase, na qual João Alexandre participa apenas no início, pois emigra para Inglaterra. Novos elementos se juntam à família Iberia : Victor Brás, Pedro Torrão e Miguel Ângelo, e a banda estabiliza novamente, gravando, em 1993, uma demo-tape de apresentação com o tema “Sismo”. E assim, entre demos e concertos, passam-se dois anos e a banda prepara o seu terceiro álbum.

No final de 1995, o vocalista, Miguel Ângelo abandona a banda, emigrando também para Inglaterra e ao fim de 10 anos de existência, os Iberia decidem encerrar a sua actividade, em 1996. Em 2008, Francisco Landum, João Sérgio e a editora Espacial, decidem reeditar os dois primeiros álbuns dos Iberia em digipack. Com a dinâmica da reedição, o regresso da banda começa a ser mais que uma vontade, e em meados de 2008, a ideia do regresso ganha forma com Jorge Sousa, Miguel Freitas, João Sérgio, Toninho e David Sequeira a formarem o novo line-up dos Iberia .

A 6 de Junho de 2009, e após meses intensivos de ensaios, os Iberia regressam aos palcos, num concerto de sala esgotada n Live Café. São editados os digipack remasterizados de “Iberia” e “Heroes of the Wasteland” e em Dezembro, a banda é cabeça de cartaz do Festirock, no Montijo. O ano de 2010 é dedicado ao relançamento da banda, com actuações ao vivo e o início das gravações do novo álbum, “Revolution”, que é editado em 2011 com as participações de Fernando Ribeiro e Ricardo Amorim, dos Moonspell. A promoção é entregue à Avantegarde Management e a banda tem concertos um pouco por todo o país. O tema “Angel” é gravado em vídeo clip e obtém grande sucesso nas redes sociais e Youtube.

 

Segue-se a gravação de “Hollywood” em vídeo clip, com Ricardo Amorim na guitarra, como convidado especial. Em conjunto com os Tarantula e os Alkateya, fazem um concerto duplo, no Porto e em Lisboa, ao qual dão o nome de “Lusitania Old School”, e que esgotou nas duas datas. No final de 2012, a 10 de Novembro, a tournée “30 Years of Thunder” dos W.A.S.P. passa por Portugal, com um concerto no Campo Pequeno, ficando a abertura entregue a três bandas nacionais: Iberia , Attick Demons e Miss Lava. No mesmo ano, os Iberia são cabeça de cartaz no Tattoo Rock Fest, no Pavilhão Atlântico.

Miguel Freitas e David Sequeira saem da banda, e novas audições trazem Hugo Soares para os Iberia . Vindo dos Ethereal e dos Artworx, o Hugo traz uma expressão mais pesada à banda, com um registo vocal bem diferente do anterior. Passa também a participar na composição lírica das canções, o que, como o próprio assume em entrevista à World of Metal: “… estilo esse que traçou uma linha condutora mais negra, introspectiva e por vezes melancólica ao álbum “Much Higher Than a Hope”.

A estreia de Hugo Soares ao vivo acontece em Beja, no SMMF, em Julho de 2013. Mesmo sem baterista, a banda não pára e, no início de 2014, grava “Living a Lie”, o single de apresentação (e um lyric vídeo) do que seria o próximo trabalho. Apesar de, em meados de 2014, João Gonçalves ser apresentado como baterista da banda, é Ricardo Reis (irmão de João Sérgio) que assume esse papel em 2014/2015. “Lusitania Old School” tem uma reedição, em Lisboa e Porto, e tal como da primeira vez, esgota as duas salas.

Hugo “Pepe” Lopes (Drakkar, Artworx), entra em 2015, após a saída de Toninho, por motivos pessoais, e em Janeiro de 2016, David Sequeira regressa à bateria em substituição de Ricardo Reis. A nova formação é apresentada com dois concertos no início do ano: Camarro Fest e no lançamento do álbum dos Heavenwood.

O ano de 2016 é dedicado à pré-produção do álbum “Much Higher Than a Hope”, cujas gravações iniciam em Dezembro desse mesmo ano, nos estúdios Wrecords (de Wilson Silva, dos More Than a Thousand). O álbum fica concluído e é lançado pela Raising Legends Records. O concerto de lançamento é realizado no RCA Club, a 28 de Abril de 2017. O ano é dedicado à promoção do álbum, com concertos de Norte a Sul, o que não impede a banda de começar a pré-produção do EP acústico.

“How I Miss You”, tema escrito por Jorge Sousa, para o seu falecido pai, é talvez o tema com maior carga emocional de “Much Higher Than a Hope”, acentuada com a participação do teclista Rui Gonçalves, que mais tarde volta a ser convidado a participar nas gravações das sessões acústicas de “Ellipsis”. Desde então, Rui é membro dos Iberia “a tempo inteiro”, mantendo a sua presença nos My Enchantment, banda onde também assume as teclas desde 2012.

Os Iberia são premiados, a 28 de Maio de 2017, pela Junta de Freguesia da Baixa da Banheira (terra natal da banda) com a Medalha de Mérito Artístico e Cultural, pelos seus 30 anos de carreira. É na cerimónia de entrega do prémio que a banda se estreia, ao vivo, em formato acústico. A gravação de “Ellipsis”, o EP acústico, ocupa os dois primeiros meses de 2018.

A Câmara Municipal da Moita, decide também homenagear a banda e atribuir mais uma Medalha de Mérito Artístico e Cultural, numa cerimónia a 11 de Setembro de 2018, no Salão Nobre da Câmara. Moita Metal Fest e Bardoada são alguns dos festivais onde a banda actua durante o ano de 2018, e a 4 de Dezembro abrem para os Dead Daisies, no Lisboa ao Vivo.

E eis que chega 1 de Fevereiro de 2019, dia da reedição, pela Rastilho Records de “Much Higher Than a Hope (Platinum Edition)”, acompanhado de um segundo CD intitulado Ellipsis”, com 4 temas acústicos e apresentado ao vivo, nesse mesmo dia, num concerto no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, na Moita. Casa cheia, ex-membros da banda em palco e muitas emoções marcaram este lançamento e todos os que estiveram presentes.

E, contado o passado, esperamos por um futuro com muito para contar. Na edição deste mês da World Of Metal poderás ler uma entrevista extensiva aos Iberia.

Por Rosa Soares
Fotos por Sónia Ferreira, Joana Marçal Carriço e Luís Neves


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