WOM Reviews – Veuve / Silver Devil / Fleshworld
Veuve – “Fathom”
2019 – Argonauta Records
Os Veuve são uma banda italiana de stoner rock/metal fundada em 2013. Ao longo dos seus 6 anos de existência preencheram o seu currículo com 1 EP e 2 álbuns; o mais recente, Fathom de 2019, é hoje apresentado ao júri da World of Metal. Antes de mais, um “à parte” por parte de quem ainda olha para subgéneros de metal como se importassem, apesar do rótulo stoner, neste álbum nota-se um forte desvio do padrão, portanto vamos chamar a este estilo um híbrido com raízes no stoner de forma a melhor caracterizar o som de Veuve. Neste sentido, o álbum busca vários elementos de diversos estilos de música: rock clássico, metal, blues, e outros (há uma harmónica muito country pelo meio, ainda), conjugando-os a todos numa mistura de stoner. Fá-lo bem? Bastante! Assim, com um ritmo moderado e com um vocal bem presente, a banda assume um estilo que oscila entre o melancólico e o apático que evita o uso de grandes distorções em qualquer um dos instrumentos; em vez disso cria, em geral, um ambiente rico em nostalgia mais situado na fronteira de rock e blues. Com alguma frequência este ambiente é quebrado (ou talvez, adicionado) com a entrada de uma guitarra mais pesada que se associa completamente ao metal. Surgem, obviamente, aquelas faixas que assumem a rapidez e mobilidade do rock e metal na totalidade e que transformam todo o álbum de uma vez de forma muito positiva, diga-se. Uma coisa que se nota neste álbum é que realmente foi bem pensado; não foi com o objetivo de fazer um álbum genérico de stoner que este foi feito, foi com a ideia de fazer algo diferente, bom e memorável pelos diferentes aspetos que tornam este álbum único. Contudo por gosto próprio em relação aos subgéneros, existirá sempre um conjunto de pessoas (nomeadamente os que preferem estilos mais rápidos e pesados) que não consegue apreciar tanto este estilo de álbum como os outros; e, sendo esta uma review, o gosto, além dos factos, também é relevante. Portanto é um verdadeiro “é bom, mas prefiro outro estilo de música” contudo, é definitivamente memorável – se apreciasse géneros mais suaves talvez chegasse ao 10.
Nota 8/10
Review por Matias Melim
Silver Devil – “Paralyzed”
2019 – Ozium Records
Uma vaga que sempre achei existir dentro do estilo stoner, é a do metal – sempre foram 99 bandas de stoner rock para 1 de stoner metal. Contudo, esta vaga tem os seus pontos bons, um deles é o evitamento de saturações do género e outro remete para a lógica dos “poucos mas bons”; os Silver Devil são o exemplo disso com o seu mais recente lançamento, Paralyzed. Formados em 2005 na Suécia, esta banda de 5 membros apenas lançou dois álbuns, o de estreia em 2011 e em 2019 aquele que aqui vai ser alvo de “crítica” (porque há pouca coisa para criticar em termos negativos). Como referi tacitamente, o estilo deste álbum ouve-se mais pesado que o de outras bandas dentro do género, contudo mantêm-se fieis ao género: ritmos (minimamente) lentos, distorção de guitarras e subsequente enfoque nelas, vocais distantes (e neste caso em específico a tender para o rock), etc. Com efeito, não há muito mais para dizer no que toca a factos portanto vamos aos subjetivismos; o álbum transmite-se mais como uma aventura diferenciada do que uma coleção de sons diferentes para sentar-se no sofá a pensar na vida, isto é, nota-se um bom encadeamento de faixa para faixa que dentro do possíveis agiliza e impede repetições de sonoridades. Outra nota de relevo são os solos que são apresentados ao longo do álbum que retiram em parte em componente do descanso cerebral associado regularmente a este estilo. Num todo é um álbum stoner que apresenta uns sons interessantes associados aos solos com alguma frequência e que além disso apresenta um peso diferente de outros álbuns e bandas da mesma categoria. Numa escala de drogas: este álbum é provavelmente o equivalente a um peiote em 10 (sabem que uma piada é má quando quem a fez nem a entende muito bem).
Nota 7.5/10
Review por Matias Melim
Fleshworld – “No Echo”
2019 – This Charming Records
Sujidade. Ainda mais do que aquela que é evidente na água em questão. Sujidade lamacenta é aquilo que os Fleshworld trazem até nós, de uma forma até bastante violenta mas algo, simultaneamente, amoral. É como as coisas são, é como o mundo é e eles simplesmente são os mensageiros. A intensidade é palpável, tão palpável como um murro na cara mas ainda é capaz de trazer subtilezas que vão tendo altos e baixos (em termos de intensidade) ao longo da pouca meia hora que dura. Não sendo um trabalho fácil de digerir, acaba por trazer satisfação conforme se vai (se nos permitirmos a isso) embrenhando nele.
Nota 8/10
Review por Fernando Ferreira
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