WOM Report – Toxikull, Diabolical Mental State, Reverent Tales @ RCA Club, Lisboa – 19.10.19
Noite de celebração no RCA Club. Celebração do lançamento do mais recente trabalho de uma das grandes bandas do nosso heavy metal nacional. E apesar da humildade portuguesa tão típica, porque não dizer que é uma das grandes bandas de heavy metal, ponto! Os Toxikull têm vindo a ter uma evolução bem notável e este “Cursed & Punished” é um álbum que evidencia bem essa mesma evolução. Muitos motivos para celebrar, ainda para mais quando a essa festa se juntam duas outras bandas, de géneros distintos, sendo elas os Diabolical Mental State e os Reverent Tales.
A noite começou precisamente com os Reverent Tales, que subiram ao palco sem praticamente público à frente do mesmo – algo que nos fez temer pelo pior. Felizmente assim que o som se começou a ouvir, as pessoas começaram a aparecer. “Above Me” foi o tema com iniciaram o seu alinhamento, com uma abordagem bastante livre a vários géneros da música pesada onde o rock e o metal se fundem de uma forma a criar algo novo e bastante interessante. Destaque para a voz de Raquel Nunes na forma como alternou os guturais e a voz limpa e para o entusiasmo de Carlos Matos, o baterista, que esteve incansável a castigar as peles e a puxar pelo público nesta que foi a primeira actuação da banda lisboeta no RCA Club. Uma banda com potencial para evoluir e chegar longe.
Os Diabolical Mental State são o resultado da aposta que se faz em seguir a fundo a paixão que se tem pela música. De todas as vezes que já vimos a banda, e já referimos isto anteriormente, foi possível notar como se estavam a tornar cada vez mais sólidos e naquela noite, como banda de suporte, cumpriram o seu papel na perfeição, colocando o público ao rubro com valentes moshadas logo desde o início com a “Jungle” que deu o mote para o que viria a ser o resto do concerto. O foco do concerto dos Diabolical Mental State foi o seu álbum de estreia, o poderoso “Diabolical World” mas ainda passaram pelo EP “Basic Social Control” para as inevitáveis “The Village” e “Warfare”.
O à-vontade da banda é impressionante assim como a forma como agarram o público. A já mencionada “Warfare” foi uma prova disso onde se viu um wall of death provocado pelo vocalista Fanã que, tal como Moisés abriu o Mar Vermelho, abriu ao meio o RCA Club até que ambas as partes se juntaram violentamente (não totalidade porque houve aqueles que, tal como nós, optaram por observar o fenómeno a uma distância segura. O final ficaria com um tema que também já dispensa apresentações, “Home Invasion”, onde o público não se envergonhou de participar fosse através da sua voz ou através dos incansáveis circle pits. Terminaram sob aplausos. Totalmente merecidos.
Após a esperada pausa para a troca de palco, as trevas desceram até ao RCA Club, colocando todos na disposição perfeita para receber os Toxikull na merecida festa para “Cursed And Punished”. Em vez de uma qualquer intro pré-gravada, que melhor do que ter monsenhor Belathauzer e Rick Thor dessa ordem profana que são os Filii Nigrantium Infernalium a declamar poesia obscura de adoração ao chifrudo? E acreditamos que ajudou a inspirar todos os presentes, com um início verdadeiramente infernal com uma sequência bruta com a “Sacred Whip” (com direito a auto-flagelação por parte de Belathauzer), “Freedom To Kill” e “Speed Blood Metal” que foram tocadas sem pausas.
Esta intensidade e a forma como as músicas se foram sucedendo umas atrás de outras não deixaram o público quebrar – e foi muito bom sentir que há tanto público para o metal mais moderno como aquele mais tradicional e como as duas vertentes se conjugam bem, contradizendo algumas opinões mais pessimistas. Com as atenções naturalmente centrada para o último trabalho deu para perceber que os novos temas funcionam de forma perfeita ao vivo – aliás, parece que foram feitos para ser tocados em cima de um palco a avaliar pela reacção do público a “Killer Night” e “Helluminate”. A banda está a atravessar uma excelente fase e a coesão entre todos os membros é notória.
Não faltaram os agradecimentos às bandas que antecederam e à Amazing Events mas sobretudo ao público que compareceu e marcou presença no apoio ao metal nacional – é assim que as coisas se mantém vivas. Para o final estaria reservado o tema-título do último álbum, “Cursed & Punished” que contaria com a ajuda de Belathauzer no refrão e que finalizaria em grande uma noite de heavy metal. Ou assim se pensava. O público insistiu por mais um tema e Lex Thunder indicou que não tinham mais uma pronta para tocar mas ainda assim tocaram “The Shepherd” da estreia “Black Sheep” de 2016 que colocou um ponto final numa grande noite de heavy metal. Épica e mágica.
Texto Fernando Ferreira
Fotos Sónia Ferreira
Agradecimentos Amazing Events
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