WOM Reviews – Me And That Man / Master Boot Record / Pulcinella / Hardware / The Conjuration / Zebra / Humanoids / V:XII
WOM Reviews – Me And That Man / Master Boot Record / Pulcinella / Hardware / The Conjuration / Zebra / Humanoids / V:XII
Me And That Man – “New Man, New Songs, Same Shit, Vol.1”
2020 – Napalm Records
Aposto que uns cinco anos atrás, nunca se pensaria que Nergal, dos Behemoth, teria um projecto de folk/americana. Aposto até que três anos atrás, quando este projecto foi criado, se pensaria sequer que agora estariam a lançar o seu segundo álbum. Mas a verdade é essa e ainda bem, porque este trabalho acaba por ser ainda mais interessante do que aquilo que Nergal tem feito, criativamente falando, na sua banda principal – não estamos a comprar géneros, atenção. Apenas o impacto que ambos os trabalhos têm nos géneros em que respectivamente se inserem. Luxo de convidados (de Ihsahn a Matt Heafy, passando por uns tais de Niclas Kvarforth, Corey Taylor e Nicke Anderson – e muitos mais), luxo de música, luxo de álbum que tem mesmo tudo para ser uma das coisas mais adoráveis dentro do espectro do folk.
9/10
Fernando Ferreira
Master Boot Record – “Floppy Disk Overdrive”
2020 – Metal Blade Records
Esta foi inesperada. Os Master Bood Record lançam o seu sétimo álbum (pela Metal Blade Records) mas para nós é como se fosse o primeiro. O nome do projecto e álbum (e até os títulos das músicas que nos trazem pérolas como “Fdisk.exe” e “Defrag.exe”) dão indicação de termos informáticos vintage e em termos sonoros, também vamos ao encontro disso, com um industrial que nos remonta aos tempos dos trackers, quando este era um método de composição com bastante sucesso no mundo das produções caseiras. Para quem esteja a temer por ser mais um trabalho de 8-bits, em que se acha piada à primeira e não se volta a pegar nele. Não é o caso, de todo. A abordagem ao industrial é arcaica mas há também um certo toque de metal tradicional e até shredder, na forma como os temas estão construídos. Só por dizer que não tem guitarras. Tudo é midi e tudo é fantástico. Enorme surpresa. Talvez seja apenas para geeks e nerds, mas eu gosto. Se calhar isso também quererá dizer algo…
9/10
Fernando Ferreira
Pulcinella – “ÇA”
2020 – BMC Records
Demasiadas vezes temos o termo jazz domesticado e apresentado de forma a que consiga, ainda que misturado com outros géneros, entrar-nos melhor nos ouvidos. Foi com essa expectativa que abordei este trabalho sem saber nada sobre a banda a não ser que supostamente tocam uma forma avantgarde de Jazz. O início com “Salut, Ça Va?” indica isso mesmo, naquilo que parece ser um erro de computador do Spectrum. Algo irritante, mas logo de seguida “Ici Hélas” temos um long peça cheia de groove e com aqueles ambientes próprios de filme noir. Se a primeira tem o poder de afastar em definitivo, a segunda tem poder contrário. E acabamos por andar de um lado para o outro, mas a cada passo, a cada nova música, mais depressa ficamos agarrados do que propriamente repudiados. Dentro do espectro mais experimental da música, esta acaba por ser uma excelente surpresa, sobretudo para quem gostar de Jazz.
8.5/10
Fernando Ferreira
Hardware – “Under The Flesh” Gravações
2020 – Gravações Tunguska
Este até poderia ser um lançamento perfeito para a Máquina do Tempo, se soubessemos exactamente qual o ano em que iríamos visitar. Trata-se de um projecto português (mais concretamente do Porto) da década de noventa que agora vê outra vez a luz do dia. São apenas catorze minutos de industrial arcaico com muitos pontos de interesse para quem gosta do género o suficiente para apreciar o seu percurso. Interessante seria igualmente ver esta experiência repetida e expandida.
7/10
Fernando Ferreira
The Conjuration – “The Gospel”
2020 – Edição de Autor
Vamos atentar na capa. Na arte da capa. O que é que ela transmite? Para alguns será apenas algum tipo de rabiscos, para outro poderá ser um elevante, uma caveira ou um coração branco. É o tipo de coisa que todas as abordagens e perspectivas acabam por ser válidas, até mesmo a do artista que poderá afirmar que não é nada disso e sim uma homenagem às atrocidades do Ruanda no século passado. É o peso que o rótulo experimental acarreta. Nesse aspecto The Conjuration é definitivamente experimental, podemos dizer que é dentro do universo do metal mas tem tantas diferentes nuances influências que ficamos tentados a acrescentar outras coisas como jazz e orquestral que vão deixar uma ideia completamente errada em relação ao que realmente temos aqui. Interessante e sem dúvida que vai crescer ao longo de muitas audições, mas não é para todos.
8/10
Fernando Ferreira
Zebra – “Zebra”
2020 – Edição de Autor
Trabalho de estreia dos sul africanos Zebra que nos trazem muito boa disposição ao longo de sete temas que juntam rock acústico (se é que isso existe) à world music, sempre com uma dose considerável de boa disposição que é contagiante. Versatilidade nos destinos musicais e com alta qualidade. Poderá não ser a coisa mais atractiva para os fãs de peso, mas é tão bom onda que não há como não ficar apaixonado por isto. Apaixonado irremediavelmente.
8.5/10
Fernando Ferreira
Humanoids – “Could You Love To Lose?”
2020 – Arising Empire
Os Madsen são daqueles fenómenos que nos fazem pensar “only in Germany”. Não é pelo facto de cantarem em alemão, é pela sonoridade simples e orelhuda que têm que fazem com que as suas músicas sejam cativantes mas que se formos a comparar, não se fica a trás com muitas outras que temos cá no nosso pequeno burgo. As diferenças já são muito conhecidas que não vale apenas enumerá-las mais uma vez. Dizemos apenas que é a vantagem de estar num país onde a música rock é apoiada e onde existem editoras como a Arising Empire (pertencente à gigante Nuclear Blast) por trás a apoiar. Àlbum ao vivo, após os bons resultados conseguidos com o último álbum de originais, com o mesmo título “Lichtjahre” e o público ávido por levá-los para casa, numa colecão longa de temas (quase duas horas) e disponível em DVD. Quinze anos de carreira resumidos de forma exemplar num álbum ao vivo que se ouve bem. Mesmo para quem tem aversão ao alemão mas gosta de rock para compensar.
7/10
Fernando Ferreira
V:XII – “Rom, Rune And Ruin The Odium Disciplina”
2020 – Aesthetic Death
De vez em quando surge-nos coisas que nos desafiam. Mais dentro do espectro do metal, mais à margem do mesmo, como o caso de V:XII, este novo projecto de Daniel Jansson que pode ser entendido como um seguimento natural de Deadwood. Aliás, estes temas eram para ser para o novo trabalho de Deadwood mas acabaram por seguir uma vida própria e acabando como os podemos ouvir aqui. E não fosse a voz, que nem sempre resulta tão bem neste contexto – distorcida e a quebrar um bocado o mood criado – a coisa poderia ser bem melhor. Tenho curiosidade para ouvir estas mesmas faixas apenas de forma instrumental, sendo que essa seria mesmo a velha máxima do “menos é mais” a encontrar finalmente sentido. A voz nem sempre é negativa, mas… poderia ser muito mais reduzida.
7/10
Fernando Ferreira