WOM Reviews – Faustian Pact / Lake Baikal / Ossaert / Deadspawn / Beast Of Revelation / Fosch / Aspidium / The Spirit
WOM Reviews – Faustian Pact / Lake Baikal / Ossaert / Deadspawn /
Beast Of Revelation / Fosch / Aspidium / The Spirit
Faustian Pact – “Outojen Tornien Varjoissa”
2020 – Werewolf Records
Depois de três demos na primeira década do milénio, os Fastian Pact apresentam um álbum que parece que até é mais antigo, vindo da década de noventa. Aquele black metal ligeiramente melódico ainda que algo cru. Tem um encanto muito próprio. Encanto do passado mas que é válido tanto agora como o seria na altura. Talvez este seja um trabalho que está voltado para o passado, não existem dúvidas em relação a isso… no entanto, não deixa de ser inegavelmente cativante e eficaz. Uma boa surpresa a provar que por vezes as expectativas crescem e são correspondidas.
8.5/10
Fernando Ferreira
Lake Baikal – “Astral Rot”
2020 – Edição De Autor
Chris Reese e Tom Dring dos Corrupt Moral Altar têm uma nova aventura musical, estes Lake Baihal, e apesar de ser apenas um tema, em termos de duração, podemos dizer que se trata de um EP já que são quinze minutos, numa autêntica viagem de montanha-russa, com vários géneros a juntar-se do black ao doom metal, onde até solos de saxofone se fazem sentir. Tudo flui de forma perfeita. De tal forma que a cada vez que ouvimos há novos pormenores a surgir e novas perspectivas. E é apenas um tema. Imaginem um álbum inteiro.
9/10
Fernando Ferreira
Ossaert – “Bedehuis”
2020 – Argento Records
É cada vez mais comum termos bandas de black metal misteriosas das quais não há nenhuma informação. Mas no final o que interessa mesmo é a música e no caso dos holandeses Ossaert, o que temos é quatro temas longos, hipnóticos e cruz. Vistas a coisas, não é preciso saber quem são, de onde vieram e para onde vão. Nem é preciso letras nem títulos de música (por muito que seja um chavão termos “I”, “II”, “III” e “IV” como títulos, enquadra-se perfeitamente) porque a música fala por si só. E nem só consegue ser aquele black metal cru e primitivo como também consegue alcançar níveis inesperados de melancolia (conferir a “III”). No geral é um álbum surpreendente que não conseguimos ficar indiferentes.
8.5/10
Fernando Ferreira
Deadspawn – “Pestilence Reborn”
2020 – Edição de Autor
In spite of their formation in 2009, it’s only now that the American band Deadspawn releases its first album, “Pestilence Reborn”, after their two EPs. In previous reviews, I’ve already stated (more than enough) that I usually dislike albums that have little to no variability throughout their duration. However, ladies and gentleman, I think I’ve found one of those albums (it has little but noticeable variety) and I actually like it very much! Deadspawns style is focused around that particularly destructive darker form of death metal. From one end to another, this album is the beat-down of your lifetime without time for any type of rest (ok, taking out the mellow part of “From Ruins” which serves as a very good separating bridge between the two halves of the album). “Pestilence Reborn” is an album that opts for a teamwork approach instead of an approach that focus only in one single instrument, so yes there are “one or two” guitar solos but on the overall they are quite few, but hey, if you have good work on vocals, bass and drums why focus all the attention on the guitar? To end, I think is worth noticing that the main thing that effectively grabs the listener by his/her ears is the aggressiveness, which is think is better displayed by the unforgiving vocals. Basically, it’s a work that gives 100% on every aspect so it’s decisively a recommendation from me!
8.5/10
Matias Melim
Beast Of Revelation – “The Ancient Ritual Of Death”
2020 – Iron Bonehead Productions
Beast of Revelation é o novo projecto do vocalista John McEntee (Incantation) que conta ainda com a presença de Bob Bagchus (ex-Asphyx) na bateria e o baixista/guitarrista A.J. van Drenth (ex-Beyond Belief). ‘The Ancient Ritual of Death’ é o álbum de estreia do reconhecido trio, como uma sonoridade que junta numa insidiosa duplicidade o Doom com o Death Metal fazendo lembrar os primórdios de Paradise Lost ou mais recentemente os extintos Vallenfyre. Aos riffs arrastados, intrépidos e imponentes do Doom adensa-se a cavernosa, mórbida e monstruosa vocalização de John McEntee, fazendo de faixas como ‘The Great Tribulation’, ‘The Days of Vengeance’ ou o tema titulo ‘The Ancient Ritual of Death’ verdadeiros compassos de intensidade e brutalidade. ‘The Ancient Ritual of Death’ detém um impressionante e lento pulsar de peso e impetuosidade imperdível para quem aprecia este particular subgénero.
7/10
Jorge Pereira
Fosch – “Per chi ela nocc”
2019 – Vacula Productions
“Per chi ela nocc” dos Fosch é um álbum marcadamente Black Metal. A produção imperfeita, com agudos saturados e um ruído que se mantém do início ao fim da obra, o uso regular de blast beats e de tremolo picking, a voz aguda qual banshee infernal, breakdowns com arpejos dissonantes, tudo grita Black Metal ao estilo norueguês. Black Metal Lombardo, neste caso, uma vez que as letras são todas no dialecto próprio dessa zona de Itália, o Bergamasco. Mas, apesar de se tratar de um lançamento tipicamente Black, sem nada particularmente novo, inovador ou fora do sub-género, tirando o ocasional vocal grave à la Death Metal, encontra-se muito bem feito.
A primeira faixa, “Al calar del sul”, é composta por guitarra acústica, piano, synths e uma voz que declama com um ligeiro growl. Serve de introdução e cria uma aura negra e misteriosa que funciona como crescendo para a explosão sónica que é o resto do álbum. Explosão essa que atinge o pico de velocidade logo na segunda faixa, “Crof”, com blast beats à velocidade da luz. A terceira faixa, “Fellonch”, é um pouco mais lenta e com um groove mais demarcado. Não prescinde, claro, da blast beat trve, mas é uma música que já difere um pouco do espectro do Black tradicional, por exemplo, da segunda faixa, ou, mesmo, da faixa que dá título ao álbum, “Per chi ela nocc”.
“La procesiu di morcc” é uma espécie de “balada” deste lançamento. Não se pense, com isto, que é totalmente calma. Começa com guitarra limpa com guitarra distorcida no pano de fundo, coros a lembrar canto de chão ou música religiosa e bateria. Uma faixa mais emotiva, onde o baterista consegue brilhar mais, com ornamentos de ride a lembrar o estilo de Inferno dos Behemoth, mas não deixando de ser pesada e, em certos momentos, rápida. Apesar da produção ser de uma qualidade inferior ao que é esperado hoje em dia, provavelmente por escolha estética e estilística, a prestação dos músicos é extraordinária. O baterista, principalmente na faixa “La procesiu di morcc” revela uma performance do mais alto nível, os riffs de guitarra são divertidos e, por vezes, muito groovy, e os vocais competentes e dinâmicos. O baixo, tirando no início da faixa “Fosch”, é quase imperceptível, uma vez que dobra a linha de guitarra durante todo o lançamento.
Um lançamento sólido, porém, pouco inovador, de Black Metal que demonstra grande potencial e músicos com talento extraordinário
7/10
João Pedro Freitas
Aspidium – “Harmagedon”
2020 – Edição de Autor
Apesar de na sua génese o som do duo Aspidium seja bastante directo, consegue-se apanhar uns pormenores melódicos bem interessantes. Algo que não seria expectável numa proposta de black/death metal. Esse até é um pormenor que vamos interiorizando bem, já que faz bem no que à dinâmica diz respeito. A questão é que conforme o álbum vai avançando, essa dinâmica vai-se tornando progressivamente menos eficaz e instala-se uma certa tendência para o marasmo onde a repetição não é definitivamente benéfica.
6/10
Fernando Ferreira
The Spirit – “Cosmic Terror”
2020 – Art Of Propaganda Records
‘Cosmic Terror’ é o segundo álbum dos Germânicos The Spirit, o trio oriundo de Saarbrücken que navega em sonoridades algures entre o Death Metal melódico e o Black Metal. Principalmente na Europa, a fusão entre o Death Metal melódico e o Black Metal foi explorada praticamente até à exaustão entre 1995 e 2005 consequência do implacável sucesso dos dois subgéneros separadamente também nessa altura, deixando um rasto de saturação no estilo mas que se foi diluindo com o passar dos tempos. Talvez até nem tenha sido intencional mas em boa hora os The Spirit aproveitaram essa lacuna para se aventurarem num estilo semi-adormecido. ‘Cosmic Terror’ não será certamente um álbum excepcional ou vanguardista, no entanto serão inegáveis as suas virtudes, passando pela sua extraordinária produção, riffs efusivos e rasgados ao bom estilo de Dissection ou da fase inicial dos Satyricon, faixas com uma composição trabalhada ao pormenor fazendo naturalmente emergir a vertente técnica do infame trio, como se pode facilmente comprovar em ‘Serpent As Time Reveals’, ‘Pillars Of Doom’ ou no tema título ‘Cosmic Terror’.
7/10
Jorge Pereira