Review

WOM Reviews – Black Earth / Lindy-Fay Hella / City At Dark / Stone Jack Jones / Black Bombaim & João Pais Filipe / Cloud Rat / Okidoki / Kenneth Minor

Black Earth – “Gnarled Ritual of Self Annihilation Is”

2019 – Sentient Ruin Laboratories

Black Earth é uma designação mais que apropriada porque o que se tem aqui é mesmo lama, daquela negra mas não tão líquida como petróleo. Algo ainda mais pútrido e vil. Podemos dizer que Black Earth é um disco de industrial. Podemos dizer que é também ambient (ou dark ambient). Podemos dizer muita coisa com as quais poderão haver as mais variadas respostas, discordâncias ou concordâncias, no entanto, o que podemos dizer de forma consensual é que esta é a banda sonora da queda. A Queda. Do ser humano, da esperança, da luz. É um abismo sem fundo de tudo o que tentamos esconder. Ou seja, não é algo que seja propriamente agradável, não deixando de ser aliciante – porque temos sempre curiosidade em olhar para o abismo mesmo que seja entre dedos. Definitivamente não é algo que queiramos ouvir todos os dias mas um trabalho desta pujança tem de ser salientado de todos os outros.

Nota 9/10
Review por Fernando Ferreira


Lindy-Fay Hella – “Seafarer”

2019 – Ván Records

Assombroso. Comecemos por colocar as coisas já assim para que não restem mesmo dúvidas. Este é um trabalho a solo que nos deixou completamente arreados. Com uma ambiência fantástica e que consegue tanto dominar no campo do folk como no do ambient. Ao longo de pouco mais de trinta minutos somos transportados para o mundo místico que até agora estava apenas confinado  à mente de Linda-Fay Hella, nome que já nos é familiar (ou pelo menos deveria) pelo seu trabalho nos Wardruna. Voz, ambiências electrónicas que se fundem com o espírito folk e tudo junto resulta num trabalho simplesmente assombroso.

Nota 9/10
Review por Fernando Ferreira


City At Dark – “City At Dark”

2019 – Snowhite Records

Trabalho de estreia dos City At Dark que anda por caminhos… difíceis de explicar. Podemos falar em pós-punk como ponto de partida, mas a sonoridade que temos aqui aproxima-se até muito mais dos ambientes criados por um Nick Cave e até um Marke Lanegana do que propriamente uns Bauhaus ou Joy Division. Há toda uma dança hipnótica que é encetada e que nós embarcamos, principalmente na segunda metade do disco, que se revela mesmo avassaladora. Um trabalho que se expande e obriga ao mesmo da nossa parte.

Nota 8/10
Review por Fernando Ferreira


Stone Jack Jones – “Black Snake”

2019 – Yk Records

Stone Jack Jones poderá não ser o nome mais óbvio da cena de Nashville e muito menos para aparecer nas nossas páginas, mas a sua abordagem ao folk/country enche-se de contornos tão inesperados que nem poderia ser de outra forma. “Black Snake” é um trabalho atípico do que os nomes e géneros atrás sugerem mas há por aqui um forte feeling psicadélico que não conseguimos ignorar. Este é um álbum que nos surge como intemporal mesmo que tenha momentos aqui que nos recordam tanto a década de setenta ou oitenta. Ambiente único, músicas que nos envolvem, não há nada que fique a faltar.

Nota 7.5/10
Review por Fernando Ferreira


Black Bombaim & João Pais Filipe – “Dragonflies With Birds And Snake”

2019 – Lover And Lollypops

Os Black Bombaim são realmente uma das bandas mais aventureiras do nosso underground (talvez o conceito de agregar os Black Bombaim ao “nosso” underground seja demasiado desafiador para alguns mas tendo em conta que a base é a do rock e que não são propriamente estrelas pop, permitam-nos essa liberdade) e este é apenas mais um exemplo. Pouco tempo depois de terem lançado o trabalho em conjunto com Luís Fernandes, Jonathan Saldanha e Pedro Augusto, estão de volta juntando-se a João Pais Filipe, um dos grandes percussionistas lusitanos dos últimos tempos, para um trabalho que visa dar som ao documentário “Dragonflies With Birds And Snake”. São três temas longos (“Dragonflies”, “Birds” e “Snake”) que em mais de quarenta minutos nos transportam para um minimalismo musical onde ambas as componentes se reforçam e alimentam das prestações de cada um. Trata-se de um trabalho que, tal como tem vindo sido hábito, não encaixa naquilo que é vendável mas que se revela bem interessante para quem procura algo de valor e com consistência. Quando dois “monstros” se encontram, o resultado é este. Sublime.

Nota 9/10
Review por Fernando Ferreira


Cloud Rat – “Do Not Let Me Off The Cliff”

2019 – Artoffact Records

Confesso que tive de olhar duas vezes para a informação da promo para verificar se me tinha enganado. Eram mesmo os Cloud Rat? Uma das mais brutais bandas de grindcore dos últimos tempos? Sim, são mesmo eles, mas numa abordagem completamente diferente. A banda nunca escondeu a sua aproximação à música electrónica e o que temos neste EP é precisamente um experiência onde a música nos traz ambiências quase ambient e chillout – com uma batida mais agressiva. Não é para todos, mas tendo em conta o campo onde a banda se move habitualmente, até que podemos dizer que se trata de uma experiência bem sucedida. “Share” é um óptimo exemplo disso mesmo.

Nota 7/10
Review por Fernando Ferreira


Okidoki – “When Oki Meets Doki”

2019 – Atypeek Diffusion / Linoleum

Som aventureiro. Ou então, de uma forma mais fácil e rápida de por a coisa, jazz. Aviso já, este não é um trabalho fácil de ouvir. O jazz é contemporâneo e poderá facilitar – ou dificultar, conforme seja a vossa posição sobre o estilo – no entanto tudo parte da predisposição que encontram para ouvir estes seis temas. Posso adiantar que a mesma, para quem é apreciador de música pesada, é inútil porque não há por aqui qualquer tipo de fusão. Pelo menos com o peso propriamente dito. Tirando isto do caminho, acaba por ser um trabalho envolvente que nos consegue conquistar pela estranheza das melodias, indo alguma vez por caminhos mais cool que nos agradam. Um trabalho que não recomendamos aos nossos leitores habituais. Apenas aos que gostam de arriscar. Aos que não têm medo disso.

Nota 8/10
Review por Fernando Ferreira


Kenneth Minor – “On My Own”

2019 – Unique Records

Que álbum tão boa onda. Kenneth Minor traz-nos um folk descomprometido, muito próximo do chamado americana, onde há até um certo espírito blues mas sem grande melancolia, apenas um feeling vivo de alegria que é contagiante. Alguns momentos chega mesmo a entrar pelo rock, na arrojada “Wrap Up A Deal” mas é no folk refrescante que centra as suas atenções. E de forma perfeita (ou quase perfeita pelo menos) já que este é um trabalho ao qual ouvimos descontraídamente e fica-nos na memória. Para quem tem uma ideia de limitação em relação ao folk, aqui está um álbum obrigatório.

Nota 9/10
Review por Fernando Ferreira


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