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WOM Reviews – Ian Blurton Future Now / Tethra / Unfold / Sunken / Dun Ringill / Drom / Tengri / World War Four / Wounded Cross

WOM Reviews – Ian Blurton Future Now / Tethra / Unfold / Sunken / Dun Ringill / Drom / Tengri / World War Four / Wounded Cross

Ian Blurton Future Now – “Signals Through The Flames”

2020 – Seeing Red Records / Pajama Party

Apesar de me ser completamente desconhecido, Ian Blurton é um dos nomes essenciais da cena rock canadiana, com uma longa carreira como produtor e engenheiro de som. O senhor não só tem o dom da produção como também é um grande músico e compositor por aquilo que podemos ouvir aqui. Pegando naquele hard’n’proto-heavy metal da década de oitenta, é impressionante como estes temas nos soam como se fossem clássicos e talvez seja assim daqui a umas décadas. Uma voz aguda mas que não magoa os ouvidos e traz feeling acrescido para temas que por si só já têm tudo o que é necessário para nos conquistar. Rock/metal que mexe connosco. Tradicional mas ao mesmo tempo arrojado e moderno. Pelo menos soa-nos a fresco, o que é difícil, cada vez mais, de atingir. Fiquei fã.

9/10
Fernando Ferreira

Tethra – “Empire Of The Void”

2020 – Black Lion Records

Este é um som do qual tenho mesmo profunda nostalgia. Não está particularmente extinto mas não é algo que se encontre todos os dias. Nunca esteve na modas mas já teve um período em que se conseguia encontrar com bastante frequência bandas que juntassem o death com o doom metal sempre com um toque de melodia e melancolia memoráveis. Os Tethra são uma dessas bandas, uma dessas excepções que têm aqui neste seu terceiro álbum talvez o seu melhor trabalho – é sempre complicado de discernir assim a quente mas é sensação que fica – e definitvamente uma das propostas do ano neste espectro. Disso tenho a certeza.

9/10
Fernando Ferreira

Unfold – “Aeon Aony”

2003 / 2020 – Division Records

É interessante reparar que em certo tipos de som e certos álbuns, o tempo parece permanecer parado. No caso de Unfold e este “Aeon Aony” isso é mesmo que acontece. Sludge antes do sludge ser uma cena, pós-qualquer-coisa (metal, hardcore, como queiram encarar a coisa) antes do pós-qualquer-coisa ser uma cena, e ouvindo estes temas hoje, é fácil notar como ainda nos consegue deitar abaixo como se quase vinte anos não tivessem passado num ápice. Tudo estava no ponto e tudo continua no ponto com um disco que é tão corrosivo que me admira como é que continua em tão perfeita forma hoje como estava quando foi lançado. Esta reedição é obrigatória para todos que gostam dos estilos mencionados atrás. Se não o ouviram antes, vão ficar bem impressionados.

9/10
Fernando Ferreira

Sunken – “From Slow Sleep Like Death”

2020 – Argonauta Records

É possível um álbum de estreia despertar memórias de outrora sem ser declaradamente retro? É. Os Sunken chegam das terras dos mil lagos para nos deixar derreados com um brutal primeiro disco onde a melodia melancólia do doom é embrutecida pelo peso do death metal, mas sem deixar que os ritmos sejam bem lentos. De tal forma lentos que em certas músicas parece-me que chega deitar um cheiro forte a funeral doom. Mas são os leads que brilham intensamente. Leads que são todos fantásticos. Pode ser uma estreia, pode ser uma banda nova mas para quem aprecia o estilo, estes são são velhos amigos. Miseráveis velhos amigos.

9/10 
Fernando Ferreira

Dun Ringill – “Library Of Death”

2020 – Argonauta Records

Estes suecos têm sido uma boa surpresa. A banda junta o doom e o folk de uma forma bastante única. E até de forma bastante natural. Melodias celtas – até mais próprias de algo mais anglo-saxónico do que propriamente escandinavo – que se junta também a uma tradição que teve o seu grande impulso nas ilhas britânicas, o doom metal. Não sendo profundamente original – não é isso que se pretende, creio – o som dos Dun Ringill tem potencial suficiente para estranhar e entranhar-se em segundos. Afinal, qualquer uma das vertentes é-nos bastante conhecida (e querida) e funciona aqui por fluir sem qualquer tipo de sensação de que está algo forçado. Intrigante e viciante.

8.5/10
Fernando Ferreira

Drom / Tengri – “Ur”

2020 – Metal Gate Records

Este split entre as duas bandas checas Drom e Tengri é, posso começar já por aqui, totalmente recomendado. Se os Drom oferecem uma post metal meio sludgizado, já os Tengri têm uma sonoridade que também vai beber ao pós metal e ao sludge mas junta-lhe uma dose de folk inesperada, tudo devido ao violino que inserem na mistura. As duas bandas revelam-se algo diferentes mas a sua forma de retratar e explorar as emoções são muito semelhantes, pelo que no final fica uma barriga cheia de emoções fortes. Até a forma como a sequência das bandas e dos temas está feito, faz com que este seja um lançamento, no seu todo, memorável.

8/10
Fernando Ferreira

World War Four – “This Hostile Species”

2020 – Edição de Autor

O que se tem quando se mistura stoner, com rock sulista, groove e bastante peso metal é bem próximo do que aquilo que os World War Four apresentam neste álbum. A banda neozelandeza chegam ao seu primeiro álbum com entusiasmo mas infelizmente também com uma sonoridade que já está demasiado vista. Qualquer primeiro passo é válido e este servirá, acredito, para que cheguem a algum sítio especial. Por enquanto ficam alguns bons riffs e intenções que esperemos que se tornem mais palpáveis num futuro lançamento.

6/10
Fernando Ferreira

Wounded Cross – “Our Future Is Dead”

2020 – Edição de Autor

O mundo da música não é fácil. É mesmo por amor que muitas vezes as coisas nascem e é por a inevitabilidade de tudo o resto que as coisas acabam. No caso dos Wounded Cross, a banda britânica nasceu em 2014, deu uma série de concertos (menos de trinta) até acabarem em 2017. E para a posteridade decidiram lançar este seu álbum de estreia, onde o heavy metal tradicional e o doom metal são o principal foco. Cru e honesto mas também, infelizmente, não propriamente memorável. Serei sempre sensível a quem se junta para fazer algo que gosta, em homenagem aos seus heróis, mas nem sempre isso resulta em algo que seja relevante a longo prazo. É o caso.

5/10
Fernando Ferreira

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