WOM Reviews – Kaunis Kuolematon / High As Hell / Taured / Nibiru / Lords Of The Drift / Babel Trio / Phantom Hound / Demon Head
WOM Reviews – Kaunis Kuolematon / High As Hell / Taured / Nibiru / Lords Of The Drift / Babel Trio / Phantom Hound / Demon Head
Kaunis Kuolematon – “Syttyköön Toinen Aurinko”
2020 – Noble Demon
Terceiro álbum de uma banda que, tenho de confessasr, desconhecia. Os Kaunis Kuolematon são finlandeses, cantam em finlandês e tocam um doom metal de grande qualidade, com elementos de death metal e alguma melodia à mistura. A forma como isto é conciliado faz com que se sinta que se tem mesmo algo especial, pela atmosfera única, pela forma que os momentos compassados se conjugam e intercalam com os mais explosivos. O gutural de Olli Saakeli Suvanto é também um dos pontos altos e nem tem grande importância as letras serem em finlandês. Ou melhor não tem nenhuma. E as melodias, estas melodias fantásticas e melancólicas que se instalam tão facilmente esse é o melhor ponto. Que álbum fantástico!
9/10
Fernando Ferreira
High As Hell – “Razorblade Dream”
2020 – Dinner For Wolves
Independentemente do estilo de música, se é underground ou se é mainstream, se é música complexa, técnica ou básica, no final tudo se resume a ganchos. Todas as músicas o têm. Aquilo que consegue cativar imediatamente (ou de forma menos imediata mas ainda assim eficaz) a atenção do ouvinte. Os High As Hell têm bastantes. Não são novos – até porque dependem de algo que já conhecemos bem – mas são altamente eficazes. O princip+al gancho deste “Razorblade Dream” é mesmo como os riffs trazem aquele groove característico do sul dos E.U.A.. Stoner/sludge que não se afasta muito para longe da manada mas que se destaca pela energia, que não é desperdiçada à toa. Não, é muito bem planeada e aproveitada. Aliás até o chavão do comunicado de imprensa denota isso – “old school metal, new school attitude”. O som não encerra segredos mas há mesmo algo de novo neste álbum de estreia, que tanto puxa pela energia como também sabe como deixar o riff a soar para criar aquele ambiente do doom que tanto apreciamos. Da Austrália para o resto do mundo, High As Hell, um nome que vai de certeza dar que falar.
9/10
Fernando Ferreira
Taured – “Taured”
2020 – Edição de Autor
Não há muitas informações acerca dos Taured, apenas que são italianos e que tocam um stoner metal expansivo e algo psicadélico. Algo, calma, não propriamente psicadélico. A música é instrumental e é perfeita para quem quiser meditar ou transcender este mundo físico que cada vez nos esmaga mais e parece como uma prisão – aliás, tal como a própria capa demonstra. Para os fãs de música instrumental, de stoner e de progressivo (ou pós-rock), este será certamente um álbum muito apetecível.
8.5/10
Fernando Ferreira
Nibiru – “Panspermia”
2020 – Argonauta Records
A música é para ser sentida. Deve ser sentida de forma visceral – mesmo que isso não signifique reacções viscerais – e como tal, por consequência, deverá ser ela própria visceral. Costuma-se dizer que para fazeres com que outra pessoa entenda aquilo que queres dizer, então terás de exagerar. Pois bem, a minha forma de exagerar é apresentar “Panspermia” que é claramente um abuso perante aquilo que a música deve ou pelo menos deveria apresentar. A reacção visceral chegará aqui a extremos, principalmente para quem não gostar da mistura de industrial com sludge e noise. Ao longo de mais uma hora, temos quatro temas que são desafiantes, viscerais (literalmente!) e claustrofóbicos, conseguindo arrancar as mais diversas reacções. O desconforto será comum a todas elas mas haverá aqueles que não conseguem conviver também com elas. Não sendo particularmente resistente a esse desconforto, devo admitir que consegui mergulhar neste mundo bem e apreciar a viagem. Não sendo uma viagem para repetir várias vezes ao dia embora perceba quem queira o desafio contínuo de se esgotar física e mentalmente – talvez até espiritualmente – por algo assim.
8.5/10
Fernando Ferreira
Lords Of The Drift – “The Arecibo Message”
2020 – Stay Gold Records
O primeiro lançamento dos Lords Of The Drift é composto por apenas um tema. Um tema com pouco mais de meia hora, onde o drone impera. Drone, aquele sonho molhado de quem não passa sem um bocado de distorção na sua vida. Algo que até se pensou anos atrás que pudesse ter duração curta mas que temos vindo a encontrar sempre alguém com ideias fortes capaz de contornar isso. Perante esta última frase até poderão achar que não se ao que se pode ouvir neste álbum de estreia, mas o ambiente aqui provocado consegue até transcender os domínios do doom/drone. Entra mesmo pelos domínios do ambient. É terapêutico. E mesmo sendo apenas meia hora – que para muitos poderá soar a muito visto que cinicamente poderão dizer que não há grande coisa a acontecer durante esse tempo – é altamente eficaz na forma em como nos transporta numa torrente de emoções e imagens (todas da autoria do ouvinte, claro está). Sem dúvida que é uma viagem única e deixa uma questão bastante relevante. Como superar isto?
8.5/10
Fernando Ferreira
Phantom Hound – “Mountain Pass”
2020 – Devil Blues Records
O trio americano Phantom Hound apresenta-se com um som stoner/doom com linhas de rock ‘n’ blues. Senti que ao ouvir a primeira faixa tudo se resume a ela e ao que ali nos é dado a ouvir. Sem dúvida que se nota alguma solidez sonora, com variações acompanhadas de solos alucinantes, estridentes e tudo muito cru, num rock sombrio e direto aos nossos ouvidos. Com toda a certeza que os fãs do género não vão ficar desiludidos, por mim passei á frente!
7/10
Miguel Correia
Babel Trio – “The Martyr”
2020 – Labyrinth Of Thoughts
Hipnótico desde o primeiro momento. Não é só a capa que nos dá a sensação de sermos transportados a outra época e local. A música também o faz de forma convincente. Este trio grego traz um cheirinho a mediterrâneo seja nas melodias das guitarras seja nas linhas de voz, voz bastante característica, acrescente-se – percebendo-se assim o rótulo de folk no bandcamp. A tendência para o psicadélico e/ou progressivo também se nota bastante através de temas que embarcam em devaneios que nem sempre são eficazes, pelo menos comigo. Sinto que por vezes certos temas poderiam ser mais desenvolvidos – como a intro de abertura “Birth Of The Martyr” que parece que acaba de reepente – mas que depois outros duram demasiado tempo – “Lady Spring” é um deles. De qualquer forma, este meu primeiro contacto é positivo e esta é uma banda que quererei conhecer melhor. Recomendado para quem gosta do seu stoner com um twist (seja psicadélico seja apenas algo fora do normal, como o cheirinho a médio oriente).
7/10
Fernando Ferreira
Demon Head – “Viscera”
2021 – Metal Blade
Aquilo que é mais comum encontrarmos é comparações entre os Demon Head e os Ghost. Algo que não é tão positivo, por Ghost ser uma banda tão única no panorama da música de peso (mesmo que os próprios já não tenham grande peso) e por serem amados e odiados em igual medida. Pois aqui os Demon Head não fazem uma mudança drástica no seu som – e este é já o seu quarto álbum, não havendo previsões que o façam num futuro próximo – continuam a ser mais atmosféricos do que pesados (mesmo que a atmosfera e ambiência que criam no seu som seja bastante pesada e negra). A voz de Ferreira Larsen também continua dramática, a intensificar a aura mística do occult rock que se propõem. É pena é que no final se sinta pouca surpresa ao ouvir este conjunto de temas, que, apesar disto, estão bem construídos e cheios de detalhes. Um álbum para ouvir bem – e ir para além da primeira impressão que poderá desiludir – mas que poderá dar pouco em troca.
6.5/10
Fernando Ferreira