WOM Reviews – Stepson / Thy Dispraise / Kalah / Spank Lord / Lacuna / Be The Wolf / Dead Poet Society / Venên
WOM Reviews – Stepson / Thy Dispraise / Kalah / Spank Lord / Lacuna / Be The Wolf / Dead Poet Society / Venên
Stepson – “Help Me, Help You”
2020 – Argento Records
É cada vez mais comum termos bandas de black metal misteriosas das quais não há nenhuma informação. Mas no final o que interessa mesmo é a música e no caso dos holandeses Ossaert, o que temos é quatro temas longos, hipnóticos e cruz. Vistas a coisas, não é preciso saber quem são, de onde vieram e para onde vão. Nem é preciso letras nem títulos de música (por muito que seja um chavão termos “I”, “II”, “III” e “IV” como títulos, enquadra-se perfeitamente) porque a música fala por si só. E nem só consegue ser aquele black metal cru e primitivo como também consegue alcançar níveis inesperados de melancolia (conferir a “III”). No geral é um álbum surpreendente que não conseguimos ficar indiferentes.
8.5/10
Fernando Ferreira
Thy Dispraise – “Lost Era”
2021 – Ghost Record Label
Será sempre um destino exótico para o metal, o Irão. No entanto, musicalmente até não temos por aqui grandes indicações do sítio de onde a banda vem (exceptuando pela voz de Sheyda Mohammadi), o que é positivo porque mostra que o metal também é um aldeia global, cada vez mais. Apesar do rótulo groove/metalcore, que faz sentido, aquilo que nos parece que o som da banda assenta mais numa perspectiva melódica do death metal. O que até é surpreendente. É ingénuo, sim, como todos os álbuns de estreia se supõe que sejam, mas isso não quer dizer que não tenha muito a oferecer. Não existem muitas bandas vindas do Irão, mas com esta qualidade também não existem assim muitas por todo o mundo. Excelente início de carreira.
8.5/10
Fernando Ferreira
Kalah – “Descent”
2021 – Edição de Autor
Existem coisas capazes de causar um arrepio imediato e uma delas é o termo “Electronic Melodic Metal”. Por muito caricato que seja o termo, e é, também é uma boa forma de caracterizar o som dos italianos. A componente electrónica surge de uma forma mais dançante – a relembrar os tiques de há duas décadas atrás – misturados com um metal morderno e forte e com uma voz que é também ela melódica e invulgarmente eficaz. O resultado é bem melhor do que aquilo que as expectativas nos tinham preparados e estes quatro temas até se absorvem muito bem. Num contexto de um EP resulta muito bem, num contexto de um álbum…? Só ouvindo. Por agora prova superada.
8/10
Fernando Ferreira
Spank Lord – “Bombs Away”
2011 – SPS
Estamos sempre a aprender e nunca é tarde para nos serem apresentadas novas bandas. Neste caso os açorianos lançaram em 2011 este “Bombs Away” e a minha questão é como é que isto passou ao lado… de toda a gente! Bem, pelo menos não me recordo de ouvir falar deste álbum mas estou aqui agora. “Bombs Away” é uma verdadeira bomba de rock/metal, hard rock, punk, temos de tudo um pouco regado a groove. Apesar de já ter dez anos, a banda nunca mais lançou nada e não existem mais grandes informações disponíveis até ao momento, o estigma português que ainda se acentua mais nas ilhas mas fica para a posteridade um enorme vício.
8.5/10
Fernando Ferreira
Lacuna – “Doce Ilusão”
2018 – Edição de Autor
Sou céptico em relaçãoa tudo que seja modas, mesmo que sejam modas que estejam a passar – devo confessar que esta é a mais duradoura – no entanto, tenho que me render aos Lacuna. Se formos honestos, temos que dizer que o seu som assenta nos pressupostos do metalcore, mas o facto de cantarem em português de term um gosto único para bons riffs e bons solos, faz com que os sintamos – e a este “Doce Ilusão” com um outro espírito. Boa banda brasileira que queremos conhecer melhor.
7.5/10
Fernando Ferreira
Be The Wolf – “Torino”
2021 – Scarlet Records
Pop. Se calhar estou a começar esta review da forma errada e a afastar todos. Mas há muito de pop pelo som dos Be The Wolf. Desde a melodia na voz até aos arranjos modernos, tudo tem uma aura pop – e é fácil deixar que o peso da palavra tolde tudo o resto. Isto porque não é mau. Longe disso. As melodias são adocicadas mas são viciantes, as guitarras ainda que fiquem demasiadas vezes lá no fundo, também não deixam de causar um excelente impacto quando lhes é dado tempo de antena – “Pretty Little Things” é bom exemplo. Pop? Sim, mas também rock. Moderno ou seja o que for, mas rock.
7.5/10
Fernando Ferreira
Dead Poet Society – “-!-“
2021 – Spinefarm Records
Como raio se diz o nome deste álbum? Ponto de exclamação? São estes os malefícios/benefícios do mundo digital. Como se passa tudo no mundo digital, praticamente não é preciso haver preocupação em como se diz o nome de um álbum quando o mesmo pode ser ilustrado por imagens (a capa) ou escrito. A música também segue o preceito moderno mas junta-lhe groove próprio de um rock/blues que não é comum apanharmos nestas andanças. Sim, é moderno, sim é um produto dos dias de hoje dos spotifys e afins, mas que tem um encanto de uma outra época. São uma porrada de faixas (dezasseis é coisa que não se usa hoje em dia) num álbum que poderia sobreviver sem quatro ou cinco faixas. Até poderia ter mais impacto. Ainda assim, um álbum que traz gozo, com consistência e profundidade e bons temas orelhudos. Não se pede mais.
7.5/10
Fernando Ferreira
Venên – “Longe Mas Aqui”
2021 – Edição de Autor
O entusiasmo pela música. É sempre algo que me traz nostalgia. O gostar tanto de algo que impele a tentar criar. Normalmente as primeiras experiências não são propriamente memoráveis, por isso é importante uma gestão de expectativas. Apesar de reconhecer talento à dupla que compõe os açorianos Venên, dá para ver que este ainda é um início muito embrionário. Apesar das guitarras a puxar ao djent e em alguns momentos ao nu-metal, não se sente “Longe Mas Aqui” como uma proposta metalcore/deathcore. A voz até nos leva para paragens mais black/death metal. A bateria é programada mas não se nota muito essa limitação e temos também algumas boas indicações nas guitarras – fora a tonalidade djent que depressa se torna enjoativa. Apesar da nota, há por aqui talento, isso é inegável. Agora é só continuar a trabalhar para solidificar maturidade musical.
5/10
Fernando Ferreira