WOM Reviews – Tribulation / Jours Pâles / Vrademargk / Aetherevm / Seventh Genocide / Varmia / Infernalizer / Wolfheart
WOM Reviews – Tribulation / Jours Pâles / Vrademargk / Aetherevm / Seventh Genocide / Varmia / Infernalizer / Wolfheart
Tribulation – “Where The Gloom Becomes Sound”
2021 – Century Media Records
Boa surpresa, algo que não esperava já dizer sobre um álbum dos Tribulation. Isto porque fui-me tornando um bocado céptico em relação à capacidade da banda surpreender como o fez no passado. E não, “Where The Gloom Becomes Sound” não representa uma viragem estilística tal como no passado mas tendo em conta que a banda tinha encontrado já uma fórmula (ou encontrado o seu som) e que viu Jonathan Hultén sair, as expectativas não eram altas. E surpreenderam de forma extremamente positiva, não só mantendo o seu som e identidade firmada nos últimos trabalhos como ainda conseguem torná-la ainda mais entusiasmante. Se calhar é exagero da minha perte, ainda infectado pelo entusiasmo de estar a ouvir este álbum sem parar, mas pareceu-me ser o seu melhor trabalho até agora.
9/10
Fernando Ferreira
Jours Pâles – “Éclosion”
2021– Les Acteurs De L’Ombre Productions
Estreia discográfica deste novo projecto de Spellbound (o vocalista dos Aorlhac), que consegue agradar de forma positiva. Sabendo que os Aorlhac se movem pelo black metal, a expectativa seria para ver como é que a abordagem iria diferir ao ponto de tornar esta nova empreitada válida. Bem podemos dizer que a melodia e melancolia são mesmo os pontos centrais. Sem ter qualquer receio de furar as regras (muitas delas não escritas e auto-impostas) em relação ao que se pode e não pode fazer no black metal. A agressividade não deixa de estar presente mas é mesmo a melancolia a linha condutora que liga este trabalho – aliás, a mesma está capturada de forma brilhante na capa e, claro, no título também. Cativante e capaz de nos deixar em momentos de introspecção, tal como a música deve ser, capaz de causar sensações e passar uma mensagem. Mesmo no black metal. Não sendo a proposta mais comum do género e não encaixando, a meu ver, na categoria do “pós-black metal”, este é um trabalho com muito a oferecer de uma entidade que tem um enorme potencial.
9/10
Fernando Ferreira
Vrademargk – “Arrelats”
2021 – Edição de Autor
Os catalães Vrademargk são o retrato de muitas bandas que lutam pela sua arte. São diversos os obstáculos que têm de combater – avida e todas as suas circunstâncias, a falta de apoios e as malditas mudanças de formação. Este quarto álbum – apesar do Metal Archives indicar que será o terceiro por considerar “The End Of The Beginning…”, vamos seguir a indicação da banda que terá sido esse o primeiro álbum da banda – consegue entusiasmar qualquer um que aprecie death metal melódico sem usar para isso muitos lugares comuns do género. É um álbum curto e variado, o que também facilita a sua assimilação. Isto apesar de ser cantado inteiramente em catalão uma decisão que poderá ser arriscada até mesmo no contexto do underground espanhol. Poderá mas não creio haver motivos para isso já que musicalmente este é um excelente álbum e uma excelente introdução à sonoridade da banda.
8.5/10
Fernando Ferreira
Aetherevm – “The Beauty Of Chaos”
2020 – Edição de Autor
2020 ainda mexe, e com excelentes álbuns a surgir. Os Aetherevm que nos chegam do México são um deles. Quando se fala do death metal melódico, ficamos logo com um quadro bastante definido na nossa mente. De tal forma que até lhe sentimos o sabor, quase. Bem, neste caso pode-se dizer que há por aqui uma surpresa, pela forma como conseguem ir mais pelos caminhos melancólicos e épicos do que propriamente pelo habitual jogo dinâmico entre os leads de guitarra. Não é que não se tenham momentos mais intensos – a “All My Fears” tem uma secção que convida ao headbang intenso – mas a melancolia dos leads é mesmo o grande destaque. Estreia de alto nível e uma enorme promessa (já confirmada) para o futuro próximo.
8.5/10
Fernando Ferreira
Seventh Genocide – “Svnth”
2018 – Third I Rex
Os italianos Seventh Genocide lançaram em 2018 este EP que é uma excelente apresentação para quem ainda não os conhecia. Aliás, até poderá ser uma apresentação para quem os conhecia já que há, parece-me, uma mutação sonora aqui pelo meio. Mutação sonora que não é para pior – haverá sempre quem fique chocado com este tipo de evolução ou metamorfoses principalmente no seio do black metal. Mais melancólicos mas mais eficazes, é a descrição em poucas palavras. A aproximação ao que se sente como pós-black metal é um bocado óbvia mas não é descarada ao ponto em de se sentir que estão a seguir uma moda em vez de fazer aquilo que sentem. E até vão para terrenos ligeiramente psicadélicos. Excelente, portanto.
9/10
Fernando Ferreira
Varmia – “Bal Lada”
2021 – M-Theory Audio
O folk tem em mim o efeito de deixar as orelhas levantadas ao mínimo indício. Como um predador na senda da sua presa, os meus instintos despertam logo quando se ouve no horizonte qualquer prova das tradições musicais (mais ou menos) ancestrais. Neste caso temos os ritmos pagãos levados a cabo pelos polacos Varmia, que lhes juntam uma dose de black metal suficiente para tornar aas coisas mais interessantes. Mais do que optar por ter melodias a fazer lembrar tempos idos, os Varmia usam instrumentos acústicos e inserem de forma orgânica essa ancestralidade que tão bem combina com o black metal. Por quem os sabe usar, claro. A percussão é um dos pontos mais usados mas há toda uma série de ambiência criada que ajuda a estabelecer o efeito (na mente do ouvinte) que estamos a ouvir música e voz de uma outra época e de um outro povo que já não existe. A conversão não demora muito a acontecer.
8/10
Fernando Ferreira
Infernalizer – “The Ugly Truth”
2021 – Rockshots Records
Sentimentos contraditórios em relação a esta estreia dos Infernalizer, que é um novo projecto de Claudio Ravinale, vocalista dos Disarmonia Mundi. A capa não promete grande coisa – o tipo de letra do título é mais velho que o obrar e a capa parece estar pixelizada. Tendo em conta que as influências para isto é aquele hard’n’heavy da década de oitenta sob uma vertente mais gótica, e que Ravinale vem do death metal, não sabia bem esperar daqui. Após uma intro demasiado longa para o seu próprio bem, chega finalmente a música em si com “The Outsider” e até não é mau de todo. Aliás, é bom, de uma forma inesperada. Claro, lugares comuns do início ao fim, desde a voz que nos remete para os clichês Sisters of Mercy/The 69 Eyes até à percussão digital que grita anos oitenta, até às próprias músicas que por vezes têm tanto azeite vintage que parece que estamos mesmo nos chamados anos dourados. Bem, é uma questão de gosto, mas a minha costela gótica até tem vergonha de admitir mas estes temas são mesmo catchy e não deixam de causar um bom impacto. Certas coisas não resultam, mas na maior parte das vezes, é bom entretenimento.
7/10
Fernando Ferreira
Wolfheart – “Skull Soldiers”
2021 – Napalm
Tendo sido 2020 como foi – e com 2021 pelo mesmo caminho, a solução do EP nunca pareceu tão válida como agora. Manter a actividade mesmo que o futuro ainda seja muito incerto. Parar é mesmo morrer e tem que se continuar até que faltem as forças. Com isto em mente, recebe-se “Skull Soldiers”, o mais recente EP dos Wolfheart que não traz grandes novidades para os fãs. Dois temas ao seu estilo, sem serem particularmente memoráveis, mais um acústico e outro ao vivo. No geral é uma boa prenda para os fãs que não puderam ver a banda ao vivo após o lançamento de “Wolves Of Karelia” no ano passado e deve ser encarado como tal.
6.5/10
Fernando Ferreira