WOM Reviews – Dvne / Clouds Taste Satanic / Anderwelt / Erasy / Giants, Dwarfs And Black Holes / Final Void / Black Juju / (16) / Grime
WOM Reviews – Dvne / Clouds Taste Satanic / Anderwelt / Erasy / Giants, Dwarfs And Black Holes / Final Void / Black Juju / (16) / Grime
Dvne – “Etemen Ænka”
2021 – Metal Blade
Provenientes de Edimburgo, Escócia os Dvne embarcaram numa aventura musical que começou em 2013 com o seu primeiro EP ‘Progenitor’ onde sobressai desde logo a oleada e coesa mistura entre Sludge Metal e Stoner fazendo lembrar uns Mastodon também na sua fase primordial, mas foi em 2017 que a banda saltou em definitivo para outro patamar com ‘Asheran’ o seu primeiro álbum de originais, uma formidável manifestação de técnica e melodia pautada por um novo caminho orientado essencialmente pelo Progressivo. Quatro anos depois os Dvne estão de volta e ‘Etemen Ænka’ é muito, mais muito mais do que um “simples” álbum da confirmação. Os Dvne continuam a não disfarçar a sua inspiração em temáticas Sci-Fi de planetas distantes e civilizações desconhecidas, no entanto é na variante sonora que está a grande diferença entre ‘Etemen Ænka’ e tudo o que a banda compôs antes. ‘Etemen Ænka’ mostra-nos uns Dvne com sonoridades completamente amadurecidas agregadoras de um criativo Progressivo com algumas influências de Sludge Metal e até mais pontualmente de Post-Metal, a fazer lembrar a fase mais recente dos Germânicos The Ocean. Riffs coesos, robustos e graves envolvidos num ambiente onde se evidenciam texturas de uma montanha-russa emocional fazem de faixas como ‘Court Of The Matriarch’, ‘Mleccha’ ou ‘Sì-XIV’ sofisticadas e complexas obras-primas do Metal da actualidade. Fica desde já feito o desafio, ‘Etemen Ænka’ é sem dúvida o “alvo a abater” como melhor álbum de 2021, simplesmente soberbo.
9.5/10
Jorge Pereira
Clouds Taste Satanic – “The Satanic Singles Series Vol. 4: The Book of Leviathan“
2021 – Edição De Autor
Como não há três sem quatro, aqui estamos perante o quarto single dos Clouds Taste Satanic e por mim poderíamos passar a vida toda nisto que eu não me importava nada. Covers desta qualidade são sempre mais que vindas. Os temas escolhidos para este novo single é “Auf Wiedersehen” dos Cheap Trick e “Sleeping On The Roof” dos Flaming Lips, duas escolhas pouco óbvias mas que resultam, mais uma vez, de forma perfeita. Este tratamento stoner/doom instrumental é praticamente inesgotável, ou então é mais a genialidade dos Clouds Taste Satanic que têm o toque de Midas. É também engraçado o contraste entre os dois lados com o primeiro mais uplifting e o segundo mais melancólico. Este é o último single e agora é esperar pelo álbum que vai reunir tudo no mesmo disco.
9/10
Fernando Ferreira
Anderwelt – “2084”
2020 – Electric Fire Records
Seria uma pena um trabalho como este ficar perdido no tempo. Não que o facto de não o deixarmos escapar possa ter algum impacto nesse processo, mas pelo menos fizemos a nossa parte. Melancolia doom metal que vem de mãos dadas com um sentido profundo de ambiência – calculo que seja por isso que o rótulo pós-metal assente bem – que emociona a cada passagem a cada momento. Quatro longos temas – o mais curto tem seis minutos ou mais longo treze – que nos elevam para uma viagem pelos nossos próprios sentimentos, pelo nosso próprio ser. De uma forma que até é própria, nos momentos instrumentais, de algo mais cinematográfico. Aliás, é a voz que nos desperta para a realidade, de que estamos a ouvir isto num disco e não numa sala de cinema. Um despertar que não traz uma sensação de desilusão mas sim uma outra forma de apreciação, tão válida como a primeira. E as duas vão se completando e competindo ao mesmo tempo. E nós no meio, em êxtase.
9/10
Fernando Ferreira
Erasy – “Some Nice Flowers”
2020 – Edição de Autor
Sonzão! Logo pela amostra do gritar inicial da guitarra cheia de fuzz no início da “A Motivational Message”, a primeira música do álbum, ficamos presos. Stoner – pelo fuzz, doom – pelos riffs, e sludge – pela voz, tudo se conjuga para um álbum que todos os que gostam de ver o tempo a abrandar e viajar na maionese – sim, é esse tipo de som, apesar de ser bastante pesado – não vão conseguir resistir. É essa polivalência um dos pontos principais para que se fique logo fã. Peso bruto, mas também melodia clássica doom, e tudo junto num álbum que apesar de ter sido já lançado no ano passado, urge descobrir.
8.5/10
Fernando Ferreira
Giants, Dwarfs And Black Holes – “Everwill”
2021 – Interstellar Smoke Records
Ao que parece, não é só no deathcore que temos bandas que surgem com nomes que dariam excelentes títulos de álbuns. Os Giants, Dwarfs And Black Holes estreiam-se com “Everwill” que é um sonho molhado de qualquer ou que gosta de proto-heavy metal ou proto-doom metal, misturado com uma dose por vezes tímida mas inequívoca de psicadelismo. A voz de Luzzi é poderosa e rústica, tal como se estivessemos na década de sessenta ou setenta e o único requisito para se agarrar ao microfone fosse calma e descontração e uma voz em bruto. É uma boa viagem pelos cantos daquilo que entendemos como a base da música pesada. Sim, é retro, e sem qualquer vergonha. Também não tenho qualquer pudor ao dizer que é eficaz e que toca em todos os botões que deveria tocar. Para quem gostar de viajar com a simplicidade do rock (bateria, baixo, voz e guitarra), está aqui um nome a ter em conta.
8/10
Fernando Ferreira
Final Void – “Visions Fear”
2021 – Inverse Records
Segundo álbum de originais dos Final Void, que toca metal gótico tal como os lugares comuns do género mandam. Musicalmente crus – o que é sempre uma agradável surpresa tendo em conta que as bandas finlandesas neste segmento já nos habituaram a termos produção cristalinas. A voz traz-nos algumas memórias mas no geral não consegue impressionar, pelo menos a voz limpa. Já a voz gutural até encaixa bem quando surge. Posso dizer que este é um álbum que não impressiona à primeira mas que vai crescendo conferme se mergulha nele. O que também é bom, afinal quantas vezes não ficamos apanhados por algo num instante para depois estarmos fartos dessa mesma coisa? Bom metal gótico, com raízes no doom.
7.5/10
Fernando Ferreira
Black Juju – “Purple Flower”
2021 – Sleaszy Rider
O melhor que a música (pesada e não só) tem é a forma como consegue tornar toda e qualquer fronteira bem definida algo esbatida. Os Black Juju vão beber a uma série de fontes para trazer uma interessante mistura que não sendo original, soa bastante bem. A produção dá-nos aroma mais moderno, com o peso das guitarras bem acentuado, mas depois têm um forte cariz tradicional, ora no doom ora no próprio heavy metal. É o segundo álbum dos gregos e é um passo em frente na afirmação da identidade da banda. A apontar defeito, apenas no tom da guitarra que apesar de quente, também parece demasiado processado e digital. Uma questão pessoal que não deverá afastar os fãs do género.
7/10
Fernando Ferreira
(16) / Grime – “Doom Sessions Vol.3”
2021 – Heavy Psych Sounds
Sou fã de splits e sou fã de doom e obviamente sou fã de boa música, pelo que todas estas coisas boas aqui reunidas são obviamente motivos para se ficar feliz. São duas abordagens diferentes, os -(16)- com uma abordagem a puxar mais ao stoner sempre com a sujidade sludge por trás. O mesmo sludge podemos encontrar nos Grime, mas de uma forma mais intensificada. Não tão eficaz quando os primeiros mas a não deixar o seu espaço reservado que seja desperdição. Não é.
7/10
Fernando Ferreira