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WOM Reviews – Greenleaf / Marianas Rest / Olde / Golgotha / Morticula Rex / Birds Of Nazca / Culted / Machinist / Dead Hand

WOM Reviews – Greenleaf / Marianas Rest / Olde / Golgotha / Morticula Rex / Birds Of Nazca / Culted / Machinist / Dead Hand

Greenleaf – “Echoes From A Mass”

2021 – Napalm

Depois de três demos na primeira década do milénio, os Fastian Pact apresentam um álbum que parece que até é mais antigo, vindo da década de noventa. Aquele black metal ligeiramente melódico ainda que algo cru. Tem um encanto muito próprio. Encanto do passado mas que é válido tanto agora como o seria na altura. Talvez este seja um trabalho que está voltado para o passado, não existem dúvidas em relação a isso… no entanto, não deixa de ser inegavelmente cativante e eficaz. Uma boa surpresa a provar que por vezes as expectativas crescem e são correspondidas.

9/10
Fernando Ferreira

Marianas Rest – “Fata Morgana”

2021 – Napalm Records

Terceiro álbum dos finlandeses Marianas Rest, que surge dois anos depois de excelente “Ruins”. Devo dizer que as expectativas estavam altas, mas “Fata Morgana” não nega a tradição do terceiro álbum e mostra que esta é mesmo uma banda para ter em conta no panorama do death/doom melódico e melancólico. Aquela classe que se sente logo desde o início está presente e quase que não é preciso ouvir mais para formar opinião. Ouvimos por puro prazer que é muito. Ok, não vou mentir, é preciso ter um gosto (carinho até) pelas sonoridades mais melódicas e melancólicas, mas a banda não disvirtua em nada a sua Identidade com o peso a continuar a estar presente e a ser uma parte muito importante do seu som. Como sempre temos um álbum onde a melancolia representa um peso enorme e recomendado para todos os que gostam de sentir estes tipos de sentimentos na sua música. Para quem os conhece é mais um excelente álbum.

9/10
Fernando Ferreira

Olde – “Pilgrimage”

2021 – Seeing Red Records | Sludgelord Records

Certos estilos não são para todos. Certos estilos têm os seus fãs e apreciadores ferranhos, porque têm particularidades que poderão afastar todos os outros. O doom metal (e os seus associados como o stoner e o sludge ) é um deles. No entanto estas particularidades tanto podem afastar como também exercer um fascínio único para quem é sensível a elas. No meu caso foi o riff (riffalhão) inicial do tema-título que me deixou logo rendido e sem oferecer qualquer tipo de resistência. Peso e aquela sujidade tão típica do sludge e estamos lançados. Só é preciso é saber escolher com arte O riff, aquele que tem o poder para nos fazer submeter sem fazer mais perguntas. Esse riff, com o devido groove, torna-se hipnótico. Os Olde são alguém que conhecem perfeitamente o poder do riff, ele está aqui no seu melhor.

8.5/10
Fernando Ferreira

Golgotha – “Remembering The Past, Writing The Future”

2021 – Xtreem Music

Os Golgotha são um dos nomes incontornáveis do death/doom espanhol, apesar de ter uma carreira conturbada onde até chegaram a acabar. Essa instabilidade nunca transpirou para a sua música, algo que foi sempre acima da média. A provar que estão mais fortes que nunca está aqui este EP, cujo título faz um enorme sentido, onde apresentam uma nova música, “Don’t Waste Your Life”, logo a abrir e quatro regravações de temas clássicos, a opção perfeita não só para mostrar o estado actual da banda para os fãs (e que melhor é essa forma com temas que já conhecem) como também capturar novos que possam não estar tão familiarizados com aquilo que a banda já fez no passado. Pequena nota, não sei se será geral ou se foi apenas da minha cópia promocional, mas em vez das esperadas cinco faixas, estão presentes oito em que as três últimas são uma espécie de peças ambientais de extremo bom gosto. Não encontrei nenhuma referência em relação às mesmas, mas que são excelentes, isso são.

8/10
Fernando Ferreira

Morticula Rex – “Autumnal Rites

2021 – Immortal Souls Productions / Satanath Records

Excelente forma de tomar conhecimento do trabalho dos Morticula Rex. Este duo italiano junta ao death metal o groove triturador do doom metal mas não é simplesmente uma coisa matemática ou científica em que se junta “x” deste elemento e “x” daquele elemento para que se tenha a perfeição. Até porque “Autumnal Rites” não é perfeito, mas é essa a imperfeição a força matriz do metal e aquilo que nos faz apreciar tanto trabalhos como este. Devo dizer que a produção é o ponto que menos me agrada, não conseguindo apontar o dedo a este ou a aquele factor – bem se tiver que apontar eu diria que seria a distorção de guitarrao ponto que menos gosto e que acaba por condicionar o tom da música como um todo. No geral, e apesar deste ponto, é um trabalho com potencial dinâmico para crescer e até para, não ponho em causa isso acontecer no futuro, fazer das suas fraquezas, forças. Death/doom de qualidade.

8/10
Fernando Ferreira

Birds Of Nazca – “Birds Of Nazca”

2020 – Edição de Autor

Na minha cabeça, ouvir a este tipo de música é quase sempre como que a expectativa de ver alguém prestes a cometer uma acrobacia que poderá provavelmente correr mal. Stoner/doom instrumental não é coisa que resulte facilmente. O facto de apelidar algo como doom’n’roll também não é um bom indicativo. Felizmente, para nós que gostamos sempre que as bandas não se magoem por dar passos maiores que as suas pernas, não é o caso. A estreia auto-intitulada poderá não ser para todos, poderá até fazer jus ao título doom’n’roll (embora duvide seriamente que se vá tornar uma “coisa” no futuro próximo), mas está bem construído dentro da simplicidade que é ter bateria e guitarra a dar-nos música. Simplicidade mas não básico. Claro que estes temas poderiam crescer muito mais para além daqui, mas dentro daquilo que se propõe, o resultado está bem acima da média. Menos é mais. E neste caso, é mesmo.

8/10 
Fernando Ferreira

Culted – “Nous”

2021 – Season Of Mist

Já é famosa e emblemática dos tempos em que vivemos o facto dos Culted ser uma banda onde os músicos que fazem parte da componente instrumental (todos a viver no Canadá) nunca terem estado fisicamente na mesma sala que o vocalista Daniel Jansson (que vive na Suécia). E é já o quarto álbum de originais. É o novo normal. E essa situação até nem afecta aquilo que podemos ouvir, já que não se sente qualquer tipo de fracturação. Temos um doom enegrecido e pouco convencional na forma como aperta o cerco ao ouvinte e o sufoca até um pouco quase de insuportabilidade. É esse o seu maior feito, embora tenha que se dizer que nem todos procuram esse desconforto na música. Em termos musicais até é bem mais variado do que o expectável, mas aura e o ambiente é do mais negro que pode haver, sem ser propriamente previsível no que se esperava de uma proposta black/doom metal – que acaba por ser a melhor forma de definir “Nous”. Esses elementos estranhos e quase extra metal reforçam o ambiente e também reforçam a ideia de que este não é um trabalho para todos e que vai depender muito da disposição do ouvinte. Como gostamos daquilo que não é fácil, “Nous” intriga-nos o suficiente para que lhe dediquemos bastante tempo.

8/10
Fernando Ferreira

Machinist! / Dead Hand – “Split”

2021 – Nefarious Industries

A filosofia do split resulta sempre melhor quando temos duas bandas que são diferentes mas que encaixam e se complementam muito bem uma com a outra. É o que temos aqui com os Machinist! e com os Dead Hand. Os primeiros viscerais ao ponto de rebentar costuras com o sludge a marcar pelo factor corrosivo e os segundos com uma toada mais groove e mais doom e sem se distanciar também do sludge. Duas faces distintas da mesma moeda que surgem bem lado a lado. Fiquei com curiosidade de conhecer ambas num contexto mais alargado.

7.5/10
Fernando Ferreira

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