WOM Reviews – Crust / Rise to the Sky / Rituals Of The Dead Hand / Black Sigma / Discarded Self / Stitchfork / Mezereum / Hagel
WOM Reviews – Crust / Rise to the Sky / Rituals Of The Dead Hand / Black Sigma / Discarded Self / Stitchfork / Mezereum / Hagel
Crust – “Stoic”
2021 – Addicted Label
Espectacular a entrada deste álbum dos Crust. A sonoridade, principalmente a distorção de guitarra e a voz, tem tanta gravilha que até parece que estamos perante um camião de alcatrão prestes a despejar em cima de nós e o equilíbrio entre o death e o doom está atingido de uma forma impressionante. O doom é a linguagem que mais se expressa aqui mas há sempre o peso do death metal dá o ar de sua graça de vez em quando, sempre com resultados intensos. Outro elemento preponderante é a atmosfera criada. Este é um ambiente muito próprio e que ajuda a que se tenha uma experiência única ao ouvir este álbum de seguida – é esse o intuito do álbum, certo? Por muito que a facilidade das playlists nos tenham feito esquecer isso. Estes russos têm aqui trabalho memorável, sem dúvida um dos grandes de 2021 definitivamente.
9/10
Fernando Ferreira
Rise to the Sky – “Let Me Drown with You”
2021 – GS Productions
Mais uma vez, um one man-band de qualidade. Desta vez, a boa música chega-nos do Chile através de Rise to the Sky, uma inciativa de Sergio Gonzalez. Este projeto iniciou-se em 2019 e desde então teve alguns lançamentos. O mais recente é deste ano e tem o nome de “Let Me Drown with You”. Com um nome tão colorido como este, estão certos em suspeitar que se trata de um trabalho de doom metal (com umas pontadas de death metal muito bem-vindas). Let Me Drown with You é um trabalho de estilo ambiente que mantêm a voz rouca e demorada enquanto se desenvolve em trabalhos de guitarra verdadeiramente belos e viciantes. O ritmo do álbum é tendencialmente mais lento, mas há sempre as diversas ocasiões em que o ritmo é acelerado e se quebra qualquer monotonia que possa se carregar ao longo das faixas. É um excelente trabalho e que apesar da sua atmosfera “triste”, transmite uma sensação de paz e tranquilidade enquanto, ao mesmo tempo, somos presenteados com um trabalho de guitarras de alta qualidade.
9/10
Fernando Ferreira
Rituals Of The Dead Hand – “With Hoof And Horn”
2021 – Dunkelheit Produktionen
Regresso destes belgas Rituals Of The Dead Hand que causaram algum burburinho na cena com o seu álbum de estreia. “With Hoof And Horn” demonstra que é um sucessor à altura. A primeira coisa que se sente que está a um nível elevadíssimo é o ambiente criado. Unir o doom ao black metal não é apenas gritar Satanás em câmara lenta. É conseguir criar todo um ambiente que se quer claustrofóbico e, de certa forma, único. Algo atingido aqui e que faz com que este não seja um trabalho fácil de ouvir e interiorizar, já que o desespero lúgubre e sinistro é mais que palpável. E arrepiante – aquelas gritos de harpia na “Inception” parece que nos rasgam a alma.
8.5/10
Fernando Ferreira
Black Sigma – “Lost”
2021 – Edição de Autor
Estreia discográfica nos álbuns dos Black Sigma, ou melhor de Black Sigma, uma one-man belga que tem como seu estratega Occulta. Apesar do rótulo desajustado do Metal Archives, que coloca o projecto como black metal atmosférico, o que se tem aqui é uma mistura entre death e doom metal melódico e melancólico, com aquele cheirinho maravilhoso à década de noventa. O som e produção são modernos e nota-se falta do toque orgânico sobretudo no som da bateria, mas no geral a qualidade é bastante elevada, sobretudo ao nível da composição, uma atmosfera bem conseguida onde a melancolia é obviamente uma arma essencial para cativar. Algo que consegue fazer facilmente com um impacto crescente a cada audição. É um belo início de carreira, que promete bastante para o seu futuro.
8.5/10
Fernando Ferreira
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Discarded Self – “Discarded Self”
2021 – Sarcophagus Recordings
Estreia crua dos Discarded Self. Crua e intensa. Poderá não impressionar em termos estéticos – a produção é crua em muitos sentidos – mas há um certo charme que se instala em pouco tempo. Para já os temas em si tem um tom de progressão sem que lhes possamos chamar como algo progressivo. Conseguem prender a atenção aos poucos, quase a nível subliminar. Depois é orgânico. Quando se houve tanta música límpida de uma forma quase irreal, é boms sentir que estamos perante uma banda que se fechou numa sala, fez barulho e alguém gravou. Não terá sido assim, tenho noção, mas sendo essa a impressão que fica, não deixa de ser positvo. Depois musicalmente, juntam black/sludge e doom todo no mesmo espaço de forma refrescante. Não entra bem, mas quem for ficando de pé perante ele, não se vai arrepender.
8/10
Fernando Ferreira
Stitchfork – “Live Lies Truth Dies”
2020 – WormHoleDeath
Os Stichfork têm um grande impacto para quem gosta de groove. Este groove alia-se muito a um espírito groove southern, um espírito saudado por muitos tanto quanto odiado, que os Corrosion Of Conformity exploraram, que os Metallica acharam interessante explorar por dois álbuns e que os Godsmack convencionaram massificar para o resto do mundo, com muitas bandas a explorar. Esse groove sulista é eficaz quando vem riffs de considerável calibre e nesse ponto, não parecem haver problemas. Bons riffs e uma boa voz para o estilo que poderão fazer deste EP genérico dentro daquilo que se propõe a apresentar mas que não deixa de ser interessante.
8/10
Fernando Ferreira
Mezereum – “Mezereum II”
2021 – Edição de Autor
Segundo álbum deste projecto da Lituânia que nos traz uma sonoridade apática do black metal. Talvez a sonoridade não seja apática mas definitivamente que convida o ouvinte à apatia. Em relação à estreia parece que há um amadurecimento de identidade mas isso não se traduz num álbum que se ouça facilmente. Aliás, a toada mais doom é o grande destaque pelo positivo e pelo negativo. Há uma linearidade que favorece o tal estabelecimento de identidade mas por outro lado o entusiasmo pela música torna-se difícil de se manter. Tal como quando se está bastante cansado e passamos pelas brasas enquanto estamos a ver um filme. Acordamos quando há um estrondo, um grito ou algo fora do normal. São esses os momentos que depois retemos. Momentos como épico final “Erstwhile”.
6.5/10
Fernando Ferreira
Hagel – “Veneration Of The Black Light”
2021 – Personal Records
Esta é uma estreia interessange. Os Hagel surgem do México e trazem-nos uma mistura entre o black metal melódico tal como era sentido na década de noventa em Portugal, por exemplo, principalmente no início (ou seja com o death metal a fazer grande parte da identidade também) e os andamentos compassados do doom. Não é uma mistura fácil de fazer, com todos estes elementos e principalmente nos dias de hoje, onde corre muito o risco de soar datado. Que é precisamente que o acontece neste caso, com as músicas a não terem o punch necessário para impressionar de uma maneira duradoura – “Pergamum” é capaz de ser a grande excepção deste álbum. Para os mais saudosos, poderão encontrar aqui pontos de interesse.
6/10
Fernando Ferreira